Segunda-feira, Junho 2, 2025

A “Igreja no céu” é a mais inacessível do mundo, escondida numa falésia a 400 metros de altura

ZAP // David Samuel Santos / Flickr; mathes / DepositPhotos; Evan Williams / Wikimedia Commons

Onde os crentes estão mais perto de Deus, a até 400 metros de altura, só chega quem tem mais fé. Cair seria morrer, “mas o caminho é abençoado”.

Num dos primeiros bastiões do cristianismo do mundo, a fé é posta à prova na mente, mas especialmente no corpo.

O rei Ezana de Axum foi o primeiro rei a abraçar o cristianismo na Etiópia, há mais de 1500 anos. Hoje, a ortodoxia vive o mais perto de Deus possível, nos locais mais improváveis — e mais inacessíveis do mundo para rezar.

Entre mais de uma centena de igrejas “embutidas” na rocha do norte etíope, nas montanhas Gheralta, em Tigray, só uma exige escalar uma falésia de entre 300 e 400 metros de altura desde a base da montanha.

Falamos de Abuna Yemata Guh, considerado o local de culto mais inacessível do mundo e um dos mais antigos da religião cristã.

A 2.580 metros acima do nível do mar, é possível que estas igrejas tenham sido “escondidas” nas montanhas para escapar ao vandalismo islâmico da qual também são vítimas, apesar de a perseguição também ser comum por parte das autoridades e ortodoxos contra católicos e evangélicos, não dominantes no país.

Mas estas igrejas não ficam a milhares de metros acima do mar só por causa de guerras inter-religiosas. É também uma questão de sadismo, como manda a Bíblia: ao sítio onde os crentes se sentem mais perto de Deus, só chega quem tem mais fé.

Aquela igreja ortodoxa tem mais de mil anos e ainda hoje faz lá missas. E é verdade que nem todos estão à altura do desafio de ir assistir às mesmas: a jornada é, como se costuma dizer por cá, “imprópria para cardíacos”.

A chegada ao local depende de uma caminhada de duas horas, geralmente feita descalço — uma questão de respeito.

Na fase final do caminho, não se pode olhar para baixo: cair seria morrer em qualquer outro passeio estreito e inclinado como aquele, mas aqui “o caminho é abençoado”, disse o padre Assefa, que faz o caminho todos os dias há mais de 50 anos, ao The Washington Post, que esteve no local em 2019.

Além dos homens, mulheres grávidas, bebés e idosos fazem a caminhada até lá para ir à missa. Apesar do perigo, “nunca morreu ninguém. O nosso santo padroeiro salva aqueles que caem com o seu vento e eles são devolvidos à saliência a meio do caminho”, diz com toda a certeza o padre, cujos pai e avô já eram também líderes religiosos em Abuna Yemata Guh.

“Ninguém caiu até agora graças à proteção dos nove santos que moram nestas montanhas e acompanham os padres pelo caminho”, confirma o padre Haylesilassie Kahsay, que faz a mesma caminhada todos os dias, à BBC.

Kahsay referia-se ao grupo de nove missionários do século V que levou o cristianismo ao que é hoje a Etiópia. Vieram da Síria, embora haja historiadores que defendem que vieram de Constantinopla ou Roma. Abuna Yemata era um dos Nove, e acredita-se que foi ele quem escolheu, algures no século V ou VI, o pico de Guh, que como um dedo aponta para o céu, para fundar e esculpir a igreja que ficou até hoje o seu nome.

Ir até ao seu encontro “é muito difícil, mas é possível”, garante o padre: “não tenho medo”. Sem sapatos ou cordas, chega à Igreja bem cedo e passa o dia a ler livros antigos — até porque “não há ninguém com quem conversar” naquele local sagrado encravado numa rocha, no meio do nada.

Já na Igreja, acima do piso alcatifado, as pinturas espalham-se pelo teto. “Parecem pertencer à segunda metade do século XV”, segundo um estudo de 2016 que se baseia no tema, estilo e iconografia observados no local.

Foram feitas com gordura animal e outros pigmentos naturais sobre o arenito. Retratam as personagens da Bíblia e contam as suas histórias. Estão também em perfeita condição: foram preservadas ao longo de centenas de anos graças ao clima árido, seco da região.

Entre as rochas, pelo caminho, ossadas de gerações de padres deitam-se à vista de todos.

A cúpula remonta ao século VI. Sinos, feitos de pedra, são tocados todos os dias e ecoam pelo campo fora. Ao pôr do sol, o padre tranca com um humilde cadeado a porta da Igreja Ortodoxa Etíope Tewahedo, que fez parte da Igreja Ortodoxa Copta, até 1959. Depois, são duas horas de caminhada de regresso a casa.

“Fico feliz a ler o meu livro o dia inteiro. Comunica-se com Deus e partilha-se os segredos com Ele. A mente fica livre e feliz”, confessa Kashay à BBC.

“Quando venho aqui, perco tudo. Sinto-me livre. Não é como nenhum outro lugar. É um lugar especial”, diz o filho do padre, Atsbha, citado pelo blogger Joey Tyson na revista Suitcase.

Tomás Guimarães, ZAP //



Zakynthos tem 150 turistas por habitante. Os locais estão a ver-se gregos

dronepicr / Wikimedia

Zakynthos, Grécia

Relatório destaca ilha grega e sugere que destinos pequenos da Europa também estão a suportar o peso do turismo de massas.

O denominado turismo de massas é quase sempre associado a grandes movimentações de turistas que enchem grandes cidades, ou pontos turísticos muito conhecidos e muito frequentados.

No entanto, o relatório mais recente da Which? Travel sugere que destinos pequenos da Europa também estão a suportar o peso do turismo de massas.

turistas a evitar multidões, que depois criam confusão invulgar em locais de Bulgária, Polónia e Itália – para fugir ao caos de Veneza, Barcelona ou Amesterdão.

Com base em dados da Comissão Europeia, o estudo analisou o total de dormidas, a densidade de turistas por quilómetro quadrado e o número de turistas por residente.

Foi precisamente o número de turistas por residente que destacou uma ilha na Grécia: Zakynthos. Esta estância paradisíaca, com zonas selvagens e muito por descobrir, tem um rácio impressionante de 150 turistas para cada habitante local.

O canal Euronews destaca que o alojamento fica mais caro, há danos ambientais e uma pressão sobre as infra-estruturas locais durante os períodos de ponta, neste recanto grego.

Está a tornar-se mais difícil para os residentes viverem confortavelmente aqui durante todo o ano”, comentou um habitante de Zakynthos.

Isto porque “as rendas aumentaram, o trânsito é constante no verão e os serviços estão sobrecarregados. O turismo é bem-vindo, mas o volume tem de ser gerido”, acrescentou.

A seguir a este local grego ficou Ístria, na Croácia (133 turistas por cada habitante) – e mesmo assim ainda se diz que é o “segredo mais bem guardado” da Croácia.

No terceiro posto ficou Fuerteventura, nas Ilhas Canárias (Espanha), com 120 turistas por cada cidadão local.

Em relação à maior densidade de turistas no total, Paris lidera com quase 420 mil visitantes por km2, bem longe de Atenas (quase 90 mil) e Copenhaga (mais de 60 mil), que completam o pódio.

No outro extremo, os locais que têm o rácio mais baixo de dormidas por habitante são Targovishte (Bulgária), Rybnik (Polónia) e Benevento (Itália).

O destino turístico com menos visitantes por quilómetro quadrado é Jan Mayen, na Noruega, com… zero turistas. É que é preciso ter uma autorização especial para visitar esta ilha no Círculo Polar Ártico.

ZAP //



Eco-turismo em destinos de jogo: Grandes resorts de casinos promovem práticas ecológicas para um turismo sustentável

A indústria do casino tem sido tradicionalmente associada a cidades iluminadas por néon, casinos extravagantes e centros de entretenimento urbano movimentados.

No entanto, uma tendência crescente está a remodelar a forma como os jogadores experienciam o jogo – estâncias de eco-casinos que combinam o turismo sustentável com a emoção do jogo.

Estes destinos oferecem um equilíbrio entre entretenimento de casino topo de gama e paisagens naturais de cortar a respiração, criando uma experiência de jogo única e ambientalmente consciente.

Resorts de Casinos Sustentáveis: Um passo em direção a um turismo mais ecológico

No mundo digital, muitas empresas têm optado por soluções por uma pegada digital mais sustentável, algo que temos visto no site especialista melhorescasinosonline.com.

Quando vamos para o físico e em resposta às preocupações ambientais, vários casinos e resorts começaram a implementar tecnologias ecológicas para reduzir a sua pegada de carbono. Vejamos alguns exemplos:

  • Iluminação energeticamente eficiente;
  • Sistemas de reciclagem de água;
  • Edifícios com certificação LEED que minimizam o consumo de energia.

Alguns estabelecimentos de jogos investigam efetivamente o uso de energia solar e hidrogénio como opções às fontes convencionais de eletricidade. Com a implementação dessas inovações, o setor de jogos começa a harmonizar-se com os conceitos de crescimento urbano sustentável.

Casinos de luxo em ambientes naturais

Diferentemente dos casinos tradicionais que se encontram em áreas urbanas, os eco-casinos costumam estar localizados em regiões tranquilas, como florestas tropicais, escapadas nas montanhas ou à beira-mar.

Estes lugares integram-se de forma harmoniosa ao seu entorno, proporcionando aos visitantes a oportunidade de jogar em ambientes que combinam luxo e consciência ecológica.

Por exemplo, certas propriedades de alto padrão na Costa Rica e nas Caraíbas permitem que os hóspedes experimentem jogos de póquer, blackjack e roleta de renome mundial, enquanto contemplam vistas de praias paradisíacas ou florestas exuberantes.

A atmosfera afasta-se do habitual salão de casino – amplas janelas trazem luz natural, as mesas de jogo são construídas com madeira reciclada e as varandas externas substituem as habituais salas de jogo internas.

Benefícios económicos vs impacto ambiental

O turismo dos casinos desempenha um papel fundamental em:

  • Dinamização das economias locais;
  • Criação de emprego;
  • Atração de visitantes internacionais.

No entanto, este setor também gera resíduos e consumo de energia significativos. Muitas cidades aplicam atualmente políticas ambientais rigorosas, exigindo que os casinos compensem o seu impacto ecológico mediante investimentos ecológicos.

Estes passam por financiamento de transportes públicos ou projetos de reflorestação. Em algumas regiões, os impostos dos casinos contribuem diretamente para iniciativas de sustentabilidade, assegurando que os benefícios económicos do jogo apoiam objetivos ambientais mais amplos.

Encontrar o equilíbrio certo entre rentabilidade e sustentabilidade continua a ser um desafio fundamental para as cidades que dependem do turismo dos casinos.

Jogo responsável e casinos amigos do ambiente

A sustentabilidade no jogo vai para além das preocupações ambientais – estende-se também ao jogo responsável. Muitos destes casinos ecológicos promovem práticas de jogo éticas, assegurando que os seus visitantes possam desfrutar do jogo como parte de uma experiência de entretenimento o mais bem equilibrada possível.

Várias destas estâncias implementam ações como:

  • Incorporam sistemas de monitorização baseados em IA para evitar problemas com o jogo;
  • Oferecem opções de autoexclusão;
  • Têm recursos educativos sobre o jogo responsável.

Ao apoiar esta prática de jogo e o bem-estar dos jogadores, estes casinos pretendem criar um ambiente de jogo sustentável e agradável para todos os visitantes.

Como a indústria do jogo apoia os esforços de conservação

Algumas estâncias de eco-casinos vão além da sustentabilidade, apoiando ativamente iniciativas de conservação. Uma parte das suas receitas é atribuída a:

  • Programas de proteção da vida selvagem;
  • Projetos de restauração florestal;
  • Esforços de conservação marinha.

Esta abordagem assegura que o jogo contribui positivamente para o ambiente em vez de o prejudicar.

Por exemplo, algumas estâncias doam uma percentagem dos lucros do casino para financiar iniciativas de combate à caça furtiva, proteger espécies em vias de extinção ou apoiar as comunidades locais envolvidas no ecoturismo. Este modelo não só proporciona uma experiência de viagem envolvente, como também garante que os visitantes deixam um impacto positivo nos locais que visitam.

Mobilidade verde e planeamento urbano sustentável

Uma forma das cidades tornarem o turismo de casino mais sustentável é investir em soluções de mobilidade ecológica.

Muitos centros de jogo estão a tomar diversas medidas:

  • Integrar autocarros elétricos;
  • Programas de partilha de bicicletas
  • Infraestruturas amigas dos cidadãos, para reduzir as emissões de carbono;

Além disso, alguns resorts estão a redesenhar os seus layouts para dar prioridade a opções de transporte ecológicas para os visitantes. As tecnologias de cidades inteligentes, como os sistemas de gestão de energia alimentados por IA e os programas de redução de resíduos, melhoram ainda mais a sustentabilidade dos destinos urbanos de jogo.

A chave é incorporar políticas ambientalmente responsáveis do Europarl que complementem o entusiasmo e o crescimento económico impulsionados pela indústria dos casinos.

O futuro do turismo de casino nas cidades verdes

À medida que a sustentabilidade urbana e a indústria do jogo evoluem, a sua coexistência vai depender da inovação e do planeamento responsável.

As cidades que integram com sucesso o turismo de casino com iniciativas ecológicas servirão de modelo para futuros desenvolvimentos, demonstrando que o entretenimento e a responsabilidade ambiental podem andar de mãos dadas.

Com os avanços nas energias renováveis, as alternativas de jogo digital e o planeamento urbano consciente do ambiente, o futuro do turismo de casino nas cidades verdes parece promissor. A chave será a colaboração contínua entre os líderes da indústria, os governos e os planeadores urbanos para criar uma experiência de jogo sustentável, rentável e amiga do ambiente.

A união entre sustentabilidade e entretenimento está a transformar o setor dos casinos. Os eco-resorts provam que é possível oferecer experiências de jogo de excelência com consciência ambiental.

aeiou //



Eslovénia, o país que se visita numa semana e que pode tornar-se rei do turismo

janoka82 / DepositPhotos

Lago Bled, Eslovénia

Com 20% do tamanho de Portugal, um pequeno país da Europa Central está pouco a pouco a emergir como um dos principais destinos turísticos da Europa.

Dizem que a Eslovénia, situada entre Itália, a Áustria, a Hungria e a Croácia, pode ser visitada numa semana. Mas essa pode ser a melhor semana da sua vida.

Há de tudo naqueles 20 mil quilómetros quadrados, desde montanhas, lagos, cavernas e um litoral apetitoso.

Aventuras nos Alpes, em todas as estações

No coração do encanto natural do país estão as suas imponentes cadeias montanhosas: os Alpes Julianos, os Alpes Kamnik-Savinja e os Karawanks.  Os Alpes Julianos, em particular, são famosos pelos seus picos dramáticos, lagos glaciares e rios turquesa que compõem as icónicas paisagens.

Quem gosta de atividades ao ar livre encontra diversão durante todo o ano, de esqui e snowboard no inverno a longas e lindas caminhadas nos meses mais quentes. Bled é destaque para muitos turistas, onde um passeio de gôndola leva à Ilha principal, lar da histórica Igreja da Assunção e sua lendária escadaria de 99 degraus. Nas proximidades, o Castelo de Bled, do século XII, oferece as melhores vistas panorâmicas e uma grande coleção de artefactos medievais.

Para os amantes de caminhadas, o país começa a ser o destino preferido de muitos. O Parque Nacional Triglav, o único parque nacional do país, oferece trilhos para todos os níveis de dificuldade, e promete encontros com animais selvagens alpinos, como o íbex e águias douradas. O Monte Triglav, o pico mais alto da Eslovénia, com 2.864 metros, é recomendado apenas para alpinistas experientes.

Costa pequena, mas vale a pena

Embora a Eslovénia tenha apenas 48 quilómetros de costa, as cidades adriáticas de Koper, Izola e Piran oferecem as praias de Izola, a arquitetura veneziana e as ruelas encantadoras de Piran e a atmosfera animada de Koper, recomenda o The Week.

Para quem procura uma experiência mais tranquila, a vizinha Península da Ístria dá relaxamento à beira-mar, festas de marisco e até uma caça às trufas.

Vinhedos com séculos de tradição

A tradição vinícola da Eslovénia é bem antiga, com três regiões principais — Primorska, Posavje e Podravje — localizadas a menos de duas horas da capital, Liubliana.

Podravje, a maior delas, é a casa da videira mais antiga do mundo, em Maribor, que produz frutos há mais de 400 anos e sobreviveu a doenças e guerras. Com 45 700 hectares de vinhas, o país oferece uma vasta gama de vinhos, desde espumantes e rosés a tintos robustos e brancos mais delicados.

Os visitantes são incentivados a parar em salas de degustação e propriedades históricas como o Castelo Rajhenburg, onde se produz vinho espumante desde o século XIX graças aos esforços dos monges.

Um país das maravilhas subterrâneo

Sob a superfície da Eslovénia há um mundo totalmente diferente. A topografia cárstica do país produziu mais de 14.000 cavernas, sendo as mais famosas as Cavernas de Škocjan, listadas pela UNESCO.

Visitas guiadas levam às profundezas do sistema de cavernas, com destaques como a Ponte Cerkvenik, que atravessa o rio Reka.

Cascatas e rios azul-turquesa

A Eslovénia também tem inúmeras cascatas, muitas delas escondidas em florestas ou mesmo dentro de cavernas. A Cascata Kozjak, escondida ao longo do rio Soca, de cor esmeralda, é um local particularmente encantador, acessível através de uma curta caminhada a partir da Ponte Napoleão. O próprio rio é um centro de atividades de verão, desde caminhadas até rafting.

ZAP //



Espanha aperta o cerco ao Airbnb e manda apagar 66 mil anúncios de alojamento

Serguii.kl.ua / Depositphotos

O ministério espanhol dos Direitos do Consumidor anunciou nesta segunda feira que ordenou ao serviço online, Airbnb, que elimine da sua plataforma cerca de 66 mil anúncios de alojamento para férias, por violação de regras.

Muitos dos 65935 anúncios presentes no serviço foram retirados por não incluir o número de licença nem especificar se o proprietário era um indivíduo ou uma empresa, informou o ministério.

Segundo a AP News, no final do ano passado, foi emitida uma primeira ordem de remoção, que afetou 5.800 anúncios por toda a Espanha.

O Airbnb recorreu da medida para o Tribunal Superior de Justiça de Madrid, que deu razão ao ministério — o que torna a sua decisão final.

Segundo um relatório realizado pela Câmara Municipal de Madrid, existiam cerca de 15.200 alugueres turísticos ilegais na cidade, uma das maiores concentrações dos mesmos no país.

Na sua defesa, a Airbnb afirma que o ministério não deveria estar autorizado a tomar decisões que envolvessem estadias de curta duração e que recorreu a uma metodologia “indiscriminada”, de modo a incluir arrendamentos que não precisam de licença — que é obrigatória apenas em algumas regiões do país.

Os críticos do turismo excessivo denunciam principalmente o seu efeito nos preços da habitação — as rendas aumentaram 68% na última década, segundo a câmara de Barcelona — mas também as consequências nefastas do turismo no comércio local, no ambiente e condições de trabalho dos trabalhadores locais.

O país encontra-se num momento de crise de acesso à habitação, o que levou o governo a tomar medidas contra as empresas de alojamento turístico.

Nos últimos meses, milhares de espanhóis saíram à rua para protestar contra o aumento dos custos de habitação e alojamento, que muitos acreditam ter sido impulsionado pelos alojamentos de férias através de plataformas como o Airbnb.

“Chega de proteger os que fazem do direito à habitação um negócio“, declarou o  ministro dos Direitos Sociais, Pablo Bustinduy, aos jornalistas.

Segundo o governo espanhol, as propriedades afetadas estão localizadas por toda a Espanha, com destaque para a Madrid, regiões da Andaluzia e da Catalunha, cuja capital é Barcelona.

Como forma de proteger a oferta de habitação para residentes, Barcelona anunciou um plano que visa fechar todos os 10.000 apartamentos licenciados para alojamento de curta duração até 2028.

José Costa, ZAP //



A farmácia mais popular do mundo é a do Vaticano. Pomada para hemorroidas é o que mais vende

Farmacia Vaticana

A única farmácia do país mais pequeno do mundo é possivelmente a mais visitada do planeta. A sua história recua a 1277.

Populares entre crentes e não crentes, a Capela Sistina e a Basílica de São Pedro são o fascínio de qualquer turista de visita à Cidade do Vaticano. Mas algures nas sombras do Estado eclesiástico está a farmácia mais visitada do mundo, a única farmácia do país mais pequeno do mundo.

Em 2008 era visitada por mais de 2.000 pessoas por dia, dizia o diretor da Farmácia Joseph Kattackal, numa altura em que a farmácia duplicou o tamanho.

Gerida por mais de cinquenta funcionários, a Farmácia do Vaticano processava cerca de 10.000 envios por correio todos os dias e atendia uma clientela que inclui residentes, clérigos e cidadãos italianos que procuram medicamentos raros ou com desconto.

Foi formalmente fundada em 1874, mas as suas raízes vão ainda mais longe: remetem a 1277, quando o Papa Nicolau III criou o primeiro serviço de saúde para a Corte Papal. Mas a sua encarnação moderna surgiu no contexto da Questão Romana, uma disputa política do século XIX sobre a autoridade temporal do Papa após a unificação da Itália.

Após a queda dos Estados Pontifícios e a anexação de Roma em 1870, o Papa Pio IX e os seus sucessores recusaram-se a reconhecer o Estado italiano, e ficaram confinados dentro das muralhas do Vaticano. Terá durante este período de isolamento que o cardeal Giacomo Antonelli pediu a Eusebio Ludvig Fronmen — um monge da Ordem dos Irmãos Hospitalários de São João de Deus e farmacêutico-chefe do Hospital San Giovanni di Dio — que fornecesse medicamentos diretamente ao Vaticano.

Inicialmente concebido como um acordo temporário, Fronmen criou um dispensário permanente no território do Vaticano em 1892, gerido por membros da sua ordem religiosa.

A farmácia funcionou principalmente à noite até 1929, quando os Pactos de Latrão entre a Santa Sé e a Itália estabeleceram a Cidade do Vaticano como um Estado independente. Esta nova soberania permitiu um maior acesso ao público e levou à transferência da farmácia para Porta Sant’Anna, mais perto da entrada principal.

A mudança aumentou a sua visibilidade e popularidade, principalmente porque tinha em stock uma grande variedade de medicamentos difíceis de encontrar nas farmácias de Roma, muitas vezes prejudicadas por atrasos burocráticos.

O sucesso pediu mais uma mudança em 1931 para a sua sede atual no Palazzo Belvedere, logo atrás dos correios do Vaticano e em frente ao supermercado do Vaticano.

Hoje, a farmácia atende os pedidos dos quase 12.000 membros do Fundo de Assistência à Saúde do Vaticano, um sistema de saúde privado criado em 1958, mas os cidadãos italianos também podem acessar seus serviços com uma receita válida e um documento de identificação.

E muitos com certeza gostavam de o fazer com regularidade: não se pagam impostos na farmácia do Vaticano— os medicamentos são normalmente 11% a 25% mais baratos do que em outros lugares da Itália.

A farmácia também tem os seus próprios cremes, loções ou sabonetes. O Valium continua a ser o seu produto mais vendido, mas o produto mais procurado é “sem dúvida” o Hamolind, uma pomada para hemorroidas, confessa o agora ex-diretor da farmácia.

Não se vende tudo: como farmácia católica, a do Vaticano não vende contracetivos, medicamentos usados no tratamento da disfunção erétil nem outros produtos considerados contrários à doutrina da Igreja.

Atualmente a farmácia está aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h, e até às 13h aos sábados (fecha mais cedo, às 15h, durante os meses de verão). Os visitantes podem encontrá-la na Via della Posta 00120, Cidade do Vaticano, acessível pela Porta Angelica.

ZAP //



Cobrar pelo tempo que o cliente fica na mesa é a nova tendência em Espanha

Café cronometrado: num café de Barcelona, se quiser estar mais de uma hora a beber o mesmo café, tem de pagar 4 euros. Porque é que um café em Espanha encarece de acordo com o tempo que o cliente ocupa a mesa? É legal, mas…

Beber um café com calma ou trabalhar com o portátil num bar durante horas está a tornar-se complicado em cidades espanholas como Madrid ou Barcelona.

Alguns estabelecimentos estão a limitar o tempo que os clientes podem ocupar uma mesa e o preço de um café pode mesmo duplicar, consoante o tempo que a pessoa fica sentada.

Um bar em Barcelona, situado numa das zonas mais turísticas da cidade e perto da praia, informa os clientes de que um café no terraço custa 1,30 euros, mas se o tempo para o consumir ultrapassar os 30 minutos, o preço sobe para 2,50 euros. E, se a pessoa quiser passar mais de uma hora no Caffè Perfetto a saborear a mesma bebida e a ocupar uma mesa, terá de pagar 4 euros.

A publicação que mostrou a fotografia destas regras tornou-se viral no país. Há quem concorde e quem critique a norma imposta pela cafetaria.

“O pagamento baseado no tempo é o mesmo princípio dos parques de estacionamento, aplicado aos restaurantes”, defende um utilizador. Já outra utilizadora considera a situação um absurdo e questiona se o estabelecimento não tem vergonha de implementar tal medida.

O proprietário do bar defende-se e explica por que tomou essa decisão.

“Decidi colocar este aviso nas mesas para consciencializar. Uma pessoa não pode ficar muito tempo sem consumir, senão o negócio não é rentável”, disse Massimo numa entrevista ao jornal espanhol Diario.es.

Maria Moreno Albiol, autora da publicação polémica, disse à BBC News que Barcelona está a sofrer um processo de gentrificação e turistificação, com efeitos como este. “Somos nós, os moradores e trabalhadores do bairro, que sofremos as consequências.” A espanhola revela que costumava frequentar esta cafetaria, quando era um bar normal.

“Como agora a maioria dos estabelecimentos na zona da Barceloneta se transformaram em montras para os turistas, não volto mais a este bar. Não só pelo preço do café, mas porque muitos deles deixaram de ser acessíveis aos trabalhadores do bairro. Os preços são exorbitantes, tal como os da habitação na cidade”, lamenta.

Madrid e os portáteis

Por enquanto, em Madrid a situação ainda não é tão extrema, mas em bairros mais turísticos há vários estabelecimentos que limitam o tempo de permanência às mesas para clientes que usam computadores portáteis.

No bairro de Lavapiés, uma cafetaria colocou um pequeno aviso a informar que as mesas podem ser utilizadas com portátil durante duas horas, mas apenas de segunda a sexta-feira. Aos fins-de-semana, é proibido sentar-se com computador.

“Limitamos porque recebemos muitas pessoas e, se alguém fica horas sentado, perdemos clientes. Se o local está cheio e há pessoas à espera, infelizmente tenho de pedir a quem está há muito tempo que liberte a mesa, se não estiver a consumir”, explica uma das funcionárias do café, que prefere manter o anonimato.

De acordo com a Organização de Consumidores e Utilizadores da Catalunha (OCU), a prática de definir um tempo máximo de permanência ou um consumo mínimo nas mesas é legal, desde que essa limitação seja informada antes do cliente se sentar e o aviso esteja visível.

Na zona de Callao, num dos terraços mais conhecidos da capital, um aviso colado atrás do balcão de uma cafetaria informa que o uso de portáteis nas mesas é proibido.

“Um café aqui custa três euros. Se uma pessoa ficar duas horas sentada e só consumir um café, quanto é que ganhamos por dia? Não proibimos de forma rígida, desde que as pessoas não abusem. O trabalho remoto é bem visto pelas empresas, que não precisam de pagar renda de escritório para os seus funcionários, mas os restaurantes e bares também têm de sobreviver”, diz o gerente da cafetaria.

Embora a tendência dos cafés com tempo cronometrado esteja a ganhar força em Espanha, o conceito não é propriamente novo. Em Moscovo, o café Ziferblat já adota este modelo há 12 anos: os clientes não pagam pelas bebidas nem pela utilização do espaço, mas sim pelo tempo passado no interior: 3,5 rublos por minuto.

Segundo destino mais popular do mundo

Espanha bateu o seu recorde de visitantes no ano passado, ao receber quase 94 milhões de turistas estrangeiros.

Em 2025, os números continuam a subir: no primeiro trimestre deste ano, o país recebeu mais 5,7% de visitantes do que nos primeiros três meses de 2024, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística espanhol. O país ibérico é o segundo destino mais visitado do mundo, atrás apenas de França.

Jorge R. Fernández, proprietário do restaurante catalão Sifo, compreende o comportamento de alguns estabelecimentos que cobram mais pelo tempo de utilização das mesas.

“Isto está a acontecer em alguns locais que sofrem com o turismo em massa, o maior flagelo das grandes cidades atualmente. Não o vejo como um caso isolado, faz parte de um conjunto de decisões que o mercado acabou por adotar devido ao grande fluxo de turistas”, explica.

ZAP // BBC



 

Austrália: 5 coisas que não sabia sobre o país onde o dinheiro não é de papel e o Sol é o inimigo

ekays / Depositphotos

O Grande Camarão, na Austrália

Desde camarões gigantes a dinheiro cortado ao meio, vale tudo na Austrália — só não vale adormecer na estrada. Para tudo há uma divertida solução neste país de bizarros costumes.

A Austrália é casa de inúmeros seres vivos que constituem perigos terríveis à vida humana: cobras, tubarões e… o Sol. Sim, na Austrália o Sol parece ter vontade própria — a de castigar os humanos.

Mas a neve também adora aparecer, e há quem diga que neva mais na Austrália do que na Suíça. Este país tão distante tem muitas peculiaridades interessantes. Eis algumas.

Dinheiro de “plástico” que vale cortar a meio

A Austrália é a inventora e um dos 45 países do mundo que usa notas de polímero, fabricadas em polipropileno, uma resina sintética mais resistente que o papel que tradicionalmente se usa na Europa.

Para além disso, este método é mais seguro no que toca à deteção de falsificações, contendo materiais como plástico transparente, películas metálicas que reagem a diferentes ângulos de luz visível e compostos fluorescentes que tornam etas notas mais distintas.

Para além disso, segundo a Britannica, as notas de polímero, usadas na Austrália desde 1998, duram cerca de 2,5 vezes mais do que as notas feitas de papel.

Uma curiosidade sobre as notas australianas é que se rasgar uma de 10 dólares australianos ao meio, fica com o equivalente a duas de 5 — e o dinheiro continua válido. Mais: de acordo com o Reserve Bank da Austrália, se perder um décimo de uma nota de 10 dólares, continua a ter na sua posse 9 dólares.

Assim explica o site do banco: “Se faltar entre 20% a 80% da nota: O valor é pago proporcionalmente à percentagem restante, por exemplo, o valor de $5 para metade de uma nota de $10″.

A maior cerca do mundo

Existe uma espécie de “Grande Muralha da Austrália”. Trata-se de um cerca gigante — sim, uma cerca — feita de arame, com mais de 5600 km de extensão, ou seja, quase 6 vezes maior do que toda a linha costeira de Portugal continental.

De acordo com a ABC australiana, a cerca Dingo foi criada para proteger as ovelhas e outras espécies australianas dos dingos — uma raça de cão que ameaçava a pecuária.

Conclusão: há uma grande diferença entre os dois lados da cerca, com a “terra dos dingos” a conter mais diversidade e pequenos mamíferos. Esta cerca define mesmo o limite de vários estados e atravessa centenas de cidades.

Sol assassino

Na Austrália, o índice de raios UV emitidos pelo Sol é um dos mais altos do mundo. De acordo com o Cancer Council do país, este é o principal causador de cancro da pele na Austrália.

No verão, é provável que apanhe um escaldão apenas por passar uns breves 11 minutos ao Sol. E até no inverno deve usar sempre protetor solar: mesmo com nuvens e frio, a radiação pode ser elevadíssima.

Cansado? Resolva charadas

A Austrália é também conhecida por ter longas estradas, sem rotundas ou semáforos. Segundo uma reportagem do The Guardian, a fadiga e a distração contribuíram para 10% das 265 mortes nas estradas de Queensland em 2023.

Foi por isso que as autoridades locais decidiram arranjar uma forma criativa de contornar o problema: criaram as chamadas “Fadigue Zones”, ou “Zonas de Fadiga“.

Parece complexo, mas na verdade trata-se apenas de placas. Estas contém desde piadas a charadas ou perguntas de cultura geral para manter os condutores entretidos. Um exemplo: “qual é o animal mais rápido do mundo?”.

Narelle Haworth, um especialista em segurança rodoviária, disse ao The Guardian que “fazer a mesma coisa aborrecida sem grande estímulo leva à perda de atenção”, e é por isso que “a ideia das curiosidades à beira da estrada é tornar os condutores mais atentos… talvez um passageiro que inicie uma conversa saiba a resposta.”

“Coisas grandes” espalhadas por aí… sem contexto

Se passear pelas estradas australianas vai deparar-se com esculturas gigantes de… tudo e mais alguma coisa. São já imagem de marca no país, criadas inicialmente para atrair turistas para as regiões ao lado das estradas.

São mais de 150 espalhadas por todo o país, e existem estátuas gigantes de “coisas grandes” (como são apelidadas) tão diversas como uma garrafa de vinho, uma banana, um koala, uma batata, um banco de jardim, um camarão, um pinguim e várias frutas. Porquê? Porque os australianos têm um sentido de humor completamente nonsense — e os turistas adoram.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //



Revelados os 10 melhores e piores destinos turísticos do mundo em 2025

dronepicr / Flickr

Praia Isla Mujeres, México

Cancún, no México, surge no topo da lista dos destinos mais dececionantes. Já Guangzhou, na China, é a cidade que mais surpreende pela positiva. O relatório aponta ainda Lisboa como a cidade com pior relação qualidade-preço.

Um novo estudo global que examina a satisfação dos turistas em 100 das cidades mais visitadas do mundo revelou quais são os destinos que mais impressionam os visitantes, tanto pela positiva como pela negativa.

Denominado Paris Syndrome Report 2025, o relatório analisou mais de 97 000 avaliações mostra que Cancún, no México, ultrapassou os anteriores líderes para se tornar a cidade onde os turistas têm mais probabilidades de se sentirem desiludidos, com 14,2% das avaliações a expressarem deceção.

O termo “síndrome de Paris” refere-se a uma condição psicológica que afeta alguns viajantes quando a realidade de um destino — historicamente Paris — não corresponde às suas expectativas. Originalmente associada aos visitantes da capital francesa, a condição agora representa simbolicamente a desconexão entre expetativa e realidade em qualquer destino.

Cancún é o destino mais dececionante

Apesar da sua reputação de paraíso tropical, Cancún surgiu como a maior desilusão no estudo de 2025, com a maior proporção de críticas negativas (14,2%), com muitos a descrevê-la como uma “trapaça”. Os turistas criticaram especialmente os preços inflacionados e as experiências pouco satisfatórias.

A seguir a Cancún, Antalya, na Turquia, e Punta Cana, na República Dominicana, também se classificaram no topo da desilusão, com 12,2% e 11,9% de críticas negativas, respetivamente. Em Antalya, as praias sobrelotadas e os serviço de apoio ao cliente são os principais culpados, enquanto as más infraestruturas são uma das maiores críticas apontadas a Punta Cana.

Pequim surge a seguir (11,2%), com muitos problemas com barreiras linguísticas. Em quinto lugar aparece Orlando (10,6%), que já ficou no topo deste índice em 2022. A poluição é uma das principais queixas contra Bombaim (10%) e os preços demasiado elevados são o principal problema em Honolulu (9,9%).

Johor Bahru (9,4%), Quioto (9,1%) e Playa del Carmen (9%) pecam, respetivamente, pelo barulho, as filas enormes e os cheiros intensos dos esgotos.

Lisboa é a pior na relação qualidade-preço

O estudo também avaliou quais as cidades que deixaram os turistas com a sensação de terem sido enganados ou burlados.

Cancún, mais uma vez, liderou as queixas sobre ser enganado, com 0,6% das críticas a mencionar este problema, seguida de Antalya (0,3%). Já Lisboa encabeçou a lista de percepções de má relação qualidade/preço no que diz respeito às atrações turísticas mais populares.

Guangzhou é a maior surpresa pela positiva

Nem todas as cidades deixaram os viajantes desiludidos. Guangzhou, na China, encabeçou a lista das cidades que excederam as expectativas, com apenas 0,8% das críticas a conter linguagem negativa.

Lima, Mascate e Sapporo também tiveram um desempenho excecional, com um mínimo de insatisfação dos turistas.

Outras surpresas agradáveis incluíram Vilnius, Santiago, Tallinn, Shenzhen, Deli, Meca e Guilin, tendo todos estes destinos percentagens consistentemente baixas de comentários negativos.

No que diz respeito aos elogios, Istambul surge como cidade mais “bonita”, com mais de um terço das suas avaliações a utilizar a palavra. Entretanto, Dublin foi considerada a cidade mais “altamente recomendada” pelos turistas, seguida de perto por Edimburgo e Toronto.

Roma conquistou o título de cidade com mais atrações “imperdíveis”, de acordo com os visitantes, reforçando o seu estatuto de destino de eleição que está à altura das expectativas.

ZAP //



Os países menos visitados do mundo têm paisagens de tirar o fôlego

vkovalcik / Depositphotos

Castelo em Vaduz, no Liechtenstein

Ilhas no meio do Pacífico, pequenos territórios esquecidos na Ásia e até um lugar bem próximo de Portugal, ou um com língua oficial portuguesa. Porque não visitamos estes magníficos lugares repletos de cultura?

Se está farto de andar apertado em multidões, pagar o preço de uma diária por uma cerveja ou sentir-se “copiado” pelos seus amigos que visitam os mesmos lugares, devia voltar-se para o Pacífico. Pelos voos deverá pagar uma pequena fortuna, mas descanso e paisagens deslumbrantes são garantia.

De acordo com dados de janeiro de 2025 do World Population Review, os países menos visitados do mundo (fora aqueles de que nem temos números, como a Coreia do Norte ou vários países africanos), foram bem distantes de Portugal — à exceção de um.

Não estão em guerra, não são os mais pobres do mundo, não são pouco hospitaleiros. O que faz deles relíquias esquecidas? É difícil perceber, mas a acessibilidade (ou falta dela) pode ajudar.

Uma ilha esquecida aos rendilhados

O país menos visitado do mundo, com apenas 2 mil visitantes no ano passado, foi o Kiribati. Esta ilha no meio do Pacífico, pertencente à Oceania, tem apenas 131.000 habitantes, mas conta com fantásticos atóis, ameaçados pelas alterações climáticas, que estão a fazer subir o nível do mar.

As suas maravilhas naturais são património mundial da UNESCO, e contam com recifes de coral, raias manta e incríveis tubarões-baleia. Curiosamente, é o único país do mundo que reúne os quatro hemisférios no seu território.

 

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Tem uma das maiores áreas marinhas protegidas do mundo, e o seu formato é também muito peculiar: é um país “rendilhado” por pequenos lagos, que formam ilhas como a Natal. As cidades também têm nomes divertidos, como Banana, Paris ou Londres. As paisagens são deslumbrantes, com praias de areia branca e água translúcida.

Este país, antes da pandemia, chegou a ter 12 mil visitantes por ano, mas o turismo de Kiribati nunca mais recuperou. Difícil é viajar para lá: só deverá conseguir fazê-lo através de outras ilhas do Pacífico, como as Ilhas Fiji, Nauru e Ilhas Marshall.

No entanto, se lá conseguir chegar, pode contar com espetáculos de dança tradicional, mercados de artesanato e gastronomia local. E, claro, natureza e muita, muita calma.

Na Oceania, ficam ainda vários outros países que constam na lista dos menos visitados do mundo, com Tonga no terceiro lugar do pódio. Samoa, Vanuatu, Papua Nova Guiné, Ilhas Cook, Niue (não há dados de 2025, mas é bem provável que este país seja ainda menos visitado que Kiribati) e as Ilhas Marshall também estão no top.

O país da Felicidade Nacional Bruta

O Butão é um tesouro escondido entre a Índia e a China, “empoleirado” nos Himalaias. Segundo o Lonely Planet, até há pouco tempo este país — o último reino budista do mundo —tinha estritas regras ao turismo.

Para viajar para este país asiático era necessário reservar um pacote turístico a um preço exorbitante, com o regime de tudo incluído.

As regras mudaram, e já é possível viajar de forma independente para o Butão, mas a fama ainda não colou (e para fazer uma inesquecível caminhada pelos caminhos das montanhas ainda é necessário circular em grupo) .

O país é conhecido pelas paisagens montanhosas, com casas de telhados dourados minuciosamente trabalhados. A capital, Thimphu, é cheia de vida, inclusive noturna, e contém vários monumentos budistas — é um verdadeiro tesourou escondido.

É um país extremamente seguro e com algumas particularidades interessantes, como o facto de medir o índice de Felicidade Nacional Bruta da população, que mede fatores tão distintos como a saúde e educação ou o bem-estar psicológico.

Apesar de ser evoluído em muitos sentidos — foi o primeiro país do mundo com emissões negativas de carbono — mantém uma disputa fronteiriça com a China. Por terra, só é possível lá chegar pela Índia, e por via aérea apenas alguns pilotos estão autorizados a voar para lá, devido à grande altitude do aeroporto, de aterragem difícil.

Em 2024, o Butão teve 21 mil visitantes. Se se tornar o próximo, pode esperar umas férias calmas, repletas de natureza e de ar puro — e uma cultura extraordinária. A vantagem é que pode entender-se com os locais em inglês: é a língua de ensino.

Uma pérola aqui ao lado

Um dos países menos visitados do mundo está bem perto de Portugal. O pequeno Liechtenstein recebe pouco mais de 100 mil visitantes por ano.

Com apenas 62km2, este país situado entre a Suíça e a Áustria tem imensa cultura: está repleto de castelos medievais, aldeias pitorescas e paisagens alpinas deslumbrantes.

“O Liechtenstein é um daqueles países pequenos que pode atravessar num par de horas. Mas, apesar de ser tão pequeno, oferece uma grande variedade de atrações e experiências que o tornam um excelente destino de viagem”, diz Olena Grabova, especialista em cultura mundial, à revista Travel+Leisure. Garante que as paisagens são “perfeitas para os entusiastas do ar livre“.

Não existem voos diretos de Portugal, mas pode sempre fazer uma paragem na Suíça: Zurique e a capital do Liechtenstein, Vaduz, ficam a pouco mais de uma hora de carro.

País de língua portuguesa no top 10

A fechar a lista dos 10 países menos visitados do mundo, surge Angola, com 130 mil visitantes em 2024, a maioria portugueses.

Miguel Silva, responsável de uma agência de viagens em Luanda, disse ao jornal angolano Expansão que o grande problema é a burocracia necessária para entrar no país: “O interesse em visitar Angola existe, mas é esquecido quando o potencial turista começa a enfrentar dificuldades logo na obtenção de visto“.

Aponta ainda outros problemas, “aspetos internos, como segurança, custos dos serviços, ou qualidade dos mesmos”.

No entanto, com a aplicação de uma nova política de isenção de vistos, a situação pode começar a alterar-se. Desde outubro de 2023, cidadãos portugueses, brasileiros e de quase 100 outros países não precisam de um visto para permanecer por 30 dias no país. E mais: há voos diretos de Portugal.

Apesar de alguma falta de segurança que possa sentir em Luanda, principalmente à noite, e das doenças transmitidas por mosquitos a que deve estar atento, Angola tem uma cultura extraordinária, com pessoas tranquilas, paisagens incríveis e um pouco de tudo: praia, floresta, cidade, vida noturna, e uma cultura muito própria.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //



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