Sábado, Maio 24, 2025
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“Com pânico de montanha”, 12 pessoas perderam-se encantadas pelo Poço Azul

Susana Valente

Poço Azul, Gerês

Um grupo de 12 turistas, quatro luso-descendentes e oito franceses, perderam-se numa caminhada no Parque Nacional Peneda-Gerês a meio do trilho da Cascata do Arado ao Poço Azul – um dos locais da região que mais encanta “instagramers” de todo o mundo.

As 12 pessoas perderam-se na segunda-feira à noite durante a caminhada, mas já foram localizadas por volta da meia-noite, e já regressaram a casa.

Chegaram aos seus automóveis pelas 2:20 horas da manhã, indicou à Lusa fonte do Comando Sub-Regional do Cávado.

No grupo, encontravam-se quatro lusodescendentes e oito cidadãos de nacionalidade francesa que estão de férias em Portugal.

Estavam a fazer o trilho da Cascata do Arado ao Poço Azul, zona do Parque Peneda-Gerês que se encontra próxima dos concelhos de Terras de Bouro (Braga) e Montalegre (Vila Real).

Os turistas já estavam a regressar do Poço Azul quando se perderam.

O Poço Azul é um famoso ponto de interesse no Parque Peneda-Gerês e tem dado origem a muitas fotos partilhadas no Instagram por turistas de todo o mundo.

Mas chegar lá não é fácil para todas as pernas e, muitas vezes, os turistas não se preparam com a roupa e o calçado adequados para a caminhada longa e difícil pelo meio da montanha.

Além disso, não há muitas sinalizações para o local e é preciso ter um bom sentido de orientação para lá chegar, e para de lá sair.

“Estavam com pânico de montanha”

Quando deram o alerta às autoridades, através do telemóvel de um dos luso-descendentes do grupo, alguns dos 12 caminhantes perdidos já estavam com o chamado “pânico de montanha”, ou seja, “desorientados, confusos com cruzamento de caminhos”, o que foi “agravado pela escuridão da noite”, como reforça o jornal O Minho.

O grupo foi localizado em menos de duas horas por elementos da Equipa de Busca e Resgate em Montanha dos Bombeiros Voluntários de Terras de Bouro, e do Posto de Busca e Resgate em Montanha da Unidade de Emergência de Protecção e Socorro (UEPS) da GNR.

As 12 pessoas encontravam-se “bem e sem quaisquer ferimentos”, mas algumas já estavam em estado de desidratação.

Os bombeiros tiveram que assistir duas crianças para reposição da temperatura corporal.

ZAP // Lusa



O que é isto?! Obras polémicas na Cascata do Tahiti no Gerês

Câmara Terras de Bouro

Imagem 3D das obras previstas para a “Cascata do Tahiti” no Gerês.

Os acidentes com turistas na chamada “Cascata do Tahiti” no Parque Nacional Peneda-Gerês levaram a Câmara de Terras de Bouro a avançar com obras para reforçar a segurança. Mas há muitas críticas ao projecto.

A cascata de Fecha de Barjas, mais conhecida como “Cascata do Tahiti“, situa-se em Vilar da Veiga, na aldeia da Ermida, no concelho de Terras de Bouro, em Braga.

É um local muito frequentado por turistas, sobretudo no Verão, que dá umas óptimas fotos para o Instagram. O problema é que também é um local perigoso, com muitos declives num caminho sinuoso e sem protecções.

Muitos turistas deslocam-se ao local sem o calçado apropriado, além de terem comportamentos descuidados que propiciam os acidentes.

Já várias mortes aconteceram nas cascatas, nos últimos anos, o que levou a Câmara de Terras de Bouro a agir, avançando com um projecto que está a ser muito criticado.

As obras incluem a colocação de uma estrutura metálica para conseguir ver as cascatas de forma segura, com um gradeamento ao redor da queda de água.

Além disso, olhando para os planos em 3D divulgados pela autarquia, parece haver a intenção de cimentar as pedras que existem em torno da água e que são íngremes e escorregadias.

O investimento é de 205 mil euros e as obras deviam ter-se iniciado a 1 de Agosto, mas dada a polémica, não chegaram a arrancar.

O presidente da Câmara de Terras de Bouro, Manuel Tibo, eleito pelo PSD, revela-se indiferente às críticas. “Quem manda em Terras de Bouro são os terrabourenses”, nota em declarações citadas pelo Jornal de Notícias (JN).

Depois das obras, tudo “ficará mais seguro e melhor”, assegura o autarca.

Obras vão “destruir” paisagem única

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) emitiu um “parecer favorável condicionado” para as obras, sujeitando o projecto “ao cumprimento de um conjunto de requisitos que visam a minimização do impacto causado pela intervenção”, conforme nota enviada pelo Conselho Directivo da instituição ao JN.

Mas não são revelados quais são esses requisitos.

“A proposta de intervenção permitirá o ordenamento e a melhoria das condições de visitação à Cascata de Barjas, minimizando o impacto da presença humana sobre os valores naturais existentes, bem como eventuais riscos associados à utilização de uma área de afloramentos rochosos, ao mesmo tempo que contribuirá para melhorar as condições de resgate e socorro em caso de acidente”, aponta ainda a nota do ICNF.

Mas para a Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade (FAPAS), o que se está a fazer é a “destruir” uma paisagem natural do Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG), o único parque nacional do país, conforme nota num comunicado citado pelo jornal Terras do Homem.

“Segundo as montagens 3D divulgadas pela Câmara Municipal de Terras de Bouro, o que pretendem fazer é transformar um troço de paisagem natural, das mais valiosas do PNPG, num cenário completamente artificial e de características urbanas“.

Assim, a FAPAS pretende que o ICNF impeça a obra e espera também a intervenção da ministra do Ambiente.

Além disso, a associação pede a “alteração da co-gestão do PNPG“, o “reposicionamento dos autarcas no seu lugar apropriado” e a “nomeação de directores de áreas protegidas, como prometido no programa deste Governo”.

A procura do “lucro imediato”

A FAPAS nota, de resto, que as obras na “Cascata do Tahiti” não são o único caso problemático no PNPG e alerta que nos arriscamos a perder o único parque nacional que temos.

“Se perdermos a classificação da Peneda-Gerês, não teremos outro parque nacional em Portugal, com todo o prejuízo que isso significaria para a conservação da natureza e para as economias locais que se desenvolveram muito à custa da marca”, avisa a FAPAS.

“Para a história ficarão os nomes daqueles que, em nome de um falso desenvolvimento de um lucro imediato e de um crescimento não sustentável, contribuíram para a delapidação do nosso único parque nacional”, conclui a associação.

PAN e Os Verdes contra, Chega a favor

O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) já se manifestou contra as obras, considerando que o projecto da Câmara de Terras de Bouro “desrespeita a paisagem natural do local” e “vai muito para além da promessa de segurança” que também é importante garantir.

No mesmo tom, o partido Os Verdes realça que as obras previstas suscitam “algumas dúvidas relativamente à integridade da paisagem” e à “conciliação com os objectivos de conservação e preservação dos valores naturais e paisagísticos do Parque Nacional”.

Também o PCP de Braga já criticou o projecto da autarquia de Terras de Bouro, apelando ao “indispensável envolvimento de todas as entidades públicas com competências para tal” no desenho de uma solução que acautele a segurança dos visitantes e a protecção da natureza.

Por outro lado, o Chega de Braga está a favor das obras. O presidente da Comissão Política Distrital de Braga do Chega, Filipe Melo, também deputado na Assembleia da República, diz mesmo que já deviam ter sido feitas “há mais tempo, para garantir segurança aos turistas e locais que aproveitam os meses de Verão para conhecer este espaço”, refere em declarações citadas pelo JN.

Susana Valente, ZAP //



“Eu não viria aqui, para ser sincero”. A campanha de turismo caricata que se tornou viral

Jørn Eriksson / Flickr

Oslo, Noruega

Num verão marcado por protestos contra o excesso de turismo, um anúncio viral de viagens em Oslo, com quase 20 milhões de visualizações, está a virar o jogo sobre o que os viajantes querem.

Não é um começo tradicional para um anúncio de turismo: “Eu não viria aqui, para ser sincero”, diz um residente de Oslo pouco impressionado. O narrador, um homem de 31 anos chamado Halfdan, apresenta depois a capital norueguesa aos espectadores e queixa-se da sua falta de pretensão, da sua arte facilmente acessível, como O Grito de Edvard Munch (“Não é exatamente a Mona Lisa”, observa) e da sua acessibilidade. Durante todo o tempo, passeia por uma paisagem urbana tranquila, sem filas, multidões ou selfies à vista.

“É possível ir a pé de um lado da cidade para o outro em 30 minutos”, resmunga Halfdan. “Isto é sequer uma cidade?

Desde o seu lançamento no final de junho, o vídeo de um minuto e 45 segundos, em língua inglesa, atraiu quase 20 milhões de visualizações, encantando os responsáveis pelo turismo da cidade.

Talvez não devesse ser uma surpresa. O lançamento do vídeo surge numa altura em que um grupo crescente de viajantes começa a afastar-se dos caminhos turísticos mais conhecidos. Ao que parece, já não querem juntar-se a multidões de visitantes para ver os mesmos pontos de referência e tirar as mesmas fotografias para mostrar aos amigos nas redes sociais.

Os habitantes locais também não estão satisfeitos com o status quo. No mês passado, um protesto contra o turismo de massas em Barcelona encharcou os visitantes com água e, na vizinha Maiorca, uma multidão de 20 mil htabitantes locais marchou para protestar contra as hordas de turistas que fizeram subir as rendas e transformaram as suas casas num parque de diversões. Veneza introduziu este ano um imposto temporário sobre os visitantes e Amesterdão anunciou planos para regular o número de navios de cruzeiro que afluem turistas ao centro da cidade.

Mas Oslo parece ter outro visitante em mente. August Jorfald, que realizou o filme e escreveu o guião, disse que o vídeo foi inspirado por umas férias que fez em Paris com a namorada. Antes de saírem de casa, disse-lhe que tinha um objetivo: “Disse-lhe que a viagem seria um sucesso se não visse a Torre Eiffel.”

O natural de Oslo, que faz 30 anos este mês, não está sozinho. Os viajantes mais jovens não querem as mesmas férias que os seus pais fizeram, diz ele. Procuram experiências que não foram concebidas para turistas. “Não quero a Disney World. Quero estar à mesa da cozinha de alguém e beber vinho de um copo de leite.” Ninguém se entusiasma em tirar fotografias de sítios como a Torre de Pisa ou a Lagoa Azul da Islândia. “Está um pouco fora de tempo. Acho que se está a tornar aborrecido. As pessoas estão cansadas disso“.

Em vez disso, os visitantes querem autenticidade – uma palavra, reconhece, que é difícil de definir.

Mas a ideia não é nova. A blogger e publicitária Elena Paschinger chama a esta tendência “ver a vida em vez de fazer turismo“, uma frase que usou como subtítulo do seu livro de 2015, The Creative Traveler’s Handbook.

Nas suas viagens à volta do mundo, a austríaca descobriu que mesmo as atividades rotineiras, como ir às compras, apanhar um comboio pendular ou visitar um parque popular entre as famílias locais, podem ser apelativas.

“Sempre evitei as armadilhas para turistas e fui onde os locais se encontram e onde a vida está a acontecer”, disse. “Talvez fosse mais mundano, mas como era uma cultura diferente, era muito, muito excitante.”

O anúncio de Oslo parece ter atingido as mesmas notas.

A investigadora Lauren A Siegel, professora de turismo e eventos na Universidade de Greenwich, em Londres, considera a promoção “brilhante e na moda”, apelando aos espectadores que se desencantaram com a vida em linha.

Segundo ela, os viajantes da Geração Z, que cresceram com as redes sociais, têm curiosidade em fazer viagens sem elas. “Já existe há quase uma década e, naturalmente, as gerações estão a mudar“, afirma. “As pessoas já ultrapassaram isso”.

Começaram a aperceber-se de que as redes sociais alteram a experiência de viajar, diz Siegel. “Oferecem uma visão glamourizada e não muito realista de um lugar. Cria uma desconexão com a cultura que nos rodeia. Estamos a perder a oportunidade. Quando se está constantemente ao telemóvel, cria-se um verdadeiro bloqueio.”

Mas quando os turistas se esquecem de obter gostos ou de impressionar os amigos no seu país, isso pode mudar a viagem. “Em vez de olharmos para baixo para o telemóvel, voltamos a olhar para cima. Abre todas as grandes oportunidades que perdemos. É uma coisa linda“, acrescenta Siegel.

A tendência tem vindo a ganhar força há vários anos. Em 2018, a cidade de Viena aproveitou o chamado “cansaço do Instagram” com uma campanha de turismo que exortava os visitantes a “Unhashtag” as suas férias, pousando o telemóvel.

As autoridades tinham notado que os visitantes da cidade histórica estavam a começar a mudar, diz Helena Steinhart, gestora de relações com os meios de comunicação internacionais do Conselho de Turismo de Viena que trabalhou na promoção.

“Vinham cá e corriam de um sítio para o outro, e passavam o dia inteiro a fazer as malas. E depois querem fazer vídeos e fotografias e ficar bem vistos. Parece que estavam sempre apressados e stressados, apesar de estarem de férias.”
A solução da cidade foi exortar os visitantes a “Aproveitar Viena. Não #Viena”. Os turistas foram orientados para os bairros da cidade, longe dos seus famosos museus e palácios.

Há algumas semanas, Steinhart disse que um colega do setor do turismo lhe enviou uma hiperligação para o vídeo de Oslo, referindo que este fazia eco de temas que Viena tinha abordado anos antes. “Talvez tenhamos sido demasiado prematuros”, disse.

Mas ela só tem elogios para o anúncio norueguês. “É um trabalho maravilhoso. Engraçado, simpático e muito bem executado”.

Oslo, uma cidade com pouco mais de um milhão de habitantes (que, por vezes, se considera o irmão mais novo das grandes capitais escandinavas, como Estocolmo e Copenhaga), está a apreciar o sucesso do vídeo, apesar de ter sido uma surpresa.

“Estamos a coçar um pouco a cabeça“, diz Anne-Signe Fagereng, diretora de marketing do VisitOSLO. “Não tínhamos a certeza de que o humor fosse realmente popular”.

A sua teoria é que a campanha atingiu um nervo ligado ao excesso de turismo. Tal como outros profissionais de viagens, ela tem observado como cidades como Barcelona, Veneza e Amesterdão se debatem com a sua popularidade e com as massas de visitantes. Ainda assim, não está preocupada com o facto de o vídeo viral do verão inundar a capital da Noruega com hordas de turistas obcecados pelo Instagram.

“Não acho que este filme vá mudar as coisas de um dia para o outro”, diz.

Jorfald concorda. Ele disse que, por enquanto, está feliz em chamar a atenção para sua cidade natal.

Tradicionalmente, a maioria dos visitantes da Noruega faz uma breve paragem na cidade antes de partir para o campo. “Vêm a Oslo e depois vão-se embora, o que é triste para eles”, diz. “Deviam ficar um pouco mais.”

ZAP // BBC



Adeus, ímanes do Pablo Escobar

ZAP

Pintura de Pablo Escobar nas ruas de Marraquexe, Marrocos

Fascínio pelo icónico barão da droga e o poder que emanava voam das prateleiras. Novo projeto de lei quer impedir “revitimização” das suas vítimas ao proibir o comércio de produtos com a sua cara. Nem os turistas se safam.

Estão em todo o lado — e não só na Colômbia.

Apesar de ter sido, além de barão da droga, responsável por atos bombistas, assassinatos, Pablo Escobar ainda é visto e celebrado em todo o mundo, mais de 30 anos depois da sua morte.

O icónico líder do cartel de Medellín continua entre nós sob a forma de ‘souvenirs’ (o lembranças, em português) e é uma grande fonte de rendimento para muitos colombianos.

T-shirts, chapéus, quadros, copos de shots ou até os tradicionais ímanes de recordação vendidos na Colômbia surgem com a cara d’El Patrón. Agora, há quem diga que tudo não passa de uma “romantização” de um dos períodos mais negros da história do país.

Serão cerca de 150 euros de multa para quem continuar a vender produtos relacionados com narcotráfico, caso os legisladores aprovem um projeto de lei apresentado esta semana no Congresso, que vai ser discutido algures nos próximos dias e em que se pede ao governo que investigue quantas pessoas vivem da venda de mercadorias relacionadas com Escobar e o valor desse mercado.

Os turistas não se livram: os que forem vistos a usar algum destes produtos poderão ser abordado pelas autoridades, mas ainda não se sabem mais contornos sobre a atuação da polícia sobre os viajantes infratores.

“Esses itens estão a revitimizar pessoas que foram vítimas de assassinos”, argumentou Cristian Avendaño, representante do Partido Verde colombiano que elaborou o projeto de lei. “Devemos proteger o direito de recuperação das vítimas e encontrar outros símbolos para o nosso país”, sublinhou.

Caso haja luz verde no Congresso, prevê-se um período de transição com vista o fim gradual da venda de todos os produtos relacionados com Escobar e narcotráfico.

Não podemos continuar a elogiar estas pessoas e agir como se seus crimes fossem aceitáveis“, disse Avendaño: “Há outras maneiras de as empresas crescerem e outras maneiras de vender a Colômbia ao mundo.”

Quanto às diversas agências que levam os turistas em passeios históricos que passam pelos locais ligados à vida do narcotraficante, ainda não se sabe o seu destino caso a lei siga em frente.

Lei “idiota”?

Embora seja uma figura incontornavelmente criminosa — que, entre muitos outros crimes, ordenou o assassinato de 4000 pessoas no espaço de menos de 20 anos —, Escobar é uma cara muito valiosa para os locais.

Desde a sua morte, a tiro, num telhado em Medellín às mãos de um dos 300 agentes da Agência Nacional de Investigações (DEA) que se dedicavam exclusivamente à sua captura, ‘Don Pablo’ tem sido retratado como um mafioso implacável e sem medo dos “todos-poderosos” Estados Unidos em documentários e até na série da Netflix, ‘Narcos’, que conta a sua história.

Na Colômbia, os seus esforços filantrópicos durante a sua tentativa política (construiu hospitais, estádios, casas e dava dinheiro vivo aos mais pobres em frente às televisões) chegaram a valer-lhe a alcunha de Robin dos Bosques e a simpatia de muitos colombianos.

Atualmente, o fascínio pelo barão e o poder que emanava voam das prateleiras — e talvez por isso a família do famoso traficante sul-americano tem insistido na aquisição de uma marca registada do seu nome.

No ano passado, o governo rejeitou o pedido de marca registada do nome de Pablo Escobar por parte da sua viúva e filhos. Queriam vender “produtos educacionais e de lazer”, mas a Superintendência do Comércio disse que tal “ameaçaria a ordem pública”. Este ano, a União Europeia rejeitou um pedido semelhante da família.

O setor do comércio colombiano defende que o novo projeto de lei é “idiota”: ‘se há procura, por que é que haveria de deixar de haver oferta?’, questionam.

“Acho que é uma lei idiota”, diz ao The Guardian um vendedor ambulante que negoceia ímanes e t-shirts com o rosto de Escobar. “Muitas pessoas vivem disto, não é uma tendência que eu inventei”, sublinha.

Quando se trabalha como vendedor, tenta-se vender o que é mais popular“, disse ao jornal outra comerciante de rua estabelecida em Bogotá. “Toda a gente tem a sua própria personalidade… se há pessoas que gostam de um assassino ou de um traficante de droga, a escolha é sua.”

Tomás Guimarães, ZAP //



O “Havai gelado”. Há uma vila dinamarquesa que se tornou um destino de surf improvável

Cold Hawaii / Flickr

Klitmøller, Dinamarca

Com uma grande herança na pesca, a pequena vila de Kitmøller na Dinamarca ganhou uma nova vida nas últimas décadas, quando se tornou um destino de eleição para o surf.

Klitmøller, uma pitoresca aldeia piscatória na costa noroeste da Dinamarca, transformou-se num vibrante spot de surf conhecido como Cold Hawaii, ou Havai gelado.

Esta metamorfose atraiu uma comunidade diversificada de recém-chegados que procuram um ritmo de vida mais lento junto ao mar, incluindo Mai Knudsen, uma antiga engenheira civil que deixou o seu emprego altamente stressante em Copenhaga para abrir um café de panquecas e abraçar um novo estilo de vida.

Aos 33 anos, Knudsen tinha alcançado sucesso profissional, mas sentia-se insatisfeita. “O trabalho era muito stressante“, recorda à BBC. “Passava os fins-de-semana sem fazer nada, só para me aguentar antes de voltar na segunda-feira.”

A sua primeira visita a Klitmøller mudou tudo. Mudou-se para a cidade costeira, transformando o seu sonho de ter um café em realidade. Hoje, Knudsen gere o Kesses Hus e passa a época baixa a fazer surf, encarnando o espírito da nova comunidade do Havai gelado.

A transformação de Klitmøller começou nos anos 80, quando foi descoberta pelo windsurfer alemão Christian Dach. O seu entusiasmo pelas ondas selvagens da zona espalhou-se, acabando por atrair surfistas de todo o mundo. Em 1994, um documentário sobre windsurf comparou a zona ao Havai, embora mais fria, cimentando a sua reputação na comunidade mundial do surf. No entanto, o fluxo de jovens surfistas causou inicialmente fricções com a comunidade piscatória local, que não estava preparada para a súbita mudança.

Preben Toft Holler, um residente e pescador de longa data, recorda o declínio da cidade após a transferência do porto para o vizinho porto de Hanstholm, em 1967. Klitmøller tornou-se uma cidade fantasma, até que a chegada dos surfistas começou a reavivar a sua sorte. “Já éramos muito poucos”, diz. A presença dos surfistas começou por gerar tensões, pois eram vistos como forasteiros que pouco contribuíam para a economia local.

Rasmus Johnsen, que se mudou para o Havai gelado em 2005, desempenhou um papel fundamental na promoção da cooperação entre surfistas e pescadores. Trabalhou com o governo local para apoiar a abertura de escolas de surf e lojas de aluguer, organizou competições internacionais de surf e promoveu o diálogo entre as duas comunidades. “Sem as duas, nenhuma delas estaria a viver em Klitmøller”, reflecte. A colaboração rejuvenesceu a cidade, misturando a sua herança piscatória com uma nova cultura de surf.

Uma mudança significativa nas atitudes ocorreu quando os netos dos pescadores começaram a fazer surf, fazendo a ponte entre os dois grupos. Atualmente, Klitmøller é uma comunidade próspera onde coexistem pescadores tradicionais e surfistas modernos. A cidade cresceu de 800 habitantes em 2000 para cerca de 1300, e o turismo está a crescer. Recém-chegados de todo o mundo, incluindo sul-africanos, brasileiros, australianos e alemães, fizeram da cidade a sua casa, muitas vezes trabalhando remotamente e contribuindo para a economia local.

O espírito de colaboração estende-se para além do surf. A orla marítima de Klitmøller está repleta de galerias, boutiques, padarias orgânicas e espaços de co-working. As tradições locais persistem, como dar às casas o nome dos anteriores proprietários e eventos comunitários como concertos de jazz e projeções de filmes em antigos estábulos. Tanto os pescadores como os surfistas orgulham-se de manter o encanto e a beleza natural da cidade.

O café de Knudsen, Kesses Hus, batizado com o nome do construtor naval que construiu a sua casa, simboliza esta mistura de velho e novo. Ela valoriza os pescadores que passam por lá com peixe fresco, fomentando um sentido de comunidade ao comer panquecas. Refletindo sobre a sua mudança, diz: “Eu sabia que podia realmente viver aqui“.

ZAP //



Lisboa e Porto no Top 10 de cidades europeias mais recheadas de turistas

Com 11 turistas por habitante, a capital portuguesa está entre as mais sobrelotadas da Europa. O Porto, com 10 turistas por habitante, está logo a seguir.

A Europa, com a sua rica tapeçaria de história, cultura e paisagens naturais, tem sido um destino de eleição para turistas de todo o mundo. No entanto, o fenómeno do turismo, apesar de ser um motor económico vital, cria desafios significativos em várias cidades icónicas.

Há vários locais que enfrentam uma sobrelotação que ameaça a qualidade de vida dos residentes e a preservação do seu património cultural — e Lisboa e Porto estão, de acordo com o portal de reservas de casas de férias Holidu, entre os 10 mais recheados de turistas.

1. Dubrovnik

Com dados fornecidos pelo Euromonitor International, a Holidu classifica Dubrovnik como líder na lista das cidades com maior número de turistas por residente, atingindo a impressionante marca de 27 turistas por habitante.

Este fluxo intenso transformou a cidade, conhecida pelo seu encanto arquitetónico e histórico, num verdadeiro ‘tsunami humano’, onde as ruas de pedra e as muralhas se tornam cenários abarrotados de pessoas em busca da foto perfeita, exacerbado pelo fenómeno ‘Game of Thrones’, escreve o portal.

2. Rodes

Em segundo lugar, encontra-se Rodes, na Grécia, com 26 turistas por habitante. Famosa pela sua Cidade Velha e praias idílicas, a ilha agora luta para manter a sua serenidade, com as suas ruelas e costas a serem invadidas por um número avassalador de visitantes. Contudo, ainda existem refúgios de tranquilidade na ilha, como a Baía de Vlycha e Gennadi, que permitem aos turistas uma experiência mais autêntica e menos massificada.

3. Veneza

Veneza, a icónica cidade flutuante, ocupa a terceira posição com 21 turistas por residente.

Este excesso está a levar a cidade a uma situação insustentável, onde os canais e edifícios históricos começam a mostrar sinais evidentes de desgaste.

Apesar deste cenário, ainda é possível encontrar a magia de Veneza explorando áreas menos conhecidas como o Castello ou experiências culturais como a música no Musica A Palazzo.

4. Heraklion

Heraklion, com a sua rica história e belas praias, continua a ser um destino encantador, apesar do turismo em massa que já atingiu os 18 turistas por habitante.

5. Florença

Florença, por outro lado, enfrenta uma crise de sobrelotação que compromete sua estética e atmosfera: são 13 turistas por habitante.

A imposição de uma taxa de turismo pela cidade é uma tentativa de gerir este fluxo e preservar sua integridade cultural e artística.

O restante da lista inclui cidades como Reykjavik (6.º) Amesterdão (7.º) onde foram implementadas medidas para controlar o impacto do turismo como, por exemplo,  proibição de novas lojas de souvenirs no centro histórico.

Em Lisboa, que chega em oitavo lugar e no Porto,em nono lugar, com 11 e 10 turistas por habitante, respetivamente, também foram adotadas medidas recentemente, nomeadamente de controlo e regulação dos tradicionais tuk-tuks.

ZAP //



Uma ilha assombrada por 15 fantasmas e com uma praia privada está à venda

Janipewter / Wikimedia

Ilha de Drake

A apenas 600 metros de Plymouth, a ilha de Drake já foi um bastião militar do Reino Unido — e até estará assombrada por fantasmas de antigos soldados.

Uma ilha de seis acres ao largo da costa de Devon, a ilha de Drake, foi colocada à venda. A ilha, que possui uma praia privada, fortificações históricas e autorização de planeamento para um hotel de luxo, está localizada apenas a 600 metros de Plymouth.

A ilha tem sido um local de defesa militar durante séculos, com canhões do século XVIII incluídos na venda, explica a Sky News.

Facilmente acessível através de uma curta viagem de barco, a ilha de Drake está repleta de história militar. Possui antigas casernas, baterias de artilharia, poços de obuses e armazéns subterrâneos de pólvora. O edifício mais antigo registado data de 1135, marcando mais de 2000 anos de história na ilha.

O atual proprietário, o empresário local Morgan Phillips, comprou a ilha em 2019 por 6 milhões de libras e, desde então, deu o consentimento para a construção de um hotel com 43 camas.

Phillips enfatiza o potencial da ilha para aumentar o apelo de Plymouth como destino turístico. “Plymouth está a tentar tornar-se um destino – está a chegar lá, há um longo caminho a percorrer para isso”, explicou.

Baptizada com o nome de Sir Francis Drake, que partiu da ilha para circum-navegar o globo em 1577, a Ilha de Drake não tem um preço de orientação fixo. No entanto, prevê-se que os custos de renovação rondem os 25 milhões de libras.

Ali Rana, da consultora imobiliária Carter Jonas, que está a supervisionar a venda, salienta o potencial para converter os anexos existentes em quartos e, possivelmente, utilizar o local como local para casamentos, com um restaurante ou café.

Além disso, qualquer novo proprietário poderá partilhar a ilha com os seus 15 fantasmas residentes, todos eles antigos militares.

“Se acreditam nos médiuns que vêm aqui… eles são todos soldados britânicos. Eles estão aqui para nos proteger. Foi o que fizeram quando estavam vivos e é o que ainda fazem!”, diz Phillips.

Apesar da presença sinistra, Phillips garante que todas as actividades paranormais na ilha são benignas, acrescentando um encanto único a esta já fascinante propriedade.

ZAP //



O “passeio mais romântico do mundo” reabre em Itália, 12 anos depois

PROPOLI87 / Wikimedia

Via dell’Amore / Caminho do Amo / Siena, Itália

O trilho mais romântico das Cinque Terre esteve encerrado durante 12 anos, mas graças a novas medidas de segurança está prestes a reabrir aos visitantes.

O trilho para caminhadas mais romântico das Cinque Terre – apropriadamente apelidado de Via dell’Amore (Caminho do Amor) – vai reabrir em Itália a 27 de julho, 12 anos após o deslizamento de terras de setembro de 2012 que feriu quatro turistas australianos e pôs em evidência a extrema necessidade de renovações e de medidas de segurança acrescidas na zona.

O percurso pedestre de 800 metros, esculpido em penhascos íngremes com vistas deslumbrantes sobre o mar da Ligúria, tem uma história de 104 anos e um futuro que depende crucialmente da preservação das paisagens costeiras de Itália.

Antes de ser encerrada em 2012, esta rota deslumbrante era um dos troços mais populares da rede de 130 km de trilhos que atravessam as “cinco terras” que dão o nome a Cinque Terre, ligando os borghi (aldeias) medievais multicoloridos de Riomaggiore e Manarola.

Ironicamente, nunca ninguém planeou construir o Caminho do Amor. Atualmente, Riomaggiore e Manarola – aldeias “verticais” empoleiradas em rochedos majestosos com casas empilhadas umas sobre as outras como bolas de gelado em tons pastel – atraem milhões de turistas internacionais, todos em busca de uma fantasia italiana tecnicolor. Mas, originalmente, eram simples povoações de agricultores marítimos (e não de pescadores, como muitas vezes se pensa erradamente); ligadas apenas por um antigo trilho sobre um pico íngreme, tão difícil de atravessar que a comunicação era escassa e as duas pequenas aldeias falavam dialetos diferentes.

Mas, durante a construção da linha férrea entre as cidades de Génova e La Spezia, no final do século XIX, foram escavadas nas falésias partes de um caminho de pedra para os trabalhadores e burros que transportavam materiais e explosivos para escavar os túneis do comboio.

Os habitantes locais viram uma oportunidade para ligar os dois caminhos fragmentados. Fabrizia Pecunia, a atual presidente da Câmara de Riomaggiore, explica: “Viram este pedaço de estrada [de serviço ferroviário] do lado de Riomaggiore, e este outro troço do lado de Manarola, e pensaram: ‘Porque não criamos uma ligação? A construção do novo caminho pedonal começou em 1920 e terminou cerca de 11 anos mais tarde. “O meu avô Brizio Bonanini foi uma das pessoas que o construiu”, diz Pecunia. “E eu tenho muito orgulho nisso.”

Com vistas lânguidas do mar ao pôr do sol e uma paisagem rochosa dramática sobre as ondas que rebentam a cerca de 30 metros de profundidade, este trilho plano e fácil de percorrer depressa se tornou uma solução ideal e prática para uma noite de encontro, não muito longe dos centros medievais das aldeias. Foi então que um anónimo com jeito para as marcas escreveu Via dell’Amore na parede rochosa, dando assim ao caminho o seu nome romântico. Cinquenta anos mais tarde, na década de 1970, os responsáveis locais aperceberam-se disso e instalaram bancos dedicados a figuras mitológicas da paixão, de Cupido a Eros.

O único problema é que o Caminho do Amor foi construído numa encosta íngreme e desmoronada, numa região cujo terreno provoca frequentes deslizamentos de terras. “É uma zona obviamente perigosa – uma zona muito bonita porque está junto ao mar – mas obviamente perigosa”, explica Francesco Faccini, geólogo da Universidade de Génova. “Não é por acaso que o antigo caminho original foi construído por cima da montanha [e não de lado]. Inevitavelmente, cortar a base de uma encosta leva a desmoronamentos.”

Toda a Cinque Terre é um jogo do homem com a natureza. “Estas eram as terras da ‘viticultura heróica’”, diz o geólogo Domenico Calcaterra, da Universidade de Nápoles, ”terras de uma agricultura dramática e perigosa. Homens e mulheres trabalhavam em caminhos muito estreitos ao longo de encostas impermeáveis e os acidentes não eram raros.”

Ao longo dos séculos, os habitantes construíram muros de pedra seca para sustentar os socalcos, onde cultivavam oliveiras e vinhas. “É uma paisagem única”, acrescenta Donatella Bianchi, presidente do Parque Nacional de Cinque Terre. “É vertical, com 130 km de caminhos criados por homens que transformaram as montanhas para as cultivar e sobreviver.”

Com o advento do turismo na década de 1950, a agricultura na área foi abandonada e a manutenção dos muros de pedra foi negligenciada, enquanto a mudança climática progressivamente viu a mesma quantidade de chuva anual concentrada em menos tempestades, mais pesadas.

“Como infelizmente acontece muitas vezes no nosso país, só se desenvolveu uma nova consciência [ambiental] no rescaldo de uma tragédia”, diz Calcaterra, referindo-se aos dois anos de deslizamentos de terras e cheias dramáticas entre 2011 e 2012. A nova direção do parque decidiu então aprofundar a atenção ao ambiente e criou o Centro de Estudos de Riscos Geológicos, onde Calcaterra trabalha. Começaram também a apoiar a agricultura com incentivos aos agricultores, fornecendo pedras para fixar os muros secos e barbatelle (estacas de videira) para a produção do prestigiado vinho local, o passito branco doce Sciacchetrà.

“Hoje, as comunidades que criaram esta maravilhosa paisagem, incluindo aqueles caminhos muito importantes, poderão apreciar novamente a sua beleza”, diz Bianchi.

Mas porque é que foram necessários 12 anos para reabrir um caminho de 800 metros? A ministra do Turismo, Daniela Santanchè, que irá inaugurar o trilho no final deste mês, ri-se com esta pergunta: “Já viste a Ligúria? É uma região fina que se eleva abruptamente do mar. Tivemos de aproveitar toda a montanha e certificarmo-nos de que tudo estava completamente seguro”.

“Custou um total de 22 milhões de euros”, acrescenta o Presidente da Câmara de Pecunia, descrevendo como as várias entidades locais e nacionais envolvidas tiveram de recolher fundos, acordar um plano, passar por toda a burocracia e, finalmente, construir um sistema de arneses, redes e âncoras para evitar quedas de rochas e proteger o caminho, sem arruinar a sua beleza natural. “E agora, se fores, vais-te apaixonar por ela”, pensa Santanchè. “Não é por acaso que se chama Caminho do Amor.”

Os visitantes poderão voltar a percorrer o caminho a partir de 27 de julho, reservando o seu bilhete online ou nas bilheteiras do parque. O parque, um dos mais pequenos mas mais densamente povoados de Itália, com 4000 habitantes em 3800 hectares, espera monitorizar o número de visitantes e informar os turistas sobre a lotação do parque antes da sua chegada.

Curiosamente, embora as cerimónias de casamento completas no Caminho do Amor tenham de esperar pela abertura, no próximo ano, do pequeno anfiteatro do caminho que funciona como jardim botânico, o Presidente da Câmara, Pecunia, garante que os casamentos muito íntimos, com poucos convidados e sem bebidas ou receção, serão permitidos a partir deste verão. Afinal, ninguém pode realmente controlar o romance e quem troca votos no Caminho do Amor.

ZAP // BBC



Fingir até conseguir. Agente de viagens só trabalha com clientes que ganhem 100 milhões/ano

Sienna Charles

Jaclyn Sienna India

Depois de 5 anos como empregada de mesa, Jaclyn Sienna India fundou uma agência de viagens exclusiva, com experiências únicas, destinada a uma clientela muito, muito restrita. Esperou, sem clientes, o tempo que foi necessário — e diz que o seu segredo é saber que o luxo não é tudo.

Quando em 2008 Jaclyn Sienna India fundou a Sienna Charles, a sua “boutique de concierge de viagens”, propunha-se oferecer as mais exclusivas experiências de viagem e um estilo de vida ultra-luxuoso — a quem o pudesse pagar.

Começou sem clientes, e assim continuou durante bastante tempo, mas estava determinada a manter a sua estratégia de marketing. “Fake it until you make it“, fingir até conseguir.

“O meu marido pensava que eu era a pessoa mais burra do mundo, porque recebíamos telefonemas de pessoas a dizer: ‘Vi o vosso artigo. Adorava ir à Disney‘ ou ‘Queremos ir passar o fim de semana a New Jersey’“, contou à Business Insider.

“E eu dizia: ‘Oh, lamento, estamos tão ocupados, estamos mesmo esgotados esta época com pessoas de elevado património líquido‘. Mas eu não tinha clientes“, confessa a empreendedora.

Dezasseis anos depois, no entanto, fingir valeu a pena.

India conta agora, entre os seus clientes, com vários líderes mundiais, incluindo o antigo Presidente George W. Bush, e celebridades como Mariah Carey.

Os seus serviços estão reservados a clientes que ganhem mais de 100 milhões de dólares por ano, algo como 92 milhões de euros anuais . Por outras palavras, pessoas que já têm tudo.

Então, o que é que India oferece que os seus clientes não conseguem obter por si próprios? “Os meus clientes são muito mais poderosos do que eu, conhecem muita gente”, explica”. “Mas não é isso que faz as coisas acontecerem. É o cuidado. É liderar com o coração“.

Fui empregada de mesa durante cinco anos antes de começar o meu negócio. Percebo o que faz as pessoas vibrarem. E prestar atenção e preocupar-me com essas pessoas é fundamental”, conta a concierge.

A Sienna Charles orgulha-se de ter um “livro negro” com mais de 2000 relações da sua fundadora na indústria de hospitality — incluindo iates, hotéis e restaurantes de luxo.

Esta construção de relações, que permite a India ligar-se a pessoas que trabalham na indústria hoteleira, permitiu-lhe também criar experiências de viagem e gastronómicas únicas para os seus clientes.

“Os meus clientes explicam-me o que querem, porque já o vêem. Só não têm as ferramentas, o tempo, o acesso e a criatividade para o conseguir realizar”, afirma India. “Um dos meus dons tem sido compreender essa visão com apenas algumas palavras e, em seguida, entregar-lhes isso.”

Mas o objetivo da Sienna Charles para os seus clientes não é simplesmente levá-los aos locais mais glamorosos ou exclusivos — é também garantir que a experiência final vale realmente a pena.

“Não acho que o French Laundry, em Napa, seja assim tão excitante“, diz India, referindo-se a um restaurante californiano com três estrelas Michelin. “Por isso, não o vendo“, continuou.

Podemos meter lá alguém? Claro que sim. Mas penso que o que estão a fazer na Single Thread Farms, ao fundo da estrada, é muito mais interessante“, conta India.

Embora sublinhe que o seu objetivo é proporcionar aos seus clientes a melhor experiência individual — e não apenas a mais luxuosa – o que oferece é frequentemente um evento único.

Numa ocasião, organizou um jantar à luz das velas em Versalhes. Noutra ocasião, o seu cliente tomou um brunch no Arco do Triunfo. “Também gostamos de combinar refeições com encontros com grandes personalidades“, explicou India.

Mas, por vezes, o que os seus clientes querem é mais simples.

Quando George W. Bush viajou para a Etiópia, India assegurou-se de que iria encontrar o conforto de casa — manteiga de amendoim e cerveja sem álcool. O antigo presidente foi também recebido por dezenas de crianças com bonés de basebol dos Texas Rangers, de que tinha sido proprietário.

Preocupo-me genuinamente com as pessoas“, explica.

India diz que passa o dia a falar com toda a gente, do motorista de táxi aos empregados dos restaurantes, para encontrar as opções mais interessantes para os seus clientes. “O mundo não é só luxo. O mundo não é só experiências extravagantes. É tudo. E os meus clientes querem experiências autênticas.”

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Porto proíbe tuk-tuks no centro histórico

HombreDHojalata / Wikimedia

Tuk-tuks, no Porto

A circulação de tuk-tuks e outros transportes ocasionais, no centro histórico do Porto passará, em 2026, a ser proibida.

A Câmara do Porto vai avançar com a criação de uma zona de restrição a circuitos turísticos não autorizados e transportes ocasionais.

A partir de 2026, os tuk-tuks deixam de poder andar no coração da cidade Invicta.

De acordo com o Jornal de Notícias, esse tipo de veículos vai ter uma área limite.

A circulação será proibida entre o Parque das Camélias e o parque de estacionamento da Alfândega. Como detalha ainda o matutino, “a área de restrição ficará compreendida entre a Rua de Gonçalo Cristóvão e o Túnel da Ribeira, com limites entre as ruas dos Bragas, de Cedofeita, da Restauração e da Bandeirinha, da Alegria e de Fernandes Tomás”.

Esta decisão prende-se com o “aumento da pressão no uso do espaço público, causado pelo transporte individual, pelo transporte público de passageiros e pelo transporte ocasional e turístico” – cita o JN.

A proposta foi apresentada esta segunda-feira, pelo adjunto do presidente da Câmara para a área dos transportes, André Brochado.

O matutino avança que os comboios turísticos também vão sair do centro da Invicta em 2026.

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