O medo de voar e o crescimento e difusão do mercado dos carros autónomos pode levar à ruína das companhias aéreas. Estas são as conclusões de uma investigação às preferências de viagem dos consumidores.
As companhias aéreas podem ter os seus dias contados e tudo graças à prosperidade do mercado dos veículos autónomos, que tem crescido de forma galopante. À medida que a tecnologia vai evoluindo e tornando-se mais segura e capaz, as pessoas podem deixar de viajar de avião — pelo menos é o que sugere um estudo publicado no ano passado na revista International Journal of Aviation, Aeronautics, and Aerospace.
O Fast Company dá o exemplo de uma viagem entre Atlanta e Washington, que de carro demoraria cerca de dez horas. De avião, o voo seria de duas horas, mas há várias condicionantes que aumentam o tempo da viagem. Com atrasos, check-in, controlo de segurança, levantar as malas, alugar um carro e conduzir até ao destino, o tempo total pode ser entre quatro e cinco horas.
Com o surgimento dos carros autónomos, o veículo evita todos os diferentes estágios burocráticos de uma viagem de avião. Além disso, o condutor pode fazer o que quiser durante a viagem, com o veículo a assumir controlo da condução.
Atualmente, há ainda um certo receio quanto aos veículos autónomos, com a tecnologia a ainda não estar desenvolvida o suficiente para dar 100% de garantias a todos. No entanto, com o tempo, os investigadores acreditam que o ceticismo vá passar e que haja uma maior aceitação da automatização dos veículos.
Os investigadores mostraram aos voluntários do estudo viagens de diferentes comprimentos e pediram que escolhessem se prefeririam conduzir, viajar de avião ou serem levados por um carro autónomo. Em geral, os dados indicaram que as pessoas preferiam veículos sem motorista do que serem eles próprios a conduzir.
A ideia de viajar de carro autónomo ficou ainda mais atraente quando as pessoas soubessem que, depois de voar, precisariam de um carro alugado na sua cidade de destino.
Em viagens curtas, com uma viagem de cinco horas, dois terços das pessoas preferem conduzir sozinhas. Isso não mudou muito quando lhes foi oferecido um carro autónomo, a menos que lhes dissessem que precisariam de um carro alugado na cidade de destino. Aí, quase três quartos das pessoas preferiram um carro autónomo ao voo.
Como poderia afetar as companhias aéreas
Perder até um em cada dez clientes reduziria substancialmente a receita das companhias aéreas. Um menor rendimento provavelmente faria com que elas reduzissem o seu serviço, voando menos rotas com menos frequência.
O problema não seria apenas os clientes que optaram por não voar. Alguns passageiros podem dividir viagens entre carros autónomos e aviões, o que reduziria ainda mais a receita das companhias aéreas. Por exemplo, uma pessoa em Savannah, na Geórgia, que queira ir a Londres, pode optar por mudar de avião em Atlanta — ou ir de carro autónomo para o aeroporto de Atlanta e saltar a escala.
Estas mudanças podem mudar substancialmente a indústria da aviação, com as companhias aéreas a pedir menos aviões aos fabricantes, aeroportos com menos voos diários e menores receitas de estacionamentos, e até mesmo hotéis de aeroportos a hospedar menos pessoas. O futuro dos carros autónomos é atraente para os consumidores — o que significa que o futuro do voo comercial está em perigo.