As autoridades pró-Turquia no Chipre reabriram parcialmente, nesta quinta-feira, a praia de Varosha. A praia encontrava-se fechada desde 1974, altura em os turcos invadiram a ilha num confronto com tropas pró-Grécia que causou a divisão do país, localizado no leste do Mediterrâneo.
Centenas de pessoas entraram em Varosha esta quinta-feira – acompanhadas por controlo policial – perto da cidade portuária de Famagusta, informaram os jornalistas da agência France Presse.
Desde os anos 70 que parte da ilha – o Chipre do Norte – é controlada por turco-cipriotas, mas é reconhecida pelo governo da Turquia como país independente. No entanto, a comunidade internacional reconhece apenas a República do Chipre.
Na altura, os habitantes cipriotas gregos de Varosha fugiram após os avanços das tropas turcas em 1974. A zona ficou sob controle militar turco, isolada e abandonada, acabando por ficar devastada com tempo. A praia tornou-se assim um símbolo da divisão do país. O local fica perto da fronteira entre norte e sul, diz o The Guardian.
A “invasão” foi vista como forma de chamar à atenção para as eleições presidenciais do Chipre do Norte, marcadas para este fim de semana e que contam com o apoio da Turquia. O próprio presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, comemorou a reabertura de Varosha.
Na eleição, o primeiro-ministro do Chipre do Norte, Ersin Tatar, — não reconhecido pela comunidade internacional — enfrenta Mustafa Akinci.
Contudo, Nicos Anastasiades, o presidente de Chipre que é reconhecido internacionalmente, classificou a medida como “ilegal”. O presidente condena assim a ação e diz que vai entrar com um recurso junto do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Também a Rússia já se manifestou, e considerou a reabertura da praia “inaceitável”.
António Guterres, o secretário-geral da ONU, e Josep Borrell, diretor de política externa da UE, expressaram preocupação com uma ação que, segundo eles, pode aumentar as tensões na região.
Ainda assim, as autoridades cipriotas turcas insistem que a medida é benéfica para todos e que os direitos dos proprietários de propriedades cipriotas gregas não são afetados, uma vez que apenas a praia foi aberta.