Há uma verdadeira corrida de turistas para a trepar pelo dorso vermelho de Uluru, o rochedo mais famoso da Austrália, que se ergue a 348 metros sobre as planícies áridas do centro da ilha.
“Está muito concorrido neste momento e, em grande medida, isso tem a ver com o encerramento da subida”, admite Stephen Schwer, diretor-executivo do Turismo da Austrália Central, em declarações ao New York Times. “A popularidade está a causar pressão na infra-estrutura existente.”
O rochedo, também conhecido por Ayers Rock, é considerado um local de culto pelo povo aborígene Anangu. De acordo com um porta-voz do Parks Australia, “desde a devolução de Uluru aos seus ‘proprietários tradicionais’ em 1985, que os visitantes são encorajados a compreender e a respeitar o povo Anangu e a sua cultura”.
No sopé do rochedo, entre a zona de estacionamento e o trilho utilizado pelos turistas para subir o rochedo, encontram-se várias placas informativas e mensagens colocadas pelos Anangu a pedir aos visitantes para não subirem, em respeito pelos seus costumes. “Esta é a nossa casa.”
Em causa, referem os avisos, está também a segurança dos caminhantes: desde os anos 1950 que há registo de, pelo menos, 37 mortos.
Em 2017, a direção do Parque Nacional Uluru-Kata Tjuta, classificado como Património Mundial pela UNESCO, decidiu unanimemente transformar o apelo numa regra: a partir de 2019, a subida ao topo do rochedo estaria proibida. A data seria, entretanto, estabelecida para 26 de outubro.
“Uluru não é um parque temático como a Disneylândia”, afirmava Sammy Wilson, representante da comunidade indígena. “Queremos que venham, que nos oiçam e que aprendam.”
Cerca de 87% dos visitantes opta por não subir ao topo de Uluru. No entanto, desde que a interdição foi anunciada, tem aumentado o número de pessoas a visitar o parque nacional – cerca de 370 mil em 2018, mais 20% do que no ano anterior.
Várias entidades locais têm alertado para o agravar da situação no último mês. Com os parques de campismo cheios e as unidades de alojamento lotadas, muitos turistas estarão a acampar ilegalmente em propriedades privadas ou à beira das estradas, deixando lixo pelo caminho e pondo em causa o delicado ecossistema do deserto.
Mas a interdição anunciada não será a única razão para o aumento dos visitantes. A introdução de voos directos de Darwin e de Adelaide para o aeroporto de Ayers Rock, iniciados em abril, e o período de férias escolares também estarão a contribuir para a afluência de turistas.
Para fazer face à interdição e continuar a atrair turistas, as diferentes entidades e empresas ligadas ao sector estão a estudar novas atividades e pacotes turísticos.