Domingo, Junho 8, 2025
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O turismo está a converter o Evereste no cemitério mais alto do mundo

Parahamsa / Flickr

As exigências físicas e mentais não estão a impedir que se difunda o turismo de altas altitudes e baixas temperaturas. Na semana passada, mais de 200 alpinistas subiram a montanha, quebrando um novo recorde.

Mas o ano passado também foi histórico: na primavera conseguiram coroar 802 pessoas. Apenas um dispensou oxigénio suplementar e cinco morreram. O recorde anterior (de 2013) confirma que é uma tendência. Naquele ano, 670 pessoas chegaram ao cume em todas as rotas e seis pessoas morreram.

“A evolução nos últimos 15 anos tem sido brutal”, conta Sebastián Álvaro à ABC. “Este ano há aproximadamente 400 pessoas. E ainda temos de ver as estatísticas da encosta norte, dos chineses”.

Para as autoridades nepalesas, a maioria das mortes – que já chegam às 10 – deveu-se a fraqueza, exaustão e atrasos em uma rota lotada, com filas de várias horas num passo estreito da encosta. Esta é a época mais popular do ano para escalar o Evereste devido às condições meteorológicas.

Dificuldades a oito mil metros de altitude não só é inconveniente, como se torna numa armadilha mortal para um corpo que atinge o limite, com as forças dizimadas. Alguns da expedição que ficou presa disse que o retorno ao acampamento base atrasou três horas.

“Espersr a temperaturas abaixo de zero, ventos fortes e sem oxigénio suficiente pode causar erros que acabam em quedas fatais e colapsos”, explica Ricardo Arregui, chefe de Neurocirurgia Clínica Maz.

Arregui sabe do que está a falar. Não há montanhista que tenha sofrido um congelamento que não conheça este especialista. Arregui também viu ao vivo o boom turístico da montanha mais alta do mundo. “Há 27 anos, não era a inundação de agora”.

O uso de garrafas de oxigénio domesticou a montanha. “Converte os oito mil metros nas montanhas mais fácil como se não excedesse os seis mil metros, mas quando se tem que esperar filas, há o risco de ficar sem oxigénio e pode ser letal”, diz Arregui. Nessa altura, o corpo tenta adaptar: aumenta a produção de células vermelhas do sangue para transportar melhor o pouco oxigénio que tem sangue e torna-se mais densa e viscosa, que aumenta tanto o risco de trombose”.

“O que estão a fazer no Evereste não tem nada a ver com montanhismo ou escalada, mas um negócio de várias agências que levam as pessoas com uma falsa promessa de segurança e de uma aventura”, diz o alpinista Sebastián Álvaro.

O Governo do Nepal não regula subidas e recebe quatro milhões de euros em autorizações, enquanto algumas empresas recebem em mês e meio mais de 20 milhões. “Eles sequestraram o Evereste”, diz, juntamente com outras montanhas dos Himalaias.

A superlotação também acontece porque as pessoas estão menos preparadas do que há algumas décadas, onde era habitual começar com as montanhas mais próximas e depois pelas mais difíceis. “Agora, as pessoas ignoram todo o período de aprendizagem”, critica Álvaro.

“Pessoas sem escrúpulos, dispostos a negociar com a vida dos outros, e as pessoas sem senso comum estão dispostos a acreditar”. A única coisa que é certa, diz o especialista, é que, no topo do Evereste, há 300 corpos “É o cemitério mais alto do mundo.”

ZAP //



Em prol das abelhas, McDonald’s abre o menor restaurante do mundo

A McDonald’s revelou recentemente a mais pequena versão do seu restaurante, numa tentativa de atrair convidados importantes todos os dias.

É igual aos restantes restaurantes da cadeia de fast food, mas em ponto pequeno. A McDonald’s tem janelas drive-thru e mesas ao ar livre, mas as hambúrgueres e as batatas fritas não são servidas à mesa. Em vez disso, este é um pequeno paraíso para as abelhas, uma vez que se trata, afinal, de uma colmeia em pleno funcionamento.

A colmeia foi construída pela McDonald’s para abrigar milhares de abelhas, numa ação que visa alertar para o desaparecimento destes insetos polinizadores. O pequeno restaurante faz parte de uma campanha da multinacional para estimular a criação de espaços favoráveis para a multiplicação de insetos nas cidades. Aliás, alguns restaurantes suecos desta rede já instalaram colmeias nos seus telhados.

Com os famosos arcos amarelos na fachada, o McHive é a homenagem aos restaurantes McDonald’s da Suécia que têm colmeias num esforço para proliferar o bem-estar e, sobretudo, a preservação destes animais.

NORD DDB, a agência criativa que supervisionou todo o processo deste pequenino McDonald’s, explica que a iniciativa, que começou localmente, está agora a crescer. “Muitos restaurantes estão a unir-se à causa, tendo começado a substituir a relva por flores e plantas, muito importantes para o bem-estar das abelhas selvagens.”

Os números são alarmantes: várias colónias de abelhas em todo o mundo estão a morrer e há muitas razões para explicar este grave declínio. A verdade é que, em grande parte, os seres humanos são os principais responsáveis, pelos que alguns McDonald’s suecos estão já a fazer a sua parte.

Por enquanto, milhares de convidados especiais aproveitam a estadia neste novo ponto de venda McDonald’s – mais doce do que os convencionais.

ZAP // Bom Dia



Forbes: Portugal é um dos melhores países para se viver

A Forbes escolheu os sete melhores países da Europa para os americanos viverem e conseguirem cidadania europeia. Com destaque especial, Portugal é um deles.

Num artigo publicado pela revista Forbes, Portugal foi eleito um dos países da Europa com melhores condições para acolher os estrangeiros que procuram uma segunda residência ou obter um passaporte europeu.

A publicação explica que, para um cidadão estrangeiro, basta investir em Portugal para receber em troca o visto de residência e, eventualmente mais tarde, a cidadania do país.

Além disso, a Forbes realça que existem várias opções para vários orçamentos. Pode, por exemplo, doar pelo menos 250 mil euros para apoiar a arte portuguesa, ou simplesmente provar que consegue cumprir o requisito de renda mínima – 1.200 euros por mês por pessoa.

No entanto, se o visto lhe for atribuído desta forma, espera-se que esteja fisicamente presente no país pelo menos 183 dias por ano, enquanto que se se qualificar através de um investimento nas artes, o requisito de presença física é de apenas sete dias anuais, escreve a Visão.

Os Vistos Gold são também uma opção para algumas carteiras. O critério é, novamente, o investimento que habitualmente é feito em imóveis. Contudo, é necessário investir uma quantia de pelo menos 350 mil euros numa propriedade com mais de 30 anos, ou 500 mil euros numa propriedade mais recente, para ficarem automaticamente qualificados.

De acordo com a Visão, estes montantes podem sofrer uma redução de 20% se o imóvel for adquirido no interior do país. Para manter este estatuto de residência, os estrangeiros apenas precisam de estar 7 dias em Portugal, durante o primeiro ano, e depois disso, 14 dias a cada dois anos.

A existência do regime de Residente Não Habitual é uma grande vantagem fiscal destacada pela Forbes, que pode significar em uma redução ou mesmo isenção de imposto sobre a sua renda auferida.

Adquirir nacionalidade portuguesa já não é tão simples, uma vez que é preciso ter casa no país há pelo menos 5 anos e passar um teste todo em português sobre a história de Portugal.

ZAP //



Lisboa é a cidade europeia no topo do Airbnb

Lisboa é a cidade com maior rácio de casas para alugar a turistas no Airbnb face às principais capitais europeias, com um valor superior a 30 habitações por mil habitantes na plataforma.

Segundo avançou a agência de rating Moody’s, Lisboa é a cidade com maior rácio de casas para alugar a turistas no Airbnb face às principais capitais europeias, com um valor superior a 30 habitações por mil habitantes nesta plataforma.

Num relatório sobre o mercado da habitação na Europa, a agência deu conta de que a capital portuguesa está à frente de cidades como Paris e Amesterdão neste rácio.

A Moody’s, que no geral considera que é mais difícil aos jovens adultos europeus comprar casa neste momento, dado o crescimento dos preços e salários que não evoluem ao mesmo ritmo, deu conta de que a procura de “arrendamento para turistas em áreas urbanas está a impulsionar o mercado da habitação”.

“Entre as principais cidades, Lisboa, Paris e Amesterdão têm as maiores quotas de casas colocadas no Airbnb”, refere.

Ainda assim, os dados da Moody’s mostram que a população na cidade está a descer, 7% desde 2011 (dados do Instituto Nacional de Estatística – INE), com a área metropolitana de Lisboa a subir ligeiramente, em contraciclo com as congéneres europeias.

Apesar das subidas nos preços, as casas em Lisboa são, em comparação com as congéneres europeias, mais baratas (quase 193 mil euros em média para uma habitação com 70 metros quadrados), mas o rendimento disponível dos habitantes também se encontra entre os menores.

“Desde 2012, a inflação rápida dos preços das casas em certas cidades grandes europeias tem vindo a ultrapassar o crescimento do rendimento disponível dos residentes, reduzindo a acessibilidade, sobretudo em Amesterdão, Paris e Londres. Em consequência, potenciais compradores de casas pela primeira vez ou estão a adiar ou a abandonar os seus planos para comprar propriedades numa grande cidade, gerando maior procura no arrendamento ou compras em localidades nos subúrbios”, explica a agência.

A Moody’s acredita ainda que a prosperidade económica e a procura de arrendamento estão a reduzir o risco de queda dos preços nas casas, em conjugação com o aluguer para turismo. Para a agência, entre os principais beneficiários deste panorama estão as câmaras destas cidades, que recebem mais impostos e a um ritmo mais previsível.

ZAP // Lusa



Selfies estão a destruir muralha romana considerada Património Mundial da UNESCO

Uma parte da antiga Muralha de Adriano, no Reino Unido, está a colapsar por causa dos turistas que procuram o local para tirar selfies.

O monumento, que em 1987 foi considerado Património Mundial da UNESCO, inspirou a famosa parede de gelo da série A Guerra dos Tronos, baseada na saga de George R. R. Martin. O English Heritage frisa também a sua importância história, considerando-a a construção “mais importante edificada pelo romanos na Britânia”.

Foi através do Twitter que o arqueólogo Pete Savin divulgou fotografias dos danos que a muralha romana tem sofrido nos últimos tempos.

Nas imagens publicadas é possível ver a secção Steel Rigg, de aproximadamente três metros, que colapsou devido aos visitantes e turistas que sobem repetidamente a edificação, apesar da sinalização na área que proíbe escalar o muro.

Em declarações ao diário britânico The Mirror, Savin disse conhecer bem a secção do muro, revelando ter visto danos em diferentes partes da construção. O arqueólogo conta que tem pedido aos visitantes para não subir o muro por causa da deterioração da construção, mas também por uma questão de segurança.

“Parece que uma selfie na Muralha de Adriano é tudo, independentemente dos danos que são causados involuntariamente”, lamentou. “O dano que eu vi no domingo foi num nível que nunca tinha visto antes. Fiquei realmente chocado ao ver a parede desmoronada”, completou em declarações ao Metro UK.

Embora não seja totalmente claro que a destruição tenha sido apenas causada pelos visitantes, o especialista pede às pessoas para não caminharem sobre a construção.

Um porta-voz da Fundação Nacional para Locais de Interesse Histórico ou Beleza Natural adiantou que os trabalhos de reparação começarão em julho.

O muro foi construído por ordem do imperador Adriano em 122 d.C, tendo como objetivo defender a ilha da Britânia e marcar o limite norte do Império Romano.

George R. R. Martin baseou-se nesta construção para representar a imponente muralha de gelo que separa os Sete Reinos das terras selvagens.

ZAP //



Em 30 anos, Amazónia perdeu 953 mil hectares de áreas protegidas

Nos últimos 30 anos, a Amazónia perdeu 953 mil hectares em áreas pertencentes a unidades de conservação e terras indígenas que deveriam estar preservadas.

A Amazónia brasileira perdeu 953 mil quilómetros em áreas que foram desflorestadas dentro de unidades de Conservação e terras indígenas que deveriam estar preservadas, nos últimos 30 anos, segundo um levantamento publicado esta terça-feira pelo G1. Entre 1985 e 2017, o Brasil desflorestou 11% de sua área de florestas. Desse total, 61,5% do desmatamento foi registado na Amazónia.

Com base em imagens de satélite disponibilizadas pelo projeto Mapbiomas, uma parceria entre universidades, ONG e o Google, os dados usados pelo G1 indicam que as áreas de proteção que deveriam ser preservadas no Brasil já estão cercadas de territórios desflorestados. Embora as áreas de conservação sofram grande pressão, ainda são responsáveis pelas maiores áreas de conservação da floresta amazónica.

Em 1985, as áreas de proteção ambiental e reservas indígenas na Amazónia brasileira representavam 47% da área de floresta. Atualmente, o índice chega a 53%, de acordo com a monitorização de satélite do projeto Mapbiomas.

Fora das áreas protegidas, a floresta amazónica perdeu 40,8 milhões de hectares para atividades ligadas ao agronegócio no Brasil. Pastos para criação de gado e agricultura representam 84% do que se tornou a Amazónia brasileira nos últimos 33 anos, indicou o levantamento.

Atualmente, o Brasil tem 344 unidades de conservação, o que equivalem a 9,1% do território e 24,4% da faixa marinha do país. Grande parte destas áreas está na floresta amazónica. No entanto, a sobrevivência das atuais Unidades de Conservação do Brasil não é certa.

O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, afirmou que irá fazer uma revisão das Unidades de Conservação ambiental do país porque muitas delas foram criadas “sem nenhum tipo de critério técnico” e, por isto, precisa haver um trabalho de revisão. Jair Bolsonaro também prometeu rever a delimitação das reservas indígenas, questionando igualmente a sua fundamentação técnica.

ZAP // Lusa



Os McDonald’s da Áustria são (também) mini-embaixadas dos EUA

Centenas de americanos vão à Áustria todos os anos. Agora, aqueles que perderem os seus passaportes ou precisem de alguma assistência de viagem enquanto exploram o país alpino podem obter ajuda com muito mais facilidade – em qualquer McDonald’s local.

“Cidadãos americanos que viajam para a Áustria que se encontrem em perigo e sem uma forma de entrar em contrato com a Embaixada dos EUA, podem entrar nos McDonald’s na Áustria e os funcionários ajudarão a fazer esse contacto”, anunciou a Embaixada dos EUA em Viena no Facebook.

Embora o famoso restaurante americano não possa imprimir um novo passaporte, a parceria da empresa com as Embaixadas dos EUA na Áustria facilitará o processo. Isabelle Kuster, chefe da McDonald’s da Áustria, e o embaixador dos Estados Unidos, Trevor Traina, fizeram o acordo durante um café do McDonald’s.

O porta-voz do McDonald’s, Wilhelm Baldia, explicou que o consulado americano escolheu a cadeia de fast food “devido à grande fama da marca entre os americanos” e “porque há muitas filiais na Áustria”. A Áustria possui 196 locais do McDonald’s.

Segundo a CNN, alguns utilizadores do Facebook pareciam pessoalmente ofendidos com a decisão, sugerindo que o Consulado dos EUA considerou os cidadãos demasiado “estúpidos” para saber onde encontrar uma embaixada. Outros queriam saber se as mini-embaixadas substituiriam totalmente uma localização tradicional.

“Certamente não”, respondeu a conta do Facebook da embaixada. “A nossa embaixada está totalmente preparada e pronta para ajudar os cidadãos americanos em necessidade. Esta parceria é apenas uma maneira extra para os americanos se ligarem à Embaixada quando estiverem numa situação de emergência ”.

De acordo com a ATI, não demorará muito para que os “arcos dourados” se tornem sinónimo de assistência em viagens. Enquanto a Internet já gravitou para esta notícia com um nível garantido de sarcasmo, a estratégia por trás deste plano faz sentido, dada a presença da franquia na maioria dos destinos de viagem mais populares do mundo.

ZAP //



Em Nova York, peões que mandem mensagens enquanto atravessam passadeiras podem ter multa

Uma nova lei proposta pelo senado do estado de Nova York pretende multar pessoas que usem o telemóvel para escrever ou ler mensagens enquanto atravessam passadeiras.

Se o documento for aprovado, os pedestres que sejam apanhados pela polícia a “usar um aparelho eletrónico móvel enquanto atravessam a via” podem ser multados com valores que podiam ir dos 25 e aos 250 dólares (cerca de 22 a 220 euros). A proposta prevê exceções para equipas de emergência médica, funcionários de hospital e bombeiros.

Todos os anos, cerca de 300 peões morrem em acidentes nas vias do estado de Nova York, segundo avança o jornal britânico The Guardian. Não é certo que todas estas mortes estejam relacionadas com o uso do telemóvel para escrever e enviar ou ler e a receber mensagens por parte dos peões, mas John Liu, o senador do estado de Nova York, está empenhado em reduzir o número de vítimas.

“A lei não diz que não se pode falar ao telemóvel. A lei visa, sim, as pessoas que estão a olhar para baixo e a mexer no telemóvel. É fácil esperar cinco segundos e atravessar a passadeira”, em segurança, defende o senador. Mas nem todos concordam.

Marco Conner, ativista e diretor executivo do grupo de Transportes Alternativos, afirma que a lei não tem fundamento e que será fonte de “policiamento subjetivo e discriminatório“. “Não há referência a números ou dados. A maioria dos acidentes de trânsito em todo o país são causados pelo condutor. Isto é uma forma disfarçada de culpar as vítimas”, defende Conner.

Jonh Liu admite que a lei não será bem aceite entre a população. Diz ainda que o controlo de peões que usam o telemóvel enquanto atravessam a passadeira não será uma prioridade para a polícia. “A minha intenção é ajudar os nova-iorquinos e lembrá-los do que devem fazer: esperar os cinco segundos”.

ZAP //



Há uma ilha onde há mais abortos do que nascimentos

“Eu não pensei duas vezes sobre isso. Nós falamos sobre aborto abertamente. Eu lembro-me de falar aos meus amigos e à minha família sobre a última vez que fiz um”, disse Piia (nome fictício), uma jovem de 19 anos que mora na Gronelândia e que teve cinco abortos nos últimos dois anos.

“Eu costumo usar proteção, mas às vezes esquecemos. Não posso ter um bebé agora, estou no último ano da escola”, disse. Embora fale com tranquilidade sobre aborto, Piia não teve conversas com a família sobre saúde sexual e métodos contracetivos.

Desde 2013, a Gronelândia tem cerca de 700 nascimentos e 800 abortos por ano, segundo estatísticas do governo. O país enfrenta problemas com violência – um terço dos adultos foram expostos a algum tipo de abuso na infância – e alcoolismo.

A Gronelândia é a maior ilha do mundo, mas tem uma população pequena: apenas 55.992 pessoas, de acordo com a Statistics Greenland. Embora seja autónoma, integra o Reino da Dinamarca.

Mais da metade das mulheres que engravidam estão a interromper as suas gestações na Gronelândia. Isso representa uma taxa de cerca de 30 abortos por mil mulheres. Em comparação, a Dinamarca tem uma taxa de 12 abortos para cada mil mulheres, segundo estatísticas oficiais.

Dificuldades económicas, condições precárias de moradia e educação pobre explicam as altas taxas, mas há outros fatores que devem ser analisados num país onde a contraceção é gratuita e de fácil acesso. Em muitos países, mesmo onde o aborto é legal e gratuito, há um estigma em torno da escolha. Na Gronelândia, algumas mulheres não demonstram preocupação com a questão, já que não encaram uma gravidez indesejada como motivo para se envergonhar.

Piia diz que a maioria das amigas dela já abortaram e que a mãe dela o fez três vezes antes de engravidar dela e do irmão. “Mas a minha mãe não gosta de falar sobre isso.”

“Estudantes em Nuuk (capital da Gronelândia) podem ir à clínica de saúde sexual às quartas-feiras, que chamam de dia do aborto“, diz Turi Hermannsdottir, investigadora que estuda o assunto na Universidade de Roskilde, na Dinamarca. “Na Groenlândia, o debate sobre o aborto não parece estar sujeito a tabus ou condenação moral, nem o sexo antes do casamento ou gravidez não planeada.”

Embora a contraceção seja gratuita, isso não significa que as pessoas necessariamente recorram a ela. “A contraceção é gratuita e fácil de obter, mas muitos dos meus amigos não usam”, disse Piia.

“Cerca de 50% das mulheres sabiam sobre contraceção, mas mais de 85% delas não usavam ou usavam de forma incorreta”, disse Stine Brenoe, enfermeira de ginecologia que trabalha na Gronelândia e pesquisa o aborto há muitos anos. O consumo de álcool também está relacionado à gravidez indesejada. “Tanto homens como mulheres podem esquecer-se de usar contracetivos se estiverem alcoolizados”, disse.

Piia afirmou que não conhecia, até pouco tempo, a pílula do dia seguinte, um mecanismo de contraceção em situações de emergência. “Não acho que todos saibam que é uma opção”, disse. “A minha mãe nunca falou comigo sobre a minha saúde sexual. Eu descobri algumas coisas na escola, mas principalmente através dos meus amigos.”

Famílias na Gronelândia adiam ou evitam falar sobre saúde sexual, já que isso é considerado estranho e difícil, segundo um estudo do International Journal of Circumpolar Health.

Hermannsdottir aponta três razões pelas quais as pessoas não estão a usar contracetivos na Gronelândia. “Mulheres que querem filhos; mulheres com vidas turbulentas e afetadas pela violência e álcool que se podem esquecer de tomar a pílula anticoncecional; e, por último, casos em que o parceiro se recusa a usar um preservativo.”

Se a gravidez for resultado de uma violação, essa pode ser a razão que leva algumas mulheres a decidirem abortar. Outro motivo também pode ser evitar criar uma criança num lar problemático. “O aborto pode ser melhor do que crianças negligenciadas e indesejadas”, disse Lars Mosgaard, médico numa pequena cidade no sul da Gronelândia.

A violência é um problema recorrente na Gronelândia. Um em cada 10 jovens estudantes relatou ter visto a mãe ter sofrido alguma violência, de acordo com o Centro Nórdico de Assistência Social e Assuntos Sociais. Além de testemunhar a violência, muitas vezes as crianças também são vítimas.

“Um terço dos adultos da Gronelândia foi exposto a alguma forma de abuso quando criança”, disse à Corporação Dinamarquesa de Radiodifusão Ditte Solbeck, que administra o plano do governo para combater abusos sexuais.

Além das altas taxas de aborto, a Gronelândia também tem uma grande taxa de suicídio: 83 mortes por cem mil pessoas a cada ano, de acordo com dados do International Journal of Circumpolar Health. Os jovens representam mais da metade dos suicídios.

“Na maioria dos casos, aqueles que cresceram num ambiente de abuso e violência são mais propensos ao suicídio”, disse Lars Pedersen, um psicólogo.

Em 1953, a Gronelândia tornou-se parte do Reino da Dinamarca. O dinamarquês foi promovido como a língua oficial e a sociedade e a economia mudaram de forma drástica. Inuits, os habitantes nativos da Gronelândia, que são 88% da população, tiveram de encontrar maneiras de se adaptar a uma nova sociedade, mantendo a sua herança cultural.

“A Gronelândia mudou de uma sociedade inuit tradicional para a vida moderna. O consumo de álcool aumentou, o que estimulou violência e abusos sexuais”, disse Pedersen. “A maioria das pessoas conhece alguém que cometeu suicídio.”

Para diminuir a quantidade de abortos, alguns sugerem que a Gronelândia deveria começar a cobrar para realizar abortos. Outros, ao contrário, explicam que a quantidade de abortos não tem a ver com a gratuitidade do procedimento. Na Dinamarca – onde também é acessível abortar – os números de aborto são muito mais baixos (12 por 1.000 mulheres) quando comparados à Gronelândia (30 abortos por 1.000. mulheres).

A doutora e professora norueguesa Johanne Sundby, que trabalhou na Gronelândia com mulheres e crianças, defende que os pacientes não deveriam pagar pelo procedimento: “Sou totalmente contra. Isso abriria um mercado clandestino, com abortos baratos e perigosos”.

Os jovens da Gronelândia começam a ter relações sexuais, em geral, aos 14 ou 15 anos. Estatísticas do país apontam que 63% da população com 15 anos faz sexo regularmente. Nesse contexto, o governo lançou o “Doll Project” (Projeto das Bonecas) para, em colaboração com as escolas, oferecer aos estudantes uma perceção sobre as consequências de ter um filho durante a adolescência.

O objetivo do projeto é reduzir a ocorrência de gravidez indesejada na adolescência e diminuir a incidência de doenças sexualmente transmissíveis, ao aumentar o uso de métodos contracetivos.

Meninos e meninas recebem uma boneca de aparência muito realista que deve ser tratada como um bebé. É uma forma de expor alunos de 13 a 18 anos a algumas das responsabilidades de ter um bebé.

Independentemente da idade da mulher, Stine Broene discorda da ideia de que o aborto seja considerado uma decisão fácil na Gronelândia. “A maioria das mulheres acha que o aborto é uma decisão difícil e vão levar tempo para pensar sobre isso. Se têm certeza sobre a decisão, provavelmente não vão mostrar trauma”, diz.

Broene diz que não conhece mulher alguma que não se importe com o aborto. “O que acontece é que algumas se fecham para se proteger e alguns profissionais de saúde pode perceber isso como indiferença.” Lars Pedersen aponta a língua como uma barreira para a comunicação entre os pacientes e os profissionais de saúde.

Embora o dinamarquês seja uma das línguas oficiais, as pessoas que moram fora da capital tendem a falar essa língua de forma menos fluente. “Muitos dos meus pacientes não falavam fluentemente dinamarquês e, ao mesmo tempo, muitos funcionários do hospital não falam fluentemente a língua gronelandesa”, diz Pedersen.

“Precisamos de repensar o nosso foco, que deve estar no combate à violência, abuso e alcoolismo, que são a razão de todas as gravidezes indesejadas.”

ZAP // BBC



Os carros voadores podem fazer parte do transporte público de Paris em 5 anos

A operadora de transportes públicos RATP, que administra os serviços de autocarros, elétricos e metros em Paris, anunciou a sua parceria com a companhia aérea europeia Airbus para “estudar a viabilidade” de incorporar veículos voadores à rede de transporte urbano da capital francesa.

“A Airbus está a desenvolver protótipos de tecnologia autónoma e não-tripulada”, disse o diretor executivo da RATP, Guillaume Faury, em comunicado. “Isso já não é ficção científica, é um facto, hoje temos todas as ferramentas técnicas, mas devem ser integradas na vida diária sem comprometer a nossa prioridade, que é a segurança”, acrescentou.

Por sua vez, Matthieu Dunant, chefe de inovação da RATP, disse em entrevista à France Inter Radio que está a estudar uma forma de usar as infraestruturas de superfície existentes para “abrigar esses veículos voadores”. “Acreditamos que a solução completa estará pronta em cinco anos“, garantiu.

O protótipo atual, segundo o executivo da empresa, parece “uma mistura entre um helicóptero e um avião pequeno, mas acima de tudo devemos ter em mente que é completamente elétrico, totalmente limpo do ponto de vista energético”.

“Além do transporte de massa, que continua a ser nosso principal negócio, é importante que o Grupo RATP promova o seu know-how humano e técnico para desenvolver novas formas de mobilidade e novos serviços para apoiar as cidades inteligentes de amanhã. Estamos muito satisfeitos em trabalhar nisso com a Airbus, líder mundial na indústria aeroespacial, que fornecerá a sua especialidade exclusiva no setor de aviação“, escreveu a CEO do grupo, Catherine Guillouard, no comunicado.

Houve várias tentativas em todo o mundo de desenvolver carros voadores, como o Transition, fabricado pela firma americana Terrafugia, e o AeroMobil, fabricado na Eslováquia. Ambos os projetos demoraram anos para se desenvolver e ainda estão para ser vendidos.

ZAP //



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