Um fogo florestal atingiu este domingo a zona interditada da central nuclear de Chernobyl, mas as informações sobre o aumento dos níveis de radiação são contraditórias.
O fogo já consumiu 100 hectares de floresta, disse Yehor Firsov, responsável pelos Serviços de Inspeção Ecológica da Ucrânia. “Há más notícias. A radiação está acima do normal no epicentro do incêndio. Como veem no vídeo, os indicadores de aparelhos são 2,3″, lê-se na publicação do Facebook de Yehor Firsov.
Segundo a France Presse, os serviços de emergência que enviaram para o local 130 bombeiros e dois aviões de combate a fogos referem que os níveis de radiação aumentaram na zona do incêndio, facto que está a dificultar o combate às chamas.
As informações sobre os níveis de radiação são contraditórias, visto que outras fontes oficiosas indicam que a situação está dentro da normalidade.
De acordo com o jornal Kyiv Post, mais de 140 incêndios deflagraram na região de Kiev nos últimos 12 dias. Este domingo, o fogo situa-se na Zona de Exclusão de Chernobyl, de cerca de 30 quilómetros, e que foi estabelecida após o desastre de 1986.
Toda a zona foi evacuada há 33 anos, apesar de cerca de 200 pessoas ainda viverem no local, ignorando, desde os anos 1980, as ordens que foram emitidas para abandonarem o local.
Em 2017, os serviços de emergência ucranianos enfrentaram um incêndio na zona perto do terceiro reator da central que foi encerrado em dezembro de 2000.
Nos últimos meses disparou o número de turistas que visitou a zona do desastre e que em agosto de 2019 alcançou os 75 mil visitantes, atraídos pelo “turismo radical” e pelo interesse provocado pela série de televisão “Chernobyl”.
O acidente ocorreu a 26 de abril de 1986, durante um teste da estação que simulava uma falha de energia, resultando num incêndio que durou nove dias. A quantidade de mortes, ainda hoje, é caso de discussão, não havendo um número oficial. A explosão causou 31 mortes diretas, mas expôs milhões de pessoas a níveis de radiação perigosos. Houve 134 mil pessoas hospitalizadas. A catástrofe é considerada a maior de origem nuclear da história.
A Organização das Nações Unidas (ONU) previu até nove mil mortes relacionadas com cancro em 2005 e a Greenpeace estimou até 200 mil mortes.
Apenas cerca de 150 idosos vivem na zona de exclusão. As autoridades dizem que só será seguro para os humanos morarem lá novamente em 24 mil anos, segundo a AFP, embora os turistas possam visitar o local por curtos períodos de tempo.