Amesterdão quer reduzir turismo. Visitantes incómodos e barulhentos “não são bem vindos”

 

Anthony Coronado / Flickr

Red Light District, Amesterdão

Após vários meses de pandemia, e depois de o turismo ter sido travado bruscamente, os habitantes de Amesterdão só querem receber turistas com moderação, deixando de lado a confusão típica dos tempos áureos da cidade.

Amesterdão quer reduzir e redefinir o tipo de turismo que recebe, colocando o foco nos aspetos culturais da cidade e menos na tolerância ao consumo de canábis ou nas visitas ao Red Light District, o famoso bairro de prostituição holandês.

“Visitantes que tratem mal os nossos habitantes e o nosso património não são bem vindos. A mensagem que temos para eles é: não venham para Amesterdão”, apelam.

A frase é retirada diretamente de um comunicado da autarquia da capital dos Países Baixos, citado pela CNN.

Não queremos voltar ao que víamos antes da pandemia, quando grandes multidões iam para o Red Light District e para as áreas de entretenimento causar incómodo aos habitantes”. Se os visitantes que respeitam a cidade e a população “sempre foram bem vindos e continuarão a sê-lo”, os outros “não são bem vindos”, esclarece a cidade

A ideia é “estimular o comportamento desejado”, diz Geertrude Udo, diretora executiva da empresa responsável pela campanha de marketing online que a autarquia está a dirigir aos turistas e que custou cem mil euros. “São bem vindos, mas bebam no interior, usem um urinol e não façam barulho”.

A campanha tem por alvo especificamente homens britânicos entre os 18 e os 34 anos – um dos grupos que mais visitam a cidade –, mas será alargada a outras faixas e nacionalidades.

O problema não é de agora, embora a acalmia que resultou das restrições pandémicas possa ter ajudado a dar-lhe maior visibilidade. Em 2019, Amesterdão recebeu 20 milhões de turistas, 18,8 dos quais ficaram a dormir na cidade.

Os números já tinham motivado o economista Martjim Badir a lançar uma petição, no verão passado, a pedir medidas mais duras que vão além do marketing e que passariam, por exemplo, por impor um limite de 12 milhões de turistas a dormir na cidade em simultâneo.

No ano passado, ainda antes de a covid-19 ter chegado em força à Europa e depois de um inquérito aos jovens turistas ter indicado que mais de metade decide visitar a cidade para experimentar os locais onde se consome canábis, a autarquia ponderou proibir o consumo aos turistas nas famosas coffee shops, que a vendem em pequenas quantidades.

A presidente da câmara, Femke Halsema, já tinha anunciado outras alterações para o Red Light District, como restrições a visitas em grupo ou até a sua deslocalização para fora do centro da cidade – uma sugestão rejeitada pelas mulheres que trabalham como prostitutas, por considerarem que isso poderia colocar-lhes problemas de segurança.

ZAP //



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