Domingo, Junho 8, 2025
Inicio Blog Página 9

Coreia do Norte vai reabrir ao turismo após 5 anos de fronteiras fechadas

EPA / KCNA

Foi inaugurada a cidade de Samjiyon, na Coreia do Norte

Os turistas vão poder visitar a cidade de Samjiyon em breve e está prevista a reabertura de outras partes da Coreia do Norte até dezembro.

A Coreia do Norte vai reabrir uma das suas cidades para turistas estrangeiros em dezembro, após quase cinco anos do fechamento das suas fronteiras devido à pandemia de covid-19, informaram operadoras de turismo.

Pelo menos duas operadoras com sede na China anunciaram que os turistas em breve vão poder visitar a cidade de Samjiyon, localizada numa região montanhosa, no norte do país.

A reclusa Coreia do Norte isolou-se no início da pandemia, em 2020, e começou a reduzir as restrições somente em meados do ano passado.

O fechamento das fronteiras também interrompeu as importações de bens essenciais, levando à escassez de alimentos que foi agravada por sanções internacionais em decorrência do programa nuclear do país.

“Até agora, apenas Samjiyon foi oficialmente confirmada, mas achamos que Pyongyang e outros lugares também vão reabrir!!!”, a KTG Tours, de Shenyang, escreveu na sua página do Facebook na quarta-feira.

Já a Koryo Tour, de Pequim, disse que os turistas poderiam “potencialmente” visitar outras partes da Coreia do Norte em dezembro.

“Após ter esperado mais de quatro anos para fazer este anúncio, a Koryo Tours está muito animada com a reabertura do turismo norte-coreano”, afirmou a operadora, também na quarta-feira, no seu site.

A Koryo Tours disse à BBC que as autoridades norte-coreanas estavam a permitir que turistas de qualquer país participassem das viagens, exceto da Coreia do Sul. No entanto, os EUA proíbem os seus cidadãos de viajar para a Coreia do Norte.

Chad O’Carroll, CEO da consultoria Korea Risk Group, com sede nos EUA, levantou dúvidas em relação ao anúncio de reabertura.

“Vou acreditar quando vir isso”, disse à BBC.

“Por enquanto, estou bastante cético de que vamos ver qualquer movimento real em dezembro.”

Samjiyon tem passando por um grande processo de revitalização nos últimos anos. Em julho, Kim Jong-un anunciou planos para reconstruir o seu aeroporto, converter uma base militar num resort de esqui e construir novas ferrovias e hotéis para turistas estrangeiros, de acordo com a imprensa estatal.

Na época, Kim disse que os planos para “revitalizar o turismo internacional” seriam destinados a visitantes de nações “amigas”.

O’Carroll destacou, no entanto, que o projeto de reforma de Samjiyong não está pronto.

“Se for concluído a tempo, posso imaginar apenas turistas russos e possivelmente chineses a visitar em números reais no início”, afirmou.

“A menos que [a República Democrática da Coreia] ofereça voos diretos de Samjiyon para um país de conexão neutro, como a Mongólia.”

Samjiyon está localizada aos pés da montanha mais alta da Coreia do Norte, o Monte Paektu, que fica na fronteira entre a China e a Coreia do Norte — e é conhecida pelas suas atrações de inverno.

A propaganda de Pyongyang diz que esta montanha é onde o fundador da Coreia do Norte, Kim Il Sung, lutou contra as forças de ocupação japonesas — e lançou a revolução. Ele é o avô do atual líder norte-coreano, Kim Jong Un.

Também alega que o Monte Paektu é onde Kim Jong Il, antecessor e pai de Kim Jong Un, nasceu.

A KCNA, agência estatal de notícias da Coreia do Norte, informou em julho que a região do Monte Paektu-Samjiyon foi concebida para ser uma “área turística montanhosa nas quatro estações, para atender às necessidades culturais e emocionais das pessoas no mais alto nível e revitalizar o turismo internacional”.

No início deste ano, a Coreia do Norte permitiu que turistas russos entrassem no país, para o fortalecimento dos laços entre os dois países.

Só em agosto do ano passado que a Coreia do Norte permitiu o retorno de cidadãos que foram impedidos de entrar por causa dos controlos de fronteira, um dos últimos países a fazer isso.

ZAP // BBC



A galinha dos ovos de ouro tornou-se um problema. E agora, o que fazer?

Estela Silva / Lusa

Casal de turistas observa a montra da Porto Gift, uma das muitas lojas de lembranças que surgiram no Porto com o aumento de visitantes

O excesso de turistas está a perturbar a vida de muitos portugueses que estão cada vez mais fartos do turismo. Mas como é que se pode resolver o problema?

O turismo é uma actividade económica essencial para um país como Portugal – e muitas vezes, se tem dito que é a “galinha dos ovos de ouro“.

Em 2023, Portugal teve o melhor ano da sua história no que se refere ao turismo, com um crescimento de 18,5% em relação a 2022, e de 37% face a 2019. O fluxo de visitantes garantiu receitas de 25.000 milhões de euros.

Mas o turismo de massas acaba por diminuir a qualidade de vida dos residentes, e também afecta a experiência dos visitantes.

Isto porque o excesso de turistas contribui para a degradação de locais históricos, o entupimento dos transportes públicos, mais poluição, aumento de preços e redução da oferta de habitações para os residentes.

Deste modo, várias cidades europeias já estão em guerra ao turismo de massas, tomando medidas como a proibição de novos hotéis ou de novos alojamentos locais.

Mas também há medidas como a limitação diária do número de turistas e a aplicação de taxas.

“Isto tornou-se numa confusão”

Portugal tem resistido à aplicação de medidas para controlar o turismo, mas há cada vez mais portugueses a pedirem para que sejam implementadas.

“Nos últimos cinco, seis anos, isto tornou-se numa confusão“, queixa-se à Euronews a moradora do bairro da Graça, em Lisboa, Rosa Alves, de 78 anos. “Em toda a Graça, houve uma mudança séria para pior e não para melhor”, lamenta esta residente na capital.

Já a activista pelo turismo sustentável Madalena Martins, residente em Sintra, refere à Euronews que o objetivo não é “hostilizar os turistas”. “Queremos que os turistas se tornem nossos aliados e que percebam que há aqui um problema“, considera.

O vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, fala à Euronews da possibilidade de limitar a quantidade de tuk-tuk que circulam em Lisboa como uma solução para resolver os problemas de trânsito, realçando que permitiria conciliar os interesses dos turistas com “os interesses de uma cidade onde as pessoas vivem e precisam de viver, com equilíbrio, paz, qualidade de vida”.

Excesso de turistas nota-se mais em Lisboa e Algarve

Só em Junho deste ano, Portugal recebeu três milhões de turistas, um aumento de 6,7% em relação a Maio, de acordo com dados citados pela Euronews.

A sobrecarga turística sente-se, sobretudo, em Lisboa e no Algarve que revelam níveis semelhantes, ou mesmo acima, dos que se verificam em cidades como Barcelona (Espanha) ou Amesterdão (Holanda), onde já estão a ser aplicadas medidas para limitar a entrada de turistas.

Em 2023, registaram-se cerca de 6,46 milhões de hóspedes em Lisboa, e mais de 5,12 milhões no Algarve, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) citados pelo Público.

São “quase 12 hóspedes por habitante (considerando os censos de 2021) e perto de 65 mil turistas por quilómetro quadrado” em Lisboa, e “11 hóspedes por habitante e 1025 hóspedes por quilómetro quadrado” no Algarve, aponta ainda o mesmo jornal.

Em comparação, em Amesterdão, em 2023, registaram-se “dez hóspedes por habitante e 48,8 mil turistas por quilómetro quadrado” e em Barcelona, houve “mais de nove hóspedes por habitante e 153 mil turistas por quilómetro quadrado”, de acordo com a mesma fonte.

Perante o problema do turismo de massas, Barcelona já se comprometeu a acabar com o alojamento local até 2028.

Ora, segundo dados do Registo Nacional de Turismo (RNT), Lisboa e o Algarve têm mais alojamentos locais registados, em comparação com as casas existentes, do que Barcelona.

Na capital portuguesa, “há 19.200 alojamentos locais registados na cidade de Lisboa e outros 44.415 na região do Algarve”, refere o Público citando o RNT. Isto significa que “por cada 100 casas, haverá em torno de seis alojamentos locais na capital portuguesa e 11 no Algarve”, constata o diário.

“Em Barcelona, contam-se 1,5 alojamentos locais por cada 100 casas” e “em Amesterdão, o número é ainda mais baixo, de cerca de 1,2 alojamentos locais por cada 100 casas”, conclui o mesmo jornal.

ZAP //



O turismo nuclear é a nova aposta da China para atingir a neutralidade carbónica

Shubert Ciencia / Flickr

Central nuclear na China

A China está a abrir as centrais nucleares para visitas turísticas com o objetivo de aumentar o apoio público à energia nuclear.

A China abriu ao público as portas de nove centrais nucleares em todo o país. Esta iniciativa faz parte de uma estratégia mais alargada de apoio público à energia nuclear, que é cada vez mais vista como uma componente crucial do futuro energético limpo da China.

A China General Nuclear Power Corporation (CGN) introduziu um sistema de reservas em linha para facilitar o que está a ser designado como um programa de “turismo nuclear“. Este sistema permite que os turistas agendem facilmente visitas a estas instalações, que de outra forma seriam restritas.

O programa arrancou oficialmente a 7 de agosto com um evento de lançamento na central nuclear de Ningde, na província de Fujian. Os visitantes tiveram a oportunidade de visitar os quatro reactores CPR-1000 da central e explorar os jardins de chá branco nas proximidades, misturando turismo industrial e cultural.

Outro local importante aberto ao público é a central nuclear de Fangchenggang, na Região Autónoma de Guangxi Zhuang, que se destaca por ser o primeiro projeto de energia nuclear da China Ocidental. Situada a apenas 50 quilómetros da fronteira vietnamita, a central está também perto de várias ilhas turísticas famosas, o que constitui uma atração adicional para os visitantes.

A CGN espera que esta iniciativa não só promova o turismo local como também reforce o apoio público à energia nuclear. À medida que a China prossegue o seu ambicioso objetivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2060, espera-se que a energia nuclear desempenhe um papel central no cabaz energético do país.

As visitas públicas têm por objetivo aumentar a sensibilização para os benefícios da energia nuclear e responder a preocupações comuns relacionadas com as radiações e as medidas de segurança, escreve o Interesting Engineering.

A indústria nuclear chinesa está em rápida expansão, com 30 novos reactores atualmente em construção. Na última década, a China adicionou mais de 34 gigawatts (GW) de capacidade de energia nuclear, elevando o número total de reactores operacionais para 55, com uma capacidade líquida combinada de 53,2 GW em abril de 2024. Embora isto represente um progresso significativo, a energia nuclear ainda representa apenas cerca de 5% da produção total de eletricidade na China.

Durante o evento de lançamento, o porta-voz da CGN, Guo Xingang, enfatizou a importância do envolvimento do público, afirmando que a iniciativa não é apenas um esforço de popularização da ciência, mas um passo vital para o desenvolvimento de alta qualidade da indústria de energia nuclear da China.

O compromisso da China para com a energia nuclear faz parte de uma estratégia de longo prazo iniciada em 2011, destinada a satisfazer a crescente procura de eletricidade do país, ao mesmo tempo que responde às preocupações ambientais.

ZAP //



Visitar o Vaticano: o que deve saber antes de marcar a sua viagem

vassilis738 / Pixabay

Museu do Vaticano

O Vaticano, sede da Igreja Católica e residência oficial do Papa, é um destino de grande importância religiosa, histórica e cultural. Localizado no coração de Roma, este pequeno estado soberano atrai milhões de visitantes anualmente. Se está a planear uma visita ao Vaticano, aqui estão algumas dicas essenciais para garantir uma experiência enriquecedora e tranquila.

Primeiro de tudo – planeie com tempo

O Vaticano pode ser visitado durante todo o ano, mas para evitar multidões, os melhores meses são de novembro a março. No entanto, tenha em mente que o clima de Roma pode ser frio e chuvoso no inverno. A primavera e o outono oferecem temperaturas agradáveis, embora com mais turistas. É altamente recomendável comprar bilhetes para o museu do vaticano e a Basílica de São Pedro com antecedência. Isso não só evita as longas filas, mas também garante a entrada, especialmente durante a alta temporada.

Principais atrações a ter na lista para visitar

  • Basílica de São Pedro: A Basílica de São Pedro é um dos edifícios religiosos mais impressionantes do mundo. Construída no local onde o apóstolo Pedro foi enterrado, a basílica é famosa pela sua arquitetura grandiosa e pela arte magnífica, incluindo a Pietà de Michelangelo. Não se esqueça de subir à cúpula para uma vista panorâmica espetacular de Roma.
  • Museus do Vaticano: Os Museus do Vaticano abrigam uma das maiores coleções de arte do mundo, com peças que vão desde a Antiguidade até o Renascimento. Entre as suas várias galerias, destacam-se as Salas de Rafael e a Capela Sistina, com o famoso teto pintado por Michelangelo. Reserve pelo menos meio dia para explorar os museus.
  • Capela Sistina: A Capela Sistina é conhecida mundialmente pelo seu teto e pelo Juízo Final, ambos pintados por Michelangelo. Este é um dos pontos altos de qualquer visita ao Vaticano. Lembre-se de que a capela é um local sagrado e mantenha o silêncio e o respeito durante a visita.
  • Praça de São Pedro: Projetada por Gian Lorenzo Bernini, a Praça de São Pedro é um espaço grandioso que pode acomodar milhares de pessoas. É aqui que o Papa frequentemente realiza as suas audiências públicas. Se estiver interessado em ver o Papa, verifique o calendário das audiências e das bênçãos papais.

Além destas famosas atrações, dedique tempo a pesquisar se faz sentido adicionar estas sugestões ao seu calendário de viagem.

  • Audiências Papais: As audiências papais geralmente ocorrem às quartas-feiras e são uma oportunidade para ver o Papa e receber a sua bênção. Os bilhetes são gratuitos, mas é necessário reservá-los com antecedência através da Prefeitura da Casa Pontifícia.
  • Missas e Eventos Religiosos: Participar de uma missa na Basílica de São Pedro pode ser uma experiência profundamente espiritual. Verifique o horário das missas e esteja preparado para chegar cedo, especialmente nos dias de festa religiosa.
  • Visitas Guiadas: Para uma compreensão mais profunda da história e da arte do Vaticano, considere participar de uma visita guiada. Guias experientes podem oferecer informações valiosas sobre as obras de arte e a arquitetura, além de histórias fascinantes sobre o Vaticano.

Dicas práticas e importantes

O Vaticano segue um rigoroso código de vestuário. Homens e mulheres devem cobrir os ombros e os joelhos. Evite roupas sem mangas, calções curtos e saias curtas. Esteja preparado para que os seguranças verifiquem a sua vestimenta antes de permitir a entrada. O Vaticano é um lugar de culto e respeito. Mantenha o silêncio, especialmente na Capela Sistina e na Basílica de São Pedro. Fotografias são permitidas na maioria dos locais, mas o uso de flash está proibido em áreas específicas. Os horários de funcionamento dos Museus do Vaticano e da Basílica de São Pedro variam, por isso verifique as horas antes de planear a sua visita. Os Museus do Vaticano estão fechados aos domingos, exceto no último domingo de cada mês, quando a entrada é gratuita. O Vaticano é relativamente acessível para pessoas com mobilidade reduzida. Elevadores e rampas estão disponíveis, mas é aconselhável verificar previamente as condições de acessibilidade específicas e, se necessário, contactar os serviços de atendimento ao visitante.

Logística e transporte

  • Como Chegar: O Vaticano está localizado no centro de Roma e é facilmente acessível por transporte público. A estação de metro mais próxima é a Ottaviano-San Pietro na linha A. Vários autocarros também param nas proximidades da Praça de São Pedro.
  • Alojamento: Há muitas opções de alojamento nas proximidades do Vaticano, desde hotéis de luxo a pousadas mais económicas. Ficar perto do Vaticano pode ser conveniente, especialmente se planeia participar em missas matinais ou audiências papais.
  • Comida e Bebida: Existem várias opções de restaurantes e cafés nas proximidades do Vaticano. Experimente a culinária italiana local em trattorias autênticas, mas esteja preparado para preços mais altos nas áreas mais turísticas.

Visitar o Vaticano é uma experiência única que combina arte, história e espiritualidade. Com um pouco de planeamento e respeito pelo local, pode aproveitar ao máximo a sua visita a este destino icónico. Desde a grandiosidade da Basílica de São Pedro até à magnificência da Capela Sistina, cada momento passado no Vaticano é uma oportunidade para se conectar com a rica herança cultural e religiosa da humanidade.

aeiou //



“Com pânico de montanha”, 12 pessoas perderam-se encantadas pelo Poço Azul

Susana Valente

Poço Azul, Gerês

Um grupo de 12 turistas, quatro luso-descendentes e oito franceses, perderam-se numa caminhada no Parque Nacional Peneda-Gerês a meio do trilho da Cascata do Arado ao Poço Azul – um dos locais da região que mais encanta “instagramers” de todo o mundo.

As 12 pessoas perderam-se na segunda-feira à noite durante a caminhada, mas já foram localizadas por volta da meia-noite, e já regressaram a casa.

Chegaram aos seus automóveis pelas 2:20 horas da manhã, indicou à Lusa fonte do Comando Sub-Regional do Cávado.

No grupo, encontravam-se quatro lusodescendentes e oito cidadãos de nacionalidade francesa que estão de férias em Portugal.

Estavam a fazer o trilho da Cascata do Arado ao Poço Azul, zona do Parque Peneda-Gerês que se encontra próxima dos concelhos de Terras de Bouro (Braga) e Montalegre (Vila Real).

Os turistas já estavam a regressar do Poço Azul quando se perderam.

O Poço Azul é um famoso ponto de interesse no Parque Peneda-Gerês e tem dado origem a muitas fotos partilhadas no Instagram por turistas de todo o mundo.

Mas chegar lá não é fácil para todas as pernas e, muitas vezes, os turistas não se preparam com a roupa e o calçado adequados para a caminhada longa e difícil pelo meio da montanha.

Além disso, não há muitas sinalizações para o local e é preciso ter um bom sentido de orientação para lá chegar, e para de lá sair.

“Estavam com pânico de montanha”

Quando deram o alerta às autoridades, através do telemóvel de um dos luso-descendentes do grupo, alguns dos 12 caminhantes perdidos já estavam com o chamado “pânico de montanha”, ou seja, “desorientados, confusos com cruzamento de caminhos”, o que foi “agravado pela escuridão da noite”, como reforça o jornal O Minho.

O grupo foi localizado em menos de duas horas por elementos da Equipa de Busca e Resgate em Montanha dos Bombeiros Voluntários de Terras de Bouro, e do Posto de Busca e Resgate em Montanha da Unidade de Emergência de Protecção e Socorro (UEPS) da GNR.

As 12 pessoas encontravam-se “bem e sem quaisquer ferimentos”, mas algumas já estavam em estado de desidratação.

Os bombeiros tiveram que assistir duas crianças para reposição da temperatura corporal.

ZAP // Lusa



O que é isto?! Obras polémicas na Cascata do Tahiti no Gerês

Câmara Terras de Bouro

Imagem 3D das obras previstas para a “Cascata do Tahiti” no Gerês.

Os acidentes com turistas na chamada “Cascata do Tahiti” no Parque Nacional Peneda-Gerês levaram a Câmara de Terras de Bouro a avançar com obras para reforçar a segurança. Mas há muitas críticas ao projecto.

A cascata de Fecha de Barjas, mais conhecida como “Cascata do Tahiti“, situa-se em Vilar da Veiga, na aldeia da Ermida, no concelho de Terras de Bouro, em Braga.

É um local muito frequentado por turistas, sobretudo no Verão, que dá umas óptimas fotos para o Instagram. O problema é que também é um local perigoso, com muitos declives num caminho sinuoso e sem protecções.

Muitos turistas deslocam-se ao local sem o calçado apropriado, além de terem comportamentos descuidados que propiciam os acidentes.

Já várias mortes aconteceram nas cascatas, nos últimos anos, o que levou a Câmara de Terras de Bouro a agir, avançando com um projecto que está a ser muito criticado.

As obras incluem a colocação de uma estrutura metálica para conseguir ver as cascatas de forma segura, com um gradeamento ao redor da queda de água.

Além disso, olhando para os planos em 3D divulgados pela autarquia, parece haver a intenção de cimentar as pedras que existem em torno da água e que são íngremes e escorregadias.

O investimento é de 205 mil euros e as obras deviam ter-se iniciado a 1 de Agosto, mas dada a polémica, não chegaram a arrancar.

O presidente da Câmara de Terras de Bouro, Manuel Tibo, eleito pelo PSD, revela-se indiferente às críticas. “Quem manda em Terras de Bouro são os terrabourenses”, nota em declarações citadas pelo Jornal de Notícias (JN).

Depois das obras, tudo “ficará mais seguro e melhor”, assegura o autarca.

Obras vão “destruir” paisagem única

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) emitiu um “parecer favorável condicionado” para as obras, sujeitando o projecto “ao cumprimento de um conjunto de requisitos que visam a minimização do impacto causado pela intervenção”, conforme nota enviada pelo Conselho Directivo da instituição ao JN.

Mas não são revelados quais são esses requisitos.

“A proposta de intervenção permitirá o ordenamento e a melhoria das condições de visitação à Cascata de Barjas, minimizando o impacto da presença humana sobre os valores naturais existentes, bem como eventuais riscos associados à utilização de uma área de afloramentos rochosos, ao mesmo tempo que contribuirá para melhorar as condições de resgate e socorro em caso de acidente”, aponta ainda a nota do ICNF.

Mas para a Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade (FAPAS), o que se está a fazer é a “destruir” uma paisagem natural do Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG), o único parque nacional do país, conforme nota num comunicado citado pelo jornal Terras do Homem.

“Segundo as montagens 3D divulgadas pela Câmara Municipal de Terras de Bouro, o que pretendem fazer é transformar um troço de paisagem natural, das mais valiosas do PNPG, num cenário completamente artificial e de características urbanas“.

Assim, a FAPAS pretende que o ICNF impeça a obra e espera também a intervenção da ministra do Ambiente.

Além disso, a associação pede a “alteração da co-gestão do PNPG“, o “reposicionamento dos autarcas no seu lugar apropriado” e a “nomeação de directores de áreas protegidas, como prometido no programa deste Governo”.

A procura do “lucro imediato”

A FAPAS nota, de resto, que as obras na “Cascata do Tahiti” não são o único caso problemático no PNPG e alerta que nos arriscamos a perder o único parque nacional que temos.

“Se perdermos a classificação da Peneda-Gerês, não teremos outro parque nacional em Portugal, com todo o prejuízo que isso significaria para a conservação da natureza e para as economias locais que se desenvolveram muito à custa da marca”, avisa a FAPAS.

“Para a história ficarão os nomes daqueles que, em nome de um falso desenvolvimento de um lucro imediato e de um crescimento não sustentável, contribuíram para a delapidação do nosso único parque nacional”, conclui a associação.

PAN e Os Verdes contra, Chega a favor

O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) já se manifestou contra as obras, considerando que o projecto da Câmara de Terras de Bouro “desrespeita a paisagem natural do local” e “vai muito para além da promessa de segurança” que também é importante garantir.

No mesmo tom, o partido Os Verdes realça que as obras previstas suscitam “algumas dúvidas relativamente à integridade da paisagem” e à “conciliação com os objectivos de conservação e preservação dos valores naturais e paisagísticos do Parque Nacional”.

Também o PCP de Braga já criticou o projecto da autarquia de Terras de Bouro, apelando ao “indispensável envolvimento de todas as entidades públicas com competências para tal” no desenho de uma solução que acautele a segurança dos visitantes e a protecção da natureza.

Por outro lado, o Chega de Braga está a favor das obras. O presidente da Comissão Política Distrital de Braga do Chega, Filipe Melo, também deputado na Assembleia da República, diz mesmo que já deviam ter sido feitas “há mais tempo, para garantir segurança aos turistas e locais que aproveitam os meses de Verão para conhecer este espaço”, refere em declarações citadas pelo JN.

Susana Valente, ZAP //



“Eu não viria aqui, para ser sincero”. A campanha de turismo caricata que se tornou viral

Jørn Eriksson / Flickr

Oslo, Noruega

Num verão marcado por protestos contra o excesso de turismo, um anúncio viral de viagens em Oslo, com quase 20 milhões de visualizações, está a virar o jogo sobre o que os viajantes querem.

Não é um começo tradicional para um anúncio de turismo: “Eu não viria aqui, para ser sincero”, diz um residente de Oslo pouco impressionado. O narrador, um homem de 31 anos chamado Halfdan, apresenta depois a capital norueguesa aos espectadores e queixa-se da sua falta de pretensão, da sua arte facilmente acessível, como O Grito de Edvard Munch (“Não é exatamente a Mona Lisa”, observa) e da sua acessibilidade. Durante todo o tempo, passeia por uma paisagem urbana tranquila, sem filas, multidões ou selfies à vista.

“É possível ir a pé de um lado da cidade para o outro em 30 minutos”, resmunga Halfdan. “Isto é sequer uma cidade?

Desde o seu lançamento no final de junho, o vídeo de um minuto e 45 segundos, em língua inglesa, atraiu quase 20 milhões de visualizações, encantando os responsáveis pelo turismo da cidade.

Talvez não devesse ser uma surpresa. O lançamento do vídeo surge numa altura em que um grupo crescente de viajantes começa a afastar-se dos caminhos turísticos mais conhecidos. Ao que parece, já não querem juntar-se a multidões de visitantes para ver os mesmos pontos de referência e tirar as mesmas fotografias para mostrar aos amigos nas redes sociais.

Os habitantes locais também não estão satisfeitos com o status quo. No mês passado, um protesto contra o turismo de massas em Barcelona encharcou os visitantes com água e, na vizinha Maiorca, uma multidão de 20 mil htabitantes locais marchou para protestar contra as hordas de turistas que fizeram subir as rendas e transformaram as suas casas num parque de diversões. Veneza introduziu este ano um imposto temporário sobre os visitantes e Amesterdão anunciou planos para regular o número de navios de cruzeiro que afluem turistas ao centro da cidade.

Mas Oslo parece ter outro visitante em mente. August Jorfald, que realizou o filme e escreveu o guião, disse que o vídeo foi inspirado por umas férias que fez em Paris com a namorada. Antes de saírem de casa, disse-lhe que tinha um objetivo: “Disse-lhe que a viagem seria um sucesso se não visse a Torre Eiffel.”

O natural de Oslo, que faz 30 anos este mês, não está sozinho. Os viajantes mais jovens não querem as mesmas férias que os seus pais fizeram, diz ele. Procuram experiências que não foram concebidas para turistas. “Não quero a Disney World. Quero estar à mesa da cozinha de alguém e beber vinho de um copo de leite.” Ninguém se entusiasma em tirar fotografias de sítios como a Torre de Pisa ou a Lagoa Azul da Islândia. “Está um pouco fora de tempo. Acho que se está a tornar aborrecido. As pessoas estão cansadas disso“.

Em vez disso, os visitantes querem autenticidade – uma palavra, reconhece, que é difícil de definir.

Mas a ideia não é nova. A blogger e publicitária Elena Paschinger chama a esta tendência “ver a vida em vez de fazer turismo“, uma frase que usou como subtítulo do seu livro de 2015, The Creative Traveler’s Handbook.

Nas suas viagens à volta do mundo, a austríaca descobriu que mesmo as atividades rotineiras, como ir às compras, apanhar um comboio pendular ou visitar um parque popular entre as famílias locais, podem ser apelativas.

“Sempre evitei as armadilhas para turistas e fui onde os locais se encontram e onde a vida está a acontecer”, disse. “Talvez fosse mais mundano, mas como era uma cultura diferente, era muito, muito excitante.”

O anúncio de Oslo parece ter atingido as mesmas notas.

A investigadora Lauren A Siegel, professora de turismo e eventos na Universidade de Greenwich, em Londres, considera a promoção “brilhante e na moda”, apelando aos espectadores que se desencantaram com a vida em linha.

Segundo ela, os viajantes da Geração Z, que cresceram com as redes sociais, têm curiosidade em fazer viagens sem elas. “Já existe há quase uma década e, naturalmente, as gerações estão a mudar“, afirma. “As pessoas já ultrapassaram isso”.

Começaram a aperceber-se de que as redes sociais alteram a experiência de viajar, diz Siegel. “Oferecem uma visão glamourizada e não muito realista de um lugar. Cria uma desconexão com a cultura que nos rodeia. Estamos a perder a oportunidade. Quando se está constantemente ao telemóvel, cria-se um verdadeiro bloqueio.”

Mas quando os turistas se esquecem de obter gostos ou de impressionar os amigos no seu país, isso pode mudar a viagem. “Em vez de olharmos para baixo para o telemóvel, voltamos a olhar para cima. Abre todas as grandes oportunidades que perdemos. É uma coisa linda“, acrescenta Siegel.

A tendência tem vindo a ganhar força há vários anos. Em 2018, a cidade de Viena aproveitou o chamado “cansaço do Instagram” com uma campanha de turismo que exortava os visitantes a “Unhashtag” as suas férias, pousando o telemóvel.

As autoridades tinham notado que os visitantes da cidade histórica estavam a começar a mudar, diz Helena Steinhart, gestora de relações com os meios de comunicação internacionais do Conselho de Turismo de Viena que trabalhou na promoção.

“Vinham cá e corriam de um sítio para o outro, e passavam o dia inteiro a fazer as malas. E depois querem fazer vídeos e fotografias e ficar bem vistos. Parece que estavam sempre apressados e stressados, apesar de estarem de férias.”
A solução da cidade foi exortar os visitantes a “Aproveitar Viena. Não #Viena”. Os turistas foram orientados para os bairros da cidade, longe dos seus famosos museus e palácios.

Há algumas semanas, Steinhart disse que um colega do setor do turismo lhe enviou uma hiperligação para o vídeo de Oslo, referindo que este fazia eco de temas que Viena tinha abordado anos antes. “Talvez tenhamos sido demasiado prematuros”, disse.

Mas ela só tem elogios para o anúncio norueguês. “É um trabalho maravilhoso. Engraçado, simpático e muito bem executado”.

Oslo, uma cidade com pouco mais de um milhão de habitantes (que, por vezes, se considera o irmão mais novo das grandes capitais escandinavas, como Estocolmo e Copenhaga), está a apreciar o sucesso do vídeo, apesar de ter sido uma surpresa.

“Estamos a coçar um pouco a cabeça“, diz Anne-Signe Fagereng, diretora de marketing do VisitOSLO. “Não tínhamos a certeza de que o humor fosse realmente popular”.

A sua teoria é que a campanha atingiu um nervo ligado ao excesso de turismo. Tal como outros profissionais de viagens, ela tem observado como cidades como Barcelona, Veneza e Amesterdão se debatem com a sua popularidade e com as massas de visitantes. Ainda assim, não está preocupada com o facto de o vídeo viral do verão inundar a capital da Noruega com hordas de turistas obcecados pelo Instagram.

“Não acho que este filme vá mudar as coisas de um dia para o outro”, diz.

Jorfald concorda. Ele disse que, por enquanto, está feliz em chamar a atenção para sua cidade natal.

Tradicionalmente, a maioria dos visitantes da Noruega faz uma breve paragem na cidade antes de partir para o campo. “Vêm a Oslo e depois vão-se embora, o que é triste para eles”, diz. “Deviam ficar um pouco mais.”

ZAP // BBC



Adeus, ímanes do Pablo Escobar

ZAP

Pintura de Pablo Escobar nas ruas de Marraquexe, Marrocos

Fascínio pelo icónico barão da droga e o poder que emanava voam das prateleiras. Novo projeto de lei quer impedir “revitimização” das suas vítimas ao proibir o comércio de produtos com a sua cara. Nem os turistas se safam.

Estão em todo o lado — e não só na Colômbia.

Apesar de ter sido, além de barão da droga, responsável por atos bombistas, assassinatos, Pablo Escobar ainda é visto e celebrado em todo o mundo, mais de 30 anos depois da sua morte.

O icónico líder do cartel de Medellín continua entre nós sob a forma de ‘souvenirs’ (o lembranças, em português) e é uma grande fonte de rendimento para muitos colombianos.

T-shirts, chapéus, quadros, copos de shots ou até os tradicionais ímanes de recordação vendidos na Colômbia surgem com a cara d’El Patrón. Agora, há quem diga que tudo não passa de uma “romantização” de um dos períodos mais negros da história do país.

Serão cerca de 150 euros de multa para quem continuar a vender produtos relacionados com narcotráfico, caso os legisladores aprovem um projeto de lei apresentado esta semana no Congresso, que vai ser discutido algures nos próximos dias e em que se pede ao governo que investigue quantas pessoas vivem da venda de mercadorias relacionadas com Escobar e o valor desse mercado.

Os turistas não se livram: os que forem vistos a usar algum destes produtos poderão ser abordado pelas autoridades, mas ainda não se sabem mais contornos sobre a atuação da polícia sobre os viajantes infratores.

“Esses itens estão a revitimizar pessoas que foram vítimas de assassinos”, argumentou Cristian Avendaño, representante do Partido Verde colombiano que elaborou o projeto de lei. “Devemos proteger o direito de recuperação das vítimas e encontrar outros símbolos para o nosso país”, sublinhou.

Caso haja luz verde no Congresso, prevê-se um período de transição com vista o fim gradual da venda de todos os produtos relacionados com Escobar e narcotráfico.

Não podemos continuar a elogiar estas pessoas e agir como se seus crimes fossem aceitáveis“, disse Avendaño: “Há outras maneiras de as empresas crescerem e outras maneiras de vender a Colômbia ao mundo.”

Quanto às diversas agências que levam os turistas em passeios históricos que passam pelos locais ligados à vida do narcotraficante, ainda não se sabe o seu destino caso a lei siga em frente.

Lei “idiota”?

Embora seja uma figura incontornavelmente criminosa — que, entre muitos outros crimes, ordenou o assassinato de 4000 pessoas no espaço de menos de 20 anos —, Escobar é uma cara muito valiosa para os locais.

Desde a sua morte, a tiro, num telhado em Medellín às mãos de um dos 300 agentes da Agência Nacional de Investigações (DEA) que se dedicavam exclusivamente à sua captura, ‘Don Pablo’ tem sido retratado como um mafioso implacável e sem medo dos “todos-poderosos” Estados Unidos em documentários e até na série da Netflix, ‘Narcos’, que conta a sua história.

Na Colômbia, os seus esforços filantrópicos durante a sua tentativa política (construiu hospitais, estádios, casas e dava dinheiro vivo aos mais pobres em frente às televisões) chegaram a valer-lhe a alcunha de Robin dos Bosques e a simpatia de muitos colombianos.

Atualmente, o fascínio pelo barão e o poder que emanava voam das prateleiras — e talvez por isso a família do famoso traficante sul-americano tem insistido na aquisição de uma marca registada do seu nome.

No ano passado, o governo rejeitou o pedido de marca registada do nome de Pablo Escobar por parte da sua viúva e filhos. Queriam vender “produtos educacionais e de lazer”, mas a Superintendência do Comércio disse que tal “ameaçaria a ordem pública”. Este ano, a União Europeia rejeitou um pedido semelhante da família.

O setor do comércio colombiano defende que o novo projeto de lei é “idiota”: ‘se há procura, por que é que haveria de deixar de haver oferta?’, questionam.

“Acho que é uma lei idiota”, diz ao The Guardian um vendedor ambulante que negoceia ímanes e t-shirts com o rosto de Escobar. “Muitas pessoas vivem disto, não é uma tendência que eu inventei”, sublinha.

Quando se trabalha como vendedor, tenta-se vender o que é mais popular“, disse ao jornal outra comerciante de rua estabelecida em Bogotá. “Toda a gente tem a sua própria personalidade… se há pessoas que gostam de um assassino ou de um traficante de droga, a escolha é sua.”

Tomás Guimarães, ZAP //



O “Havai gelado”. Há uma vila dinamarquesa que se tornou um destino de surf improvável

Cold Hawaii / Flickr

Klitmøller, Dinamarca

Com uma grande herança na pesca, a pequena vila de Kitmøller na Dinamarca ganhou uma nova vida nas últimas décadas, quando se tornou um destino de eleição para o surf.

Klitmøller, uma pitoresca aldeia piscatória na costa noroeste da Dinamarca, transformou-se num vibrante spot de surf conhecido como Cold Hawaii, ou Havai gelado.

Esta metamorfose atraiu uma comunidade diversificada de recém-chegados que procuram um ritmo de vida mais lento junto ao mar, incluindo Mai Knudsen, uma antiga engenheira civil que deixou o seu emprego altamente stressante em Copenhaga para abrir um café de panquecas e abraçar um novo estilo de vida.

Aos 33 anos, Knudsen tinha alcançado sucesso profissional, mas sentia-se insatisfeita. “O trabalho era muito stressante“, recorda à BBC. “Passava os fins-de-semana sem fazer nada, só para me aguentar antes de voltar na segunda-feira.”

A sua primeira visita a Klitmøller mudou tudo. Mudou-se para a cidade costeira, transformando o seu sonho de ter um café em realidade. Hoje, Knudsen gere o Kesses Hus e passa a época baixa a fazer surf, encarnando o espírito da nova comunidade do Havai gelado.

A transformação de Klitmøller começou nos anos 80, quando foi descoberta pelo windsurfer alemão Christian Dach. O seu entusiasmo pelas ondas selvagens da zona espalhou-se, acabando por atrair surfistas de todo o mundo. Em 1994, um documentário sobre windsurf comparou a zona ao Havai, embora mais fria, cimentando a sua reputação na comunidade mundial do surf. No entanto, o fluxo de jovens surfistas causou inicialmente fricções com a comunidade piscatória local, que não estava preparada para a súbita mudança.

Preben Toft Holler, um residente e pescador de longa data, recorda o declínio da cidade após a transferência do porto para o vizinho porto de Hanstholm, em 1967. Klitmøller tornou-se uma cidade fantasma, até que a chegada dos surfistas começou a reavivar a sua sorte. “Já éramos muito poucos”, diz. A presença dos surfistas começou por gerar tensões, pois eram vistos como forasteiros que pouco contribuíam para a economia local.

Rasmus Johnsen, que se mudou para o Havai gelado em 2005, desempenhou um papel fundamental na promoção da cooperação entre surfistas e pescadores. Trabalhou com o governo local para apoiar a abertura de escolas de surf e lojas de aluguer, organizou competições internacionais de surf e promoveu o diálogo entre as duas comunidades. “Sem as duas, nenhuma delas estaria a viver em Klitmøller”, reflecte. A colaboração rejuvenesceu a cidade, misturando a sua herança piscatória com uma nova cultura de surf.

Uma mudança significativa nas atitudes ocorreu quando os netos dos pescadores começaram a fazer surf, fazendo a ponte entre os dois grupos. Atualmente, Klitmøller é uma comunidade próspera onde coexistem pescadores tradicionais e surfistas modernos. A cidade cresceu de 800 habitantes em 2000 para cerca de 1300, e o turismo está a crescer. Recém-chegados de todo o mundo, incluindo sul-africanos, brasileiros, australianos e alemães, fizeram da cidade a sua casa, muitas vezes trabalhando remotamente e contribuindo para a economia local.

O espírito de colaboração estende-se para além do surf. A orla marítima de Klitmøller está repleta de galerias, boutiques, padarias orgânicas e espaços de co-working. As tradições locais persistem, como dar às casas o nome dos anteriores proprietários e eventos comunitários como concertos de jazz e projeções de filmes em antigos estábulos. Tanto os pescadores como os surfistas orgulham-se de manter o encanto e a beleza natural da cidade.

O café de Knudsen, Kesses Hus, batizado com o nome do construtor naval que construiu a sua casa, simboliza esta mistura de velho e novo. Ela valoriza os pescadores que passam por lá com peixe fresco, fomentando um sentido de comunidade ao comer panquecas. Refletindo sobre a sua mudança, diz: “Eu sabia que podia realmente viver aqui“.

ZAP //



Lisboa e Porto no Top 10 de cidades europeias mais recheadas de turistas

Com 11 turistas por habitante, a capital portuguesa está entre as mais sobrelotadas da Europa. O Porto, com 10 turistas por habitante, está logo a seguir.

A Europa, com a sua rica tapeçaria de história, cultura e paisagens naturais, tem sido um destino de eleição para turistas de todo o mundo. No entanto, o fenómeno do turismo, apesar de ser um motor económico vital, cria desafios significativos em várias cidades icónicas.

Há vários locais que enfrentam uma sobrelotação que ameaça a qualidade de vida dos residentes e a preservação do seu património cultural — e Lisboa e Porto estão, de acordo com o portal de reservas de casas de férias Holidu, entre os 10 mais recheados de turistas.

1. Dubrovnik

Com dados fornecidos pelo Euromonitor International, a Holidu classifica Dubrovnik como líder na lista das cidades com maior número de turistas por residente, atingindo a impressionante marca de 27 turistas por habitante.

Este fluxo intenso transformou a cidade, conhecida pelo seu encanto arquitetónico e histórico, num verdadeiro ‘tsunami humano’, onde as ruas de pedra e as muralhas se tornam cenários abarrotados de pessoas em busca da foto perfeita, exacerbado pelo fenómeno ‘Game of Thrones’, escreve o portal.

2. Rodes

Em segundo lugar, encontra-se Rodes, na Grécia, com 26 turistas por habitante. Famosa pela sua Cidade Velha e praias idílicas, a ilha agora luta para manter a sua serenidade, com as suas ruelas e costas a serem invadidas por um número avassalador de visitantes. Contudo, ainda existem refúgios de tranquilidade na ilha, como a Baía de Vlycha e Gennadi, que permitem aos turistas uma experiência mais autêntica e menos massificada.

3. Veneza

Veneza, a icónica cidade flutuante, ocupa a terceira posição com 21 turistas por residente.

Este excesso está a levar a cidade a uma situação insustentável, onde os canais e edifícios históricos começam a mostrar sinais evidentes de desgaste.

Apesar deste cenário, ainda é possível encontrar a magia de Veneza explorando áreas menos conhecidas como o Castello ou experiências culturais como a música no Musica A Palazzo.

4. Heraklion

Heraklion, com a sua rica história e belas praias, continua a ser um destino encantador, apesar do turismo em massa que já atingiu os 18 turistas por habitante.

5. Florença

Florença, por outro lado, enfrenta uma crise de sobrelotação que compromete sua estética e atmosfera: são 13 turistas por habitante.

A imposição de uma taxa de turismo pela cidade é uma tentativa de gerir este fluxo e preservar sua integridade cultural e artística.

O restante da lista inclui cidades como Reykjavik (6.º) Amesterdão (7.º) onde foram implementadas medidas para controlar o impacto do turismo como, por exemplo,  proibição de novas lojas de souvenirs no centro histórico.

Em Lisboa, que chega em oitavo lugar e no Porto,em nono lugar, com 11 e 10 turistas por habitante, respetivamente, também foram adotadas medidas recentemente, nomeadamente de controlo e regulação dos tradicionais tuk-tuks.

ZAP //



DESTINOS EM DESTAQUE