A Avenida Ribeira das Naus, em Lisboa, vai ter em 2016 um núcleo museológico dedicado aos Descobrimentos portugueses, traduzindo-se este no primeiro investimento feito pelo município com as receitas da taxa turística.
O investimento, de cerca de seis milhões de euros, “será feito, em princípio, com verbas da Câmara resultantes da taxa turística e será este o primeiro investimento resultante do Fundo de Desenvolvimento e Sustentabilidade Turística de Lisboa”, afirmou Fernando Medina esta sexta-feira.
O autarca falava aos jornalistas no final da cerimónia de assinatura do protocolo de formalização de interesse para a criação deste núcleo, em parceria com a Marinha Portuguesa, a Associação Turismo de Lisboa (ATL) e a Faculdade de Ciências Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa.
A criação de uma taxa turística em Lisboa foi aprovada pela Câmara em dezembro de 2014 e previa a cobrança de um euro a quem chegasse ao aeroporto ou ao porto da capital e de um euro por noite sobre as dormidas.
A metodologia de cobrança foi, no entanto, alterada e, durante este ano, a responsabilidade do pagamento será apenas da gestora de aeroportos, na sequência do acordo realizado entre o município e a ANA-Aeroportos de Portugal e que entrou em vigor no dia 1 de abril.
Este ano, a ANA vai pagar entre 3,6 e 4,4 milhões de euros, consoante os turistas que chegarem de avião, valores que já excluem os cidadãos com residência fiscal em Portugal.
De acordo com a Câmara de Lisboa, o valor da taxa reverterá para o Fundo de Desenvolvimento e Sustentabilidade Turística de Lisboa, para realizar investimentos na cidade.
“Este projeto fará nascer, na Doca Seca, num sítio onde eram construídas naus, a reprodução de uma nau, em que se mostrará como é que era construída, como é que se preparavam as viagens” marítimas realizadas entre 1415 e 1543, explicou Fernando Medina na sua intervenção.
A nau, que vai estar ali exposta, terá uma dimensão de cerca de 40 metros (maior do que as reais).
Segundo o presidente do município, este é o “primeiro passo para um projeto mais ambicioso”, não de criar um grande e único museu mas, a partir de Lisboa, abrir “polos museológicos que estejam unidos em rede para se contar esta grande história” que foram os Descobrimentos.
O projeto, que está a ser desenvolvido pela FCSH através de uma unidade de investigação dedicada à expansão portuguesa e seus reflexos no mundo, deverá estar pronto “no verão de 2016”, segundo o diretor-geral da Associação de Turismo de Lisboa, Vítor Costa.
Este responsável adiantou que as primeiras obras, que consistem na criação de uma estrutura de betão e da vedação da doca, começam “ainda este ano”, nos meses de outubro e novembro.
Vítor Costa deu ainda conta de que “a cobertura do edifício [em vidro] será uma esplanada com quiosque”.
Também presente na cerimónia, o Chefe de Estado-maior da Armada, o vice-almirante Macieira Fragoso, salientou a importância do espaço para a “difusão da história portuguesa e, em particular, da história marítima”.
O Polo Descobrir, como será denominado, vai ter entradas pagas, mas ainda não se conhecem os preços.
/Lusa