Em Saint-Tropez, restaurantes de elite estão a selecionar clientes de acordo com a espessura da sua carteira, e recorrem a uma técnica muito própria: os gastos dos clientes regulares são registados em bases de dados — e convém que sejam avultados.
Alguns restaurantes de elite em Saint Tropez, França, estão alegadamente a impor um consumo mínimo de 5.000 euros por mesa e a negar reservas a clientes habituais que não tenham gasto generosamente nas suas visitas anteriores.
Além de consumos mínimos por mesa e por pessoa, cada vez mais restaurantes estão a recorrer à cobrança de taxas extra por serviços que habitualmente estão englobados na conta.
Segundo o jornal francês Nice Matin, a generalização dos sistemas de pagamento por ecrã tátil digital levou a um aumento nos pedidos de gorjeta, que alguns estabelecimentos usam para compensar custos mais elevados de salários — sem efetivamente aumentar os salários dos empregados.
Entre as taxas extra cobradas aos clientes, incluem-se a “taxa de segurança”, “taxa de cartão de crédito” e taxas administrativas.
De acordo com uma reportagem do The Guardian, alguns dos mais famosos restaurantes da cidade da Riviera francesa estão a dar prioridade nas reservas clientes que gastam mais — indo ao extremo de exigir 1.500 euros por pessoa para aceitar reservas.
Alguns estabelecimentos, diz o jornal britânico, estão também a exigir aos clientes que deixem gorjetas mais elevadas — ou simplesmente a recusar reservas a clientes com base nos seus gastos anteriores.
A Presidente da Câmara local, Silvia Siri, tomou nota destas práticas e expressou profundas preocupações.
Saint Tropez, conhecida pela sua opulência e como um ponto de interesse para celebridades internacionais, corre o risco de manchar a sua reputação com estas práticas controversas.
Siri descreve o comportamento como “odioso” não só para os turistas mas também para os habitantes locais, muitos dos quais já sentem a pressão dos elevados custos de vida da estância balnear.
“Já fomos expulsos dos nossos apartamentos e, em breve, seremos expulsos dos nossos restaurantes também – incapazes de jantar fora“, afirmou Silvia Siri.
A autarca, que planeia iniciar discussões com os proprietários de restaurantes, alertou-os de que poderiam enfrentar “revogações de licença por extorsão e delinquência organizada” e manter bases de dados ilegais de clientes.