Nas últimas semanas, a Ryanair foi múltiplas vezes acusada nas redes sociais de alterar regras de embarque, separando casais e grupos que viajem juntos deliberadamente. A companhia aérea negou, mas há um estudo que o comprova.
Segundo a NIT, a queixa apresentada por vários utilizadores nas redes sociais era sempre a mesma: quem escolhia não pagar por um lugar reservado – que custa entre dois e 15 euros – estava propositadamente a ser colocado nos bancos do meio, em filas separadas dos companheiros de viagem.
A companhia apressou-se a negar as acusações, alegando que a política de atribuição de lugares era aleatória. Só que não era.
Para investigar o caso, a BBC pediu a um grupo de investigadores da Universidade de Oxford para averiguar até que ponto a política de atribuição de lugares da Ryanair era “aleatória”.
Para o estudo, foram comprados bilhetes para quatro grupos – cada um com quatro pessoas – com o objetivo de testar a aleatoriedade dos lugares. Como resultado, os 16 passageiros acabaram nos bancos do meio.
Jennifer Rogers, diretora da Oxford University Statistical Consultancy, comparou a probabilidade de ganhar o Euromilhões com a de um passageiro obter um lugar “aleatório” na Ryanair. Cada pessoas tem 1 em 139.838.160 hipóteses de ganhar o Euromilhões, enquanto que a probabilidade de conseguir um lugar na Ryanair que tenha sido de facto atribuído aleatoriamente é de 1 em 540.000.000.
O mesmo estudo analisou ainda a distribuição de lugares por filas. Segundo os cálculos da investigação, alguém de um dos grupos ficaria, em média, sentado a dez filas de distância de um dos seus amigos. Em dois dos voos, porém, chegou a haver uma distância de 26 filas.
Um porta-voz da companhia aérea irlandesa afirmou que não houve mudanças na política da Ryanair, e que a distribuição de lugares é efetivamente aleatória.
“A razão para que as pessoas fiquem cada vez mais nos lugares do meio é justificada pelo facto de cada vez mais e mais passageiros escolherem os nossos lugares reservados – por apenas dois euros -, optando na grande maioria das vezes por lugares junto ao corredor ou à janela”, justificou a companhia.