Ir a Fátima pode ser tão (ou mais) entusiasmante como ir à Disneyland

hugo.esteves / Flickr

Santuário de Fátima

As experiências turísticas em lugares sagrados desencadeiam “sentimentos de êxtase, de vivenciamento de uma experiência única na vida”, na maioria dos turistas. A conclusão é de um estudo de investigadores da Universidade de Coimbra, divulgado esta terça-feira.

Para as crianças, ir à Disnelyland pode levá-las ao expoente máximo da satisfação; para os apaixonados por turismo balnear, fazer praia nas Caraíbas deve enchê-los de prazer… mas, para os mais religiosos, experiências turísticas em lugares sagrados poderão induzir dos sentimentos de êxtase mais diferenciados que há.

Com o objetivo de contribuir para o conhecimento das experiências turísticas em lugares sagrados, uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) usou como caso de estudo o Santuário de Fátima e constatou que a forte ligação ao lugar e a experiência memorável são duas das dimensões marcantes da visita a este local do Centro de Portugal.

“As experiências turísticas em lugares sagrados são diferentes de outras experiências, porque trazem à maioria dos turistas sentimentos de êxtase, de vivenciamento de uma experiência única na vida, ao mesmo tempo libertadora e revitalizante, percecionando a visita como importante e com grande significado pessoal”, explicou a docente da Faculdade de Letras da UC Cláudia Seabra.

A também investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território da UC lembrou que, “atualmente, as peregrinações e a visita a locais sagrados movimentam milhares de pessoas em todo o mundo”.

“Em Portugal, as peregrinações a Fátima e o Caminho Português de Santiago são exemplos de peregrinações incontornáveis que atraem milhares de portugueses e turistas estrangeiros que vêm ao nosso país em busca de experiências memoráveis e únicas todos os anos. A Jornada Mundial da Juventude – JMJ – em Lisboa é um outro exemplo paradigmático”, sublinhou.

Lugares com “valor único e insubstituível”

Segundo Cláudia Seabra, o estudo permitiu mostrar que “estes lugares revelam ter um valor único e insubstituível e, muito provavelmente, quem os visita vai querer revisitar”.

“O entendimento das experiências turísticas em lugares sagrados é essencial para a gestão destes lugares”, defendeu.

A investigadora explicou que “o turismo religioso é um segmento direcionado para pessoas cuja motivação para a visita é a fé, a busca da espiritualidade, a prática religiosa e a busca por experiências espirituais”.

“É apontado como uma das mais antigas formas de fazer turismo: já nas primeiras civilizações, as peregrinações a lugares religiosos movimentavam um grande número de pessoas em busca de espiritualidade e de fé”, lembrou.

Há partilha de culturas e valores

Entre as recomendações apontadas neste estudo, Cláudia Seabra destacou que “as organizações públicas e privadas devem ser capazes de criar experiências que promovam o envolvimento na visita e a realização de atividades, assim como a proximidade com as comunidades locais“.

Dando como exemplo a JMJ, Cláudia Seabra disse que “o aspeto mais referenciado e valorizado pelos visitantes foi a proximidade e o envolvimento que tiveram com os residentes, o que deu lugar a uma experiência cultural mais imersiva, mais marcante”.

“Estando nós num país considerado tão hospitaleiro, esta dimensão deve ser sempre valorizada. Para além de que os próprios residentes aceitam melhor e ganham também com o turismo”, realçou.

O estudo contou com a participação dos investigadores do Instituto Politécnico de Viseu Carla Silva, José Luís Abrantes e Manuel Reis.

ZAP // Lusa



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