As autoridades nepalesas esperam retirar cerca de dez toneladas métricas de lixo e até cinco corpos do pico mais alto do mundo.
Todas as primaveras, centenas de alpinistas de todo o mundo viajam para os Himalaias na esperança de chegar ao cume do Monte Evereste, a montanha mais alta do mundo.
Ao fazerem a lenta, árdua e por vezes fatal viagem até ao cume, deixam para trás lixo, equipamento e dejetos humanos.
As autoridades implementaram recentemente novas regras para ajudar a reduzir o problema do lixo no Evereste. Mas, entretanto, o pico com mais de 8800 metros de altura continua cheio de detritos.
Esta semana, as tropas nepalesas iniciaram a sua campanha anual de limpeza na montanha. 12 membros das forças armadas nepalesas chegaram ao acampamento base do Everest para a chamada “Campanha de Limpeza da Montanha”, iniciativa lançada em 2019 em parceria com a Unilever, recorda a CNN.
Segundo o Himalayan Times, com o apoio de 18 sherpas, os militares irão remover de cerca de dez toneladas métricas de lixo e detritos do Monte Evereste e dos picos vizinhos, Monte Lhotse e do Monte Nuptse.
Os membros da expedição tentarão também tentarão trazer os corpos de cinco alpinistas que morreram em escaladas ao Everest. O ano passado foi uma das épocas mais mortíferas de que há registo: doze alpinistas morreram, enquanto outros cinco desaparecidos estarão presumivelmente mortos.
Segundo o Smithsonian, mais de 300 alpinistas morreram a tentar chegar ao cume do Evereste desde que o local começou a ser explorado como ponto turístico e destino de aventura, no início do século XX.
Alguns são apanhados em avalanches ou caem em fendas, enquanto outros sofrem de problemas médicos fatais, como queimaduras pelo frio ou edema cerebral de altitude, doença que provoca inchaço no cérebro.
Os peritos afirmam que as alterações climáticas causadas pelo homem foram, pelo menos em parte, responsáveis pelo elevado número de mortes registado no ano passado.
“A principal causa são as mudanças do clima”, disse em 2023 ao The Guardian o diretor do departamento de turismo do Nepal, Yuba Raj Khatiwada. “Esta época as condições climatéricas não foram favoráveis; foram muito variáveis. As alterações climáticas estão a ter um grande impacto nas montanhas“.
No ano passado, o governo do Nepal emitiu mais de 450 autorizações para alpinistas que queriam chegar ao cume do Evereste. Cada autorização custa milhares de dólares – para além das somas avultadas que os alpinistas pagam frequentemente às empresas de guias.
Alguns críticos argumentam que o governo está a emitir demasiadas autorizações, e acusam as empresas de guias de baixo custo de aceitarem clientes inexperientes, preocupando-se pouco com a segurança dos alpinistas.
“As pessoas com pouca ou nenhuma experiência que reservam expedições com poucos recursos estão a expor-se a riscos enormes”, disse Caroline Pemberton, proprietária da Climbing the Seven Summits, à revista Outside.
A época do Evereste deste ano vai começar em breve.
Nos últimos anos, as autoridades anunciaram novos regulamentos destinados a melhorar a segurança e a reduzir o lixo no Evereste.
Os alpinistas são obrigados a alugar e usar um dispositivo eletrónico de localização, a recolher e a transportar os seus próprios resíduos para o acampamento base e a depositar uma dispendioso taxa sobre o lixo que presumivelmente vão fazer.
Só recebem o depósito de volta se regressarem com pelo menos 8 quilos de lixo.