Nesta cidade francesa, o fogo de artifício do meio-dia marca o início do almoço

(dr) Nice Tourism

No dia 11 de maio às 12h, ecoou uma explosão comemorativa na cidade de Nice. O fogo de artifício não foi uma resposta ao declínio gradual da pandemia, mas sim o retorno de uma tradição com várias décadas.

Arnello, o pirotécnico responsável pelo “canhão do meio-dia” da cidade de Nice desde 1992, não conseguiu esconder a sua felicidade por trás da máscara. Para os residentes da cidade, a explosão pirotécnica do meio-dia nada mais é do que um lembrete para pegar nos talheres e almoçar.

A pitoresca explosão do meio-dia remonta a meados do século XIX, quando nobres britânicos costumavam passar o inverno em Nice. Em 1862, Thomas Coventry, residente em Edimburgo, cansou-se de esperar pela sua esposa para almoçar.

“Coventry disparou um canhão ao meio-dia como um sinal para que a sua esposa voltasse para casa”, explicou o historiador Alex Benvenuto, citado pelo Atlas Obscura. “Quando regressou ao seu castelo, em Edimburgo, deixou uma avultada quantia para o concelho da cidade de Nice manter esta tradição.”

O presidente da câmara, François Malausséna, garantiu que os seus desejos iriam ser atendidos. Em 1886, o “canhão” foi substituído por fogo de artifício incolor e manteve-se até hoje.

Assim que os sinos da igreja começam a tocar, ao meio-dia, acende-se o pavio de um pequeno pacote de pólvora. O primeiro estrondo só pode ser ouvido pelos presentes; segundos depois, outra explosão mais alta atinge toda a população, exceto os limites da cidade. Uma nuvem de fumo branca pinta o céu da cidade de branco.

Arnello nunca falhou o ritual e, em quase 30 anos, só chegou atrasado duas vezes. Existem apenas dois dias em que o fogo de artifício não é disparado em Nice: 14 de julho, Dia da Bastilha, e dia 1 de abril. “Costumava lançar o fogo às 11h, para enganar as pessoas. Mas, agora, elas já estão à espera dessa partida.”

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