Conduzir bêbado? No Sri Lanka, nem carros nem elefantes

A nova lei proíbe a condução de elefantes sob a influência de álcool e pretende proteger os animais de maus tratos. Os elefantes bebés até dois anos também deixam de poder ser usados para trabalhar.

Já todos estamos sensibilizados para os perigos da condução sob a influência do álcool, que afecta o funcionamento normal dos músculos, reduz o tempo de reacção e piora a nossa visão. Mas estes perigos não se limitam a quem conduz carros – e o Sri Lanka que o diga.

O país asiático está a avançar com a proibição da condução de elefantes – sim, elefantes – sob o efeito de álcool. A lei vem para proteger os animais da exploração que sofrem por serem uma atracção turística, isto depois de relatos de acidentes, maus tratos ou até mortes de elefantes, escreve a Vice.

Pelos vistos, é bastante comum as pessoas fazerem passeios a conduzir elefantes com alguns copos a mais ou então sob a influência de drogas e a nova lei vem acabar com este hábito.

Sagarika Rajakarunanayake, activista pelos direitos dos animais e presidente do grupo Amigos dos Animais no Sri Lanka, já tinha falado sobre quão comum é os condutores de elefantes estarem bêbados. “É do conhecimento comum que os mahouts (condutores de elefantes) bebem álcool o tempo todo”, escreveu numa coluna num jornal.

A activista referiu também que muitos organizadores deixam os condutores beber porque acreditam que só assim conseguem lidar com animais desobedientes. “Ironicamente, é a bebedeira dos mahouts e a sua brutalidade com os elefantes que causa muito do comportamento violento destes animais”, afirma.

No Sri Lanka, é também um símbolo de riqueza ter um elefante como animal de estimação. Matar um é punido com a pena de morte e capturar um selvagem também é crime. Os números oficiais mostram que há cerca de 200 elefantes domesticados no país, com a população selvagem estimada em 7500. Todos os donos terão agora de ter um cartão de identidade com fotografia e um carimbo do ADN dos animais.

A nova lei também proíbe o trabalho de elefantes bebés com menos de dois anos. Cada animal terá uma identidade biométrica e o uso turístico será limitado – o máximo de pessoas sentadas em cada elefante é quatro e é exigida uma cela bem almofadada.

O uso de elefantes em filmes também é banido, excepto para produções governamentais com supervisão veterinária. O trabalho dos animais também será limitado a quatro horas por dia e o trabalho noturno está agora proibido.

Estas medidas surgem no âmbito de tentativas do governo de proteger esta espécie ameaçada, isto depois de em 2019 se terem registado 361 mortes de elefantes no país – um valor recorde. O tráfico ilegal das crias também continua a ser comum no Sri Lanka, com cada a uma a custar até 170 mil dólares.

AP, ZAP //



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