Guia de Norte a Sul para um Carnaval à portuguesa

maique martens / Flickr

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De Norte a Sul, dos Açores à Madeira, ultimam-se máscaras e carros alegóricos para saírem à rua em mais uma época carnavalesca feita de animação e sátira política, mas onde o Governo “decreta” que se continue a trabalhar.

Em Loulé, o corso sairá à rua no sábado, domingo e terça-feira, com o tema “Único e Irrevogável” – inspirado na demissão “irrevogável” do ministro Paulo Portas, no verão passado. Os bonecos que vão animar as ruas da cidade algarvia são, na sua maioria, inspirados em políticos como Cavaco Silva, José Sócrates ou Passos Coelho.

Se os dias de Carnaval prometem ser gordos, o investimento em Loulé está a emagrecer: 150 mil euros este ano, menos 10% a 15% do que em 2013.

No Alentejo, os desfiles em Elvas contam com o atrativo da participação, no sábado, de grupos de comparsas espanholas, que prometem conquistar milhares de visitantes.

Em Torres Vedras, onde o Carnaval reivindica o título do “mais português de Portugal”, a cidade está a postos para viver até quarta-feira sob o poder absoluto dos reis, uma vez que a partir de sexta-feira o presidente da Câmara entrega as chaves da cidade a suas majestades (dois homens da terra).

Neste reino, “que não é da fantasia”, os corsos diurnos de domingo e de terça-feira e os noturnos de sábado e segunda-feira continuam a ser pagos, custando a entrada cinco euros ou o livre-trânsito para todos os dias dez euros. O tema é “o mundo da televisão” e arranca na sexta-feira, com o corso escolar animado por nove mil crianças.

Mais a norte, os foliões de Estarreja anteciparam-se e já desfilaram no passado domingo com mais de mil figurantes das cinco escolas de samba, oito grupos de folia e um grupo de passerelle. O cortejo repete-se no domingo gordo e, na terça-feira, sai à rua o corso infantil.

Carnaval de Ovar

Em Ovar, pela primeira vez em 64 anos de organização do Entrudo, os desfiles foram preparados na Aldeia do Carnaval, onde se concentram as 24 sedes dos grupos e escolas de samba vareiros.

A festa já decorre desde há cerca de um mês, mas começa agora o crescendo até à Noite Mágica de segunda-feira. Hoje há a tradicional Noite Dominó, com a atuação de Quim Barreiros, sexta-feira há a Grande Noite de Reis, protagonizada pelo grupo Axu Mal e, no sábado à noite, realiza-se o Grande Desfile das Escolas de Samba.

No domingo há o primeiro dos grandes corsos, para o qual estão disponíveis cerca de quatro mil lugares de bancada e outros tantos de peão, a preços entre os seis e os 13 euros e, para a terça-feira, a tolerância de ponto já há muito foi garantida pela Câmara, num exemplo replicado pela generalidade das instituições e empresas do concelho.

A Escola de Samba de Ovar promete, ainda, contribuir para animar o Carnaval de Samora Correia, no concelho de Benavente, que conta com 12 carros alegóricos e mais de meio milhar de figurantes.

Dora Coutinho, presidente da Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora, disse que o corso se distingue pelo facto de ser gratuito e ser deixada à criatividade dos participantes a escolha dos temas, pelo que cada carro alegórico retrata uma temática.

Tradição à portuguesa

No concelho de Carregal do Sal, a tradição carnavalesca da “dança dos cus” vai mais um ano cumprir-se nas ruas de Cabanas de Viriato, onde são esperadas cerca de 15 mil pessoas.

Em Cabanas de Viriato, os foliões não dançam ao som do samba brasileiro, mas sim de uma valsa secular que todos os anos leva milhares de pessoas para as ruas.

Os caretos, máscaras tradicionais esculpidas em madeira de amieiro, voltam a invadir as pequenas ruelas da vila de Lazarim, no concelho de Lamego, para comemorar o Carnaval.

Diabólicas, carrancudas, com orelhas bicudas, barbas, bigodes ou cornos e até a imitar animais, as máscaras esculpidas por artesãos locais mostram-se a partir de sábado aos milhares de visitantes que todos os anos se deslocam à vila.

Rosino / Flickr

Caretos no Carnaval de Podence, em Macedo de Cavaleiros

Caretos no Carnaval de Podence, em Macedo de Cavaleiros

O presidente da Junta de Freguesia de Lazarim, Adérito Sequeira Vaz, disse que os festejos custarão cerca de 13 mil euros. “A crise bate à porta de todos. Estamos a contar que a Câmara nos dê novamente um subsídio de cinco mil euros e a ver se nos paga alguma publicidade”, explicou.

No distrito de Bragança, o Entrudo Chocalheiro dos Caretos vai proporcionar quatro dias de folia e tolerância de ponto em Macedo de Cavaleiros.

Os mascarados e coloridos Caretos são os reis da festa durante quatro dias e já chamam a Podence, aldeia de Macedo de Cavaleiros, forasteiros de vários pontos do país e da vizinha Espanha com as “unidades hoteleiras do concelho praticamente esgotadas”, segundo a autarquia local.

Folia nas ilhas

A Madeira aposta sobretudo em atrair turistas à ilha e a ocupação hoteleira prevista para o período de Carnaval ronda os 70%. O ponto alto do Carnaval é o cortejo alegórico de sábado, que tem este ano como tema “Madeira, Carnaval Brilhante”.

Na ilha de S. Miguel, nos Açores, reinam os tradicionais bailes de gala no Coliseu e noutros locais, de máscaras e fantasias, com milhares de pessoas a manterem a tradição.

Na sexta-feira, o Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada, volta a abrir portas para os grandes bailes de carnaval, uma tradição que remonta a 1920 e que já integra o cartaz cultural e turístico da maior cidade açoriana.

Apesar de boa parte do país “brincar ao Carnaval nestes dias” e de muitas câmaras municipais darem tolerância de ponto, o Governo mantém outra tradição: “não conceder tolerância de ponto no Carnaval, atendendo à situação económica do país”.

/Lusa

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