A Direção Geral do Património Cultural (DGPC) está a apelar para que se encontre uma forma de diversificar a oferta turística no Centro Histórico do Porto e assim evitar concentrações excessivas na zona, lamentando a pouca recetividade dos operadores.
Numa resposta à Lusa, a DGPC sublinhou que “muito foi feito” ao longo das últimas duas décadas e que “de um modo geral a ação desenvolvida pelo Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana (…), terá sido benéfica, embora nalguns casos tivessem podido pôr em causa a autenticidade do conjunto”.
Quer a falta de verbas quer o contrário são entendidos como prejudiciais “à preservação dos valores culturais do património, pois em ambos os casos são esses valores que, muitas vezes, saem prejudicados”, traduzindo-se pela ausência de manutenção ou por “intervenções que não têm em conta a conservação da cidade histórica e da sua população”.
Em particular sobre a questão do turismo no Centro Histórico do Porto, a entidade estatal recorda que “não são só os bens inscritos na lista do Património Mundial que sofrem desse mal, mal que não está no turismo mas no que dele fazem”.
“Há necessidade de diversificar a oferta para evitar uma densidade indesejada a qual em nada favorece nem o património nem o próprio turismo, tarefa que não tem encontrado eco junto dos operadores turísticos”, constatou a DGPC, acrescentando que “outro grave problema que deverá ser equacionado pelo município é do trânsito rodoviário na malha medieval”.
A DGPC realçou que competirá à Câmara Municipal do Porto “encontrar soluções que permitam transmitir os valores que presidiram à inscrição deste bem na lista do Património Mundial cabendo ao Estado não permitir intervenções que não preservem os valores culturais” da cidade.
Num artigo publicado esta terça-feira no Público, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, disse que será criado “um regulamento que permitirá classificar as lojas históricas e evitar que sejam expulsas aproveitando uma alteração legislativa proposta pela Câmara do Porto e cuja aplicação tem sido articulada com Lisboa”.
“Também a anarquia que se vive no setor do transporte turístico tem os dias contados, graças a um regulamento que temos discutido publicamente e que irá diminuir a pressão sobre zonas críticas da baixa”, lê-se no artigo de opinião.
O autarca reconhece que “o grande desafio com que se confronta o município é o de garantir que o turismo, regulado e disciplinado, contribui para o desenvolvimento económico, social e cultural da cidade, sem afetar a sua sustentabilidade e sem a desfigurar”.
/Lusa