Segunda-feira, Junho 9, 2025
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A crise descolou: Companhias aéreas voam para o melhor ano de sempre

As companhias aéreas esperam transportar este ano quase cinco mil milhões de passageiros em todo o mundo, superando o recorde estabelecido em 2019, antes da pandemia de covid-19.

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) anunciou, esta segunda-feira, que 2024 vai superar todos os recordes no que concerne às viagens de avião, preparando para ser o melhor ano de sempre.

A principal organização de companhias aéreas, reunida em assembleia geral no Dubai (Emirados Árabes Unidos), também prevê que as empresas venham a gerir um lucro líquido global de 30,5 mil milhões de dólares (28,1 mil milhões de euros) em 2024, num volume de negócios sem precedentes de 996 mil milhões de dólares (917,8 mil milhões de euros).

Estes resultados esperados representam “um enorme sucesso dadas as graves perdas recentes devido à pandemia”, observou o diretor geral da IATA, Willie Walsh, aos delegados da organização, que reúne 320 companhias aéreas que representam 83% do tráfego global.

Os 4,96 mil milhões de passageiros esperados para este ano superam o recorde de 4,54 mil milhões de 2019. As previsões da associação até agora apontavam para 4,7 mil milhões de viajantes aéreos em 2024.

Descolagem gradual da crise

A crise sanitária mergulhou o setor aéreo em perdas enormes, avaliadas pela IATA em 183 mil milhões de dólares (168,6 mil milhões de euros) entre 2020 e 2022.

Os 30,5 mil milhões de dólares (28,1 mil milhões de euros) de lucros previstos para este ano representam um aumento em comparação com os 25,7 mil milhões de dólares (23,6 mil milhões de euros) até agora projetados pela IATA.

A organização estima que, em 2023, as companhias aéreas terão faturado 27,4 mil milhões de dólares (25,2 mil milhões de euros), face aos 23,3 mil milhões (21,4 mil milhões de euros) das projeções anteriores, de dezembro passado.

// Lusa



Há uma ilha no Mediterrâneo onde os caminhantes podem ficar de graça

Simon / Pixabay

Praia na Sardenha, Itália

Um novo e aliciante programa está a tentar transformar um canto acidentado de Sardenha num paraíso para os amantes da vida ao ar livre.

Reconhecida pelas suas praias imaculadas e pelas dramáticas falésias de granito, a ilha italiana da Sardenha é desde há muito conhecida como o paraíso dos jet-setters. No entanto, longe dos mega iates e dos glitterati da sua glamorosa estância balnear da Costa Smeralda, grande parte da segunda maior ilha do Mediterrâneo continua a ser uma região selvagem e intocada à espera de ser explorada.

Agora, um grupo de caminhantes e antigos mineiros espera atrair os aventureiros para a raramente visitada costa sudoeste da Sardenha, oferecendo alojamento gratuito ao longo dos 500 km da impressionante Rota Mineira de Santa Bárbara.

Baptizada com o nome da santa padroeira dos mineiros, a rota de 30 etapas passa por imponentes dunas de areia, florestas luxuriantes, afloramentos escarpados e cerca de 150 minas abandonadas. Também oferece aos viajantes muitas oportunidades para conhecerem os sardos locais e desfrutarem da famosa gastronomia da ilha.

“Antes da minha viagem, não sabia nada sobre a história desta parte da Sardenha”, disse Giorgio Pedulla, um analista de dados de 26 anos de Milão que passou cinco dias a fazer o trilho em março. “Nesta caminhada, consegue-se realmente entrar na cultura e na vida das pessoas que lá vivem.”

Pedulla estava a tirar partido da nova iniciativa Leg’s Go In Cammino do trilho, lançada em outubro de 2023 e que oferece aos visitantes com menos de 35 anos até três noites consecutivas de alojamento gratuito. Quando os caminhantes se registam, recebem vales para utilizar em estalagens, parques de campismo e pensões locais. Após as estadias gratuitas, pagam as tarifas normais de 20 euros por noite nas posadas (pequenas estalagens de estilo familiar) e de 28 euros por noite nos alojamentos privados.

Os pormenores

Para receber os três vales de alojamento gratuitos, os jovens caminhantes têm de comprar um passaporte de caminhante de 5 euros e fazer um pequeno donativo através do sítio Web do Cammino. Os vales podem ser utilizados até 15 de dezembro de 2024, mas não durante o período de 16 de junho a 14 de setembro.

“Queríamos diminuir a idade média dos nossos visitantes, de reformados para pessoas na casa dos 20 e 30 anos. Também é muito importante para nós dar a conhecer às pessoas a história deste trilho”, afirmou Margherita Concu, de 30 anos, secretária da associação e caminhante que percorreu todos os 500 km do trilho. “Queremos que as pessoas conheçam esta comunidade, um lugar que nem mesmo alguns sardos conhecem.”

Para além das paisagens, explorar o trilho dá aos caminhantes a oportunidade de se abastecerem com a famosa cozinha da Sardenha e com ingredientes hiperlocais. Os viajantes podem provar a massa de atum rabilho na aldeia de Carloforte, as famosas cebolas doces da ilha em San Giovanni Suergiu; alcachofras espinhosas em Masainas, grão-de-bico em Musei e as famosas cerejas e laranjas de Villacidro. Ao longo do caminho, os visitantes absorvem a história antiga da região, com locais que reflectem as raízes emaranhadas da ilha e a sua vulnerabilidade às forças conquistadoras externas.

Mesmo para os italianos que já estiveram na Sardenha, o trilho é uma revelação.
“Eu já tinha visto a parte turística, com praias lotadas, mas nunca tinha visto essa parte mais real da Sardenha”, disse Pedulla, que descobriu a promoção de hospedagem gratuita enquanto navegava no Instagram. Convidou dois amigos que vivem em Amesterdão, Carlo Fuselli e Cecile Van Der Stappen, e todos eles gostaram das ligações que fizeram com os habitantes locais.

“Quero dar um grande aplauso às pessoas que trabalham no trilho. Deram-nos as boas-vindas e começaram a contar-nos as suas histórias. Alguns deles tiveram pais ou familiares que foram mineiros, por isso esta é a sua história pessoal, não apenas a dos livros”, disse Pedulla.

Em contraste com a vida em Milão, Pedulla diz que as pequenas aldeias da Sardenha que ele e os seus amigos visitaram estavam cheias de pessoas prontas a recebê-los e a fazê-los sentir como parte da comunidade.

“Parecia que em todos os sítios onde parávamos, toda a gente tinha um primo”, ri-se Pedulla. Se perguntávamos onde comer, era: “O meu primo tem um restaurante ótimo!”. Quando queríamos lavar a roupa, diziam: ‘O meu primo tem uma lavandaria!’.”
Entre os destaques de Pedulla: uma paragem na pequena aldeia de Masua, de frente para as gigantescas pilhas de mar Pan di Zucchero, onde, para além dos seus anfitriões de alojamento e pequeno-almoço, Pedulla e os seus amigos constituíam a única população.

Houve também uma tarde de visita guiada a Porto Flavia, uma instalação de mineração de zinco e chumbo dos anos 20 construída diretamente nas falésias com vista para a água, seguida de um “super almoço” de presunto e queijo fatiados, bruschetta e pratos de lasanha.

O dia mais exigente, um trajeto de sete horas e 20 km de Masua até à cidade de Buggerru, foi o preferido de Pedulla.

“Essa parte da costa é muito íngreme, por isso anda-se em cima de grandes rochas que [parecem cair] diretamente no mar”, disse. “Durante todo o dia, tem-se uma vista maravilhosa.”

O trio terminou a sua aventura com uma caminhada fácil desde Buggerru, passando por um museu mineiro, por uma caverna de calcário coberta por um milénio de conchas de caracóis incrustadas e por uma gruta de água fria, até às dunas de Portixeddu. Aí, nadaram e relaxaram no restaurante Golfo di Leone, banqueteando-se com porceddu (leitão assado envolto em folhas de murta), acompanhado por um vinho local Cannonau forte e vermelho-rubi.

“As caminhadas são muito cansativas para o corpo, mas muito relaxantes para a mente. Eu estava à espera dessa sensação”, disse Pedulla. “[Mas] o que me surpreendeu foi a parte cultural de conhecer pessoas.”

Enquanto Pedulla e os seus amigos procuravam companhia, Jiseon Moon, um intérprete de coreano, italiano e inglês de 33 anos, que vive em Bergamo, aproveitou a oportunidade para ficar sozinho.

Moon descobriu o trilho através do seu marido, Alessio Taormina, que o filmou para o seu próximo documentário, In Sa Terra, sobre o sentido de identidade dos sardos e os laços com a sua terra.

Stressada por trabalhar em três empregos, Moon tomou a resolução de Ano Novo de fazer o trilho de Santa Barbara e chegou em meados de março.

“Sou mais uma pessoa de montanha, mas a primeira vez que vi o mar [a partir do trilho], fiquei realmente comovida. Tive um daqueles momentos em que não se consegue ver a diferença entre o céu e o mar. Fiquei tão comovido que comecei a desenhar o que estava a ver“, disse Moon.

Um caminhante experiente, Moon observou que o trilho oferecia uma excelente ligação telefónica e à Internet, proporcionando uma sensação de segurança. “Não havia mais nada para além da natureza”, acrescentou. “Vemos as montanhas e o mar, e é tão relaxante”.

À noite, Moon às vezes comia com outros caminhantes em albergues e restaurantes. Apreciava sobretudo o tempo que tinha para ler e pensar, e ficou agradavelmente surpreendida com os parques de campismo em Buggerru, para onde lhe foi dada boleia pelo simpático proprietário de um café em Porto Flavia.

“Era lindo, uma antiga estrutura mineira que tinha sido abandonada. Fizeram um grande trabalho para a tornar muito acolhedora“, disse Moon, que, tal como Pedulla, ficou impressionada com os imponentes rochedos de calcário Pan di Zucchero que sobressaem da água ao largo.

Desde a paisagem até à serenidade, Moon diz que a caminhada proporcionou-lhe o descanso que procurava.

Foi realmente especial”, diz ela. “O povo da Sardenha foi tão caloroso e acolhedor. Eu estava sozinha, mas nunca estive realmente sozinha.”

ZAP // BBC



Son Doong, a maior e mais maravilhosa caverna do Mundo, tem o seu próprio ecossistema

A caverna de Son Doong, no Vietname, é tão vasta que nela caberiam vários arranha-céus de 40 andares. Foi explorada pela primeira vez por humanos em 2009, quase 20 anos depois de a sua entrada ter sido descoberta por acaso.

Situada perto da fronteira entre o Laos e o Vietname, “Hang Son Doon”, algo como “caverna do rio da montanha”, tem entre 2 e 5 milhões de anos.

Com a maior secção transversal de todas as cavernas conhecidas,  é considerada a maior caverna do Mundo — tão vasta, que nela caberiam vários arranha-céus de 40 andares.

Descoberta acidentalmente em 1990 por um madeireiro vietnamita que procurava espécimes valiosas de madeira, a caverna foi considerara em fevereiro deste ano pela revista TimeOut como “uma das 10 melhores cavernas do mundo“, aparecendo em sexto lugar na lista.

Para a Wonderslist, Son Doong é mesmo a caverna mais maravilhosa do mundo: há dois anos, atribuiu-lhe o primeiro lugar no seu Top 10 de cavernas naturais do planeta, numa lista onde as grutas da região de Lagos, no Algarve, constam no pódio, em 3º lugar.

Quase quinze anos após a sua descoberta, Son Doong continua a surpreender cientistas, exploradores, e turistas que têm a sorte de arranjar bilhete para a visitar. Para 2024 já não há, estão esgotados desde dezembro do ano passado.

Em 2019, uma equipa de espeleólogos britânicos liderada por Howard Limbert observou um rio que desaparecia numa parede da caverna e reaparecia numa outra gruta próxima.

O espeleólogo britânico e a sua equipa, que tinham explorado a caverna pela primeira vez 10 anos antes, seguiram o rio, e encontraram uma passagem submersa que ligava a caverna a uma outra cavidade — o que aumentava ainda mais o seu tamanho.

“Estávamos certos de que o rio que desaparecia em Son Doong era o mesmo que reaparecia na caverna de Hang Tung, a 600 metros”, explicou na altura à Agência EFE a espeleóloga Debora Limbert, assessora de segurança da Oxalis Adventure, empresa que organiza passeios na caverna.

Parte da resposta surgiu poucos dias mais tarde, quando uma os mergulhadores especializados Christopher Jewell, Jason Mallinson, John Volanthen e Richard Stanton descobriram uma passagem que levava à caverna de Hang Tung.

Os mergulhadores, conhecidos pela participação no resgate dos 12 rapazes que ficaram presos numa caverna na Tailândia em junho do ano passado, só conseguiram chegar a 77 metros de profundidade por não terem equipamentos especiais, mas as medições confirmaram a existência do túnel subaquático.

“Já podemos dizer que Son Doong é maior do que era. Normalmente, contamos desde a superfície da água, mas dada a existência do túnel, contamos esses 93 metros de profundidade”, explicou a espeleóloga.

Embora tenha a certeza de que existem cavernas maiores na Terra, Son Doong é a maior já explorada pelo ser humano, com um volume total de 38,5 milhões de metros cúbicos de água, muito maior do que a chamada Caverna dos Cervos, na Malásia.

Segundo Debora Limbert, Son Doong é um universo único, com clima próprio, “uma obra-prima da natureza, com paisagens sobrenaturais e enormes estalactites e estalagmites esculturais”.

 

A região do Parque Nacional de Phong Nha-Ke Bang, onde em 2016 foram filmadas partes da superprodução de “Kong: A Ilha da Caveira”, é um paraíso para os espeleólogos, que estimam que apenas 30% das cavernas da região de selva montanhosa foram descobertas até hoje.

ZAP //



De taxas a proibições de álcool… e até gelados. Estará o mundo farto dos turistas?

Enquanto Ibiza e Maiorca dizem não aos turistas que vêm para festejar, torna-se cada vez mais claro que as expectativas dos viajantes nos destinos mais populares do mundo estão a mudar.

A mensagem nos cartazes dos protestos anti-turistas nas Ilhas Canárias, em abril, não podia ter sido mais clara: “Turista: respeita a minha terra!

À medida que se aproxima a época alta das viagens no hemisfério norte, aumenta também o sentimento anti-turista entre os habitantes de destinos populares de verão.

Protestos semelhantes foram registados em Barcelona, Atenas, Málaga e noutras cidades europeias com muito turismo.

Tal como as recentes manifestações nas Ilhas Canárias evidenciaram, muitos residentes em locais demasiado turísticos querem cada vez mais um tipo de turista melhor: um que respeite a cultura local e a natureza, e não um que beba cerveja barata na praia e deixe a sua garrafa vazia para trás com uma ponta de cigarro espetada na areia.

Atualmente, muitos destinos em todo o mundo estão a tornar-se cada vez mais expressivos sobre o tipo de turistas que querem nas suas ruas — e o que não querem.

Na lista do “sim”: turistas que gastam dinheiro nas lojas locais, impulsionam a economia local e se comportam com respeito. Na lista dos que não querem: turistas alcoólicos que se comportam mal, desrespeitam as tradições locais e afectam negativamente as vidas e os estilos de vida locais.

De acordo com Carina Ren, investigadora em turismo e professora da Universidade de Aalborg, sempre houve turistas mal comportados; só que agora há mais do que nunca.

“As pessoas que se deslocam sempre foram vistas como estranhas”, afirma. “Sempre que viajamos, há um encontro cultural em que trocamos ideias e nos confrontamos. Isso era verdade no tempo do Grand Tour e também é verdade no turismo de massas. Mas agora está a acontecer algo diferente: volume. Os turistas não se estão a comportar pior, são apenas mais.”

Já este ano, em Barcelona, as autoridades locais tomaram a medida invulgar de retirar uma rota de autocarro do Google Maps, para impedir que os turistas entrem a bordo, empurrando os habitantes locais mais idosos.

Nas Ilhas Baleares espanholas, conhecidas por destinos de vida nocturna como Ibiza e Magaluf, entraram em vigor restrições ao consumo de álcool, numa tentativa de recuperar o controlo sobre as suas ruas desordenadas. A cidade italiana de Milão vai proibir o consumo de gelados, pizza e outros produtos após a meia-noite.

Na muito visitada Veneza, começaram a ser cobradas taxas turísticas aos visitantes de um dia, para tentar conter o fluxo interminável de visitantes. E Bali anunciou recentemente uma nova taxa turística após uma série de incidentes envolvendo visitantes que profanaram locais sagrados e se comportaram de forma desrespeitosa.

 

 

“A discussão não é realmente sobre o tipo certo de turista, mas sim sobre como garantir que a população local beneficie do turismo”, diz Sebastian Zenker, especialista em turismo excessivo e diretor académico do Mestrado em Turismo Sustentável e Gestão Hoteleira na Copenhagen Business School.

“Se olharmos para as Canárias, 1/3 da população vive no limiar da pobreza. O turismo oferece um grande rendimento a estas ilhas – mas para quem? Não basta dizer que queremos receber turistas bem comportados, tranquilos e que gastam mais dinheiro, é preciso saber para onde vai o dinheiro. Atualmente, uma grande parte da população não beneficia”.

E acrescenta: “Se os habitantes locais puderem ganhar a vida com isso, se virem que estão a ser construídas infraestruturas que podem utilizar, talvez a um preço melhor do que os turistas, então pode haver uma coexistência saudável para ambos”.

A ideia do “tipo certo de turista” continua bem viva no marketing.

Os organismos de turismo de todo o mundo escolhem os tipos de pessoas e as nacionalidades a que se dirigem, desenvolvendo segmentos de mercado que consideram ser o tipo de turista certo para eles.

Na Nova Zelândia, as campanhas da Pure New Zealand centram-se nos visitantes de alta qualidade que contribuem para o ambiente natural do país; na Islândia, as campanhas da Visit Iceland visam os amantes da diversão e os exploradores independentes, enquanto Amesterdão tem um interesse renovado nos turistas culturais e no turismo responsável.

O facto de estes debates estarem agora a ser travados fora das salas de reuniões das organizações turísticas, mas também nas ruas e em protestos, é um sinal da gravidade da situação.

Para Antje Martins, formadora do Conselho Global de Turismo Sustentável e estudante de doutoramento na área do turismo na University of Queensland Business School, trata-se de uma questão de melhor gestão e não de um melhor tipo de turista.

“Quando os habitantes locais culpam os turistas pelo mau comportamento, não é por causa dos turistas”, afirma. “É um sinal de que a gestão do turismo falhou.”

A investigadora levanta uma preocupação: se for exercida pressão sobre os destinos para que reduzam o número de turistas que admitem, parece provável que estes possam comercializar apenas para os viajantes mais ricos, numa tentativa de manter as receitas elevadas, excluindo do mercado os mais desfavorecidos.

Esta abordagem foi adotada na Nova Zelândia em 2020, mas não deu em nada: os investigadores observaram que não há provas de que os turistas que gastam muito contribuam mais para a economia e que, de facto, podem ser piores para o ambiente, enquanto os comentadores locais a consideraram elitista, snob e desfasada.

Estão a ser traçadas estratégias em toda a indústria para moldar um melhor tipo de comportamento de todas as formas. Ideias mais suaves, como a introdução de um compromisso turístico que destaque o tipo de comportamento que é considerado aceitável num determinado local, já existem há algum tempo.

A Islândia, por exemplo, pede aos turistas que evitem conduzir fora da estrada ou ir à casa de banho na natureza, entre outras coisas; nas ilhas de Palau, no Pacífico, as crianças do país pedem aos visitantes que não sejam agressivos e que preservem e protejam a sua terra natal.

As intervenções mais duras incluem taxas turísticas, como acontece em Veneza. Este ano, Amesterdão anunciou que pretende controlar o número de camas turísticas disponíveis na cidade, deixando de construir mais hotéis, e parece provável que outros países o façam.

 

“Se não estivermos a gerir corretamente o impacto do turismo, estamos a matar o destino”, afirma. “Temos de nos tornar sustentáveis enquanto indústria porque, se não o formos, no final não teremos qualquer produto para vender”.

ZAP // BBC



Aldeia na Suíça, sobrecarregada de turistas, quer seguir o exemplo de Veneza

Yesuitus2001 / Wikimedia

Lauterbrunnen, na Suíça

As autoridades locais de Lauterbrunnen, um vale na região montanhosa de Bernese Oberland, na Suíça, criaram um grupo de trabalho para encontrar novas formas de conter o turismo de massas.

Com 2.400 habitantes, a pequena e pitoresca comunidade de Lauterbrunnen enfrenta sérios problemas relacionados com o turismo, como ruas congestionadas, estradas cobertas de lixo, parques de estacionamento e transportes públicos cheios e rendas mais elevadas.

Perante estes constrangimentos, está a ser discutida a implementação de uma taxa de entrada para alguns turistas.

Segundo a Swiss Info, a taxa proposta, que seria paga através de uma aplicação para smartphones, seria de 5 a 10 francos suíços (o equivalente em euros) e aplicar-se-ia aos visitantes que passassem o dia de carro.

“A exceção seriam os hóspedes que reservaram uma oferta, como um hotel ou uma excursão, ou que chegam de transportes públicos”, disse o autarca de Lauterbrunnen, Karl Näpflin.

Em abril, Veneza tornou-se a primeira cidade do mundo a introduzir um sistema de pagamento para turistas, num esforço para diminuir as multidões que lotam os canais durante a alta temporada de férias.

No primeiro dia da cobrança de entrada, a 25 de abril, houve protestos por parte de alguns moradores locais que sentiam que a sua casa estava a ser transformada num um “parque temático”. Ainda assim, o sistema continuará em vigor até 14 de julho.

Fabian Weber, investigador de turismo da Universidade de Ciências Aplicadas e Artes de Lucerna, diz que, embora considere a medida “compreensível”, não tem a certeza do quão fácil será a sua introdução.

“É muito desafiador implementar uma taxa de entrada num espaço público como uma aldeia ou um vale. Não temos muita experiência e não sabemos se funciona”, referiu. “Desconfio que, provavelmente, não terá um grande impacto no número de turistas, mas pelo menos poderia servir para angariar dinheiro para ser investido em medidas para gerir melhor os fluxos de visitantes ou compensar os danos causados.”

Em 2024, o turismo global deverá recuperar totalmente da pandemia de covid-19. A Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas espera que este seja um ano recorde para chegadas internacionais em todo o mundo. Isto significa que as consequências negativas do turismo excessivo deverão continuar a ser um tema quente de debate.

ZAP //



Eis os locais da Europa com mais… carteiristas

Diego Delso / Wikimedia

Praça de Espanha, Roma

Itália destaca-se mas a lista tem outros países europeus muito visitados por turistas. Cuidado com a carteira.

Quando se viaja, a prioridade do turista é desfrutar, divertir, conhecer, experimentar. De preferência, sem ser roubado.

A empresa de seguros de viagens QuoteZone fez um estudo curioso e divulgou quais são os locais da Europa com mais carteiristas.

Foram analisadas as proporções das menções ao furto de carteira nas avaliações dos visitantes das cinco principais atracções turísticas de cada país europeu.

Nestes pontos, é caso para dizer “cuidado com a carteira”, como se lê no canal Euronews.

Um país destaca-se: Itália. Os carteiristas andam por quase todo o lado, especialmente na capital Roma. E sobretudo na muito conhecida Fonte de Trevi, local que ficou no topo do ranking específico deste país: enquanto atiram umas moedas para a água, muitos turistas ficam sem o resto do dinheiro. Coliseu e Panteão também são pontos preocupantes em Roma, além de Milão e Florença.

França surge no segundo lugar dos roubos. Aqui não há dúvidas: Paris é um íman para os carteiristas. Torre Eiffel lidera à frente do Arco do Triunfo, da Catedral de Notre-Dame, do Musée d’Orsay e do Museu do Louvre. E vêm aí os Jogos Olímpicos.

Aqui ao lado, Espanha está no terceiro posto. Barcelona em destaque, sobretudo a zona das Ramblas, uma das ruas pedonais mais movimentadas da Europa; ou a Basílica da Sagrada Família. Madrid (Plaza Mayor e Museu Nacional do Prado) também é local de muitos roubos, tal como o palácio Alhambra em Granada.

A Alemanha aparece ao nível de Espanha, essencialmente na Porta de Brandemburgo, em Berlim. O Reichstag, a East Side Gallery e o Memorial do Holocausto também são potencialmente perigosos para roubos; além do Marienplatz, em Munique.

Nos Países Baixos, os roubos verificam-se essencialmente em Amesterdão. Cuidado no Bairro da Luz Vermelha, na Casa de Anne Frank, no Vondelpark, no Rijksmuseum e no Museu Van Gogh.

Greg Wilson, fundador e CEO da Quotezone, repete dicas de segurança: “Manter-se sempre vigilante, deixar objetos de valor, como joalharia cara, num cofre no hotel e viajar sempre com uma bolsa transversal segura com fecho para proteger telemóveis e carteiras ou até um cinto de dinheiro”.

ZAP //



Iene fraco, país barato. Toda a gente quer ir ao Japão (e cada vez menos saem)

Andre Benz / Unsplash

Shibuya, Tóquio, Japão.

A queda do iene já se faz notar nas entradas e saídas do país. Março bateu recorde de entradas e os turistas ficam mais tempo e gastam mais; saídas caíram 37%.

O apreço pelo Japão não é de agora, mas o país asiático cada vez mais se torna um destino preferido para muitos — especialmente com a crescente desvalorização do iene.

A moeda oficial do país está a provocar um ‘boom’ no turismo: só em março deste ano, o país acolheu 3,1 milhões de visitantes, que acabam por ficar muito mais tempo no país e gastar muito mais em artigos de luxo, beneficiando do desconto cambial.

O número é um recorde pré-pandemia: após mais de dois anos de rigorosas restrições sobre entradas e saídas, o mundo tinha saudades do país asiático e, com a moeda mais frágil, o turismo foi e será alimentado.

Simultaneamente, a moeda está a ter um impacto negativo nas saídas: cada vez mais japoneses evitam viajar para o estrangeiro, que se tornou mais caro, e optam por permanecer no país durante as férias.

O número dos que saíram do país em março ficou abaixo de metade dos que entraram, de acordo com a Organização Nacional de Turismo do Japão. As saídas do Japão caíram 37% no mês passado em comparação ao período homólogo de 2019, embora tenham aumentado em relação a fevereiro.

O governo japonês está agora no bom caminho, de acordo com o The Japan Times, para ultrapassar o objetivo traçado para 2025 de 32 milhões de visitantes estrangeiros anuais em 2024, após 8,6 milhões de turistas terem visitado no primeiro trimestre deste ano.

As agências japonesas, entre as quais a Japan Airlines e a ANA, querem aproveitar o boom para explorar novas e mais rotas com partida da Ásia.

Iene fraco, país barato

O iene caiu quase 10% no acumulado do ano, em comparação com o dólar.

O dólar norte-americano ultrapassou na semana passada a barreira dos 160 ienes pela primeira vez desde 1990, no mercado cambial. São as elevadas taxas de juro nos EUA as principais suspeitas da desvalorização da moeda japonesa.

“É necessário prestar muita atenção à evolução dos mercados financeiros e cambiais e ao impacto na atividade económica e nos preços no Japão”, alertou, em comunicado, o conselho de política monetária do Banco do Japão — que já ameaçou abandonar a sua política de taxas de juro negativas numa tentativa de revitalizar uma economia estagnada.

É uma bola de neve: uma queda prolongada do iene significa que os turistas vão continuar a chegar em grandes números.

Tomás Guimarães, ZAP //



Da fraude dos shots à cozinha “terrível”. As “armadilhas para turistas” em Lisboa

Baixa e Bairro Alto são as maiores “armadilhas” para quem visita a capital. Cuidado com os shots grátis e com certos restaurantes, fuja dos tuk-tuks e esqueça o gracias, alerta um expatriado americano a viver em Portugal.

“Se não quiser ser enganado”, eis o que não fazer em Lisboa.

Há estabelecimentos que são “autênticas armadilhas para turistas e que o vão enganar”. A maioria destas “armadilhas” não são propriedade de portugueses e ficam na baixa.

A cozinha? “Absolutamente terrível”. Muitos cobram “três ou quatro vezes” mais aos turistas do que num restaurante tradicional, de comida portuguesa autêntica.

Todos estes conselhos vêm de um expatriado norte-americano a viver em Portugal e são dirigidos aos turistas que vêm visitar o país. Dave, que conta com canal de Youtube Dave in Portugal, com quase 75 mil seguidores, partilha as suas experiências em terras lusas.

Outro problema que aponta são as tapas. O expatriado alerta para o facto de deixar petiscos, entradas ou, como em Espanha, “pintxos”, à mesa enquanto se bebe um refresco ou se espera pela refeição, se ter tornado uma tática dos estabelecimentos.

“É fácil pensar que são gratuitos. No Norte de Espanha, são grátis”.

Bairro Alto “duvidoso e louco” (e com shots enganosos)

Um dos maiores conselhos do expatriado para os turistas é que não fiquem “presos” ao centro da vida noturna lisboeta que é o Bairro Alto.

“Um pouco duvidoso e louco”, o conhecido bairro que junta centenas na freguesia da Misericórdia todas as noites também “aldraba” os turistas.

Os shots, muitas vezes oferecidos, são quase sempre apenas líquidos diluídos: “não valem a pena”, garante o youtuber.

“Há muitos bares que oferecem um shot se entrarmos. Mas aviso já: o shot é “barato e terrível, eles só estão a tentar que entremos no bar e compremos uma data de bebidas”, avisa.

Fugir dos tuk-tuks (e esquecer o “gracias”)

Outra dica do criador de conteúdo é fugir dos tuk-tuks. “São um roubo“, avisa — e não são o único transporte a evitar.

O elétrico 28, em Martim Moniz, é de evitar a todo o custo na opinião de Dave. “É muita gente e demoram-se horas para entrar, recomendo entrar noutra paragem como Campo de Ourique, na outra direção, está mais vazio”. Até por causa dos carteiristas, alerta.

O elevador de Santa Justa, diz, também é um “mega esquema“: para quê pagar cinco euros quando se pode andar à volta e ir à torre de graça, questiona.

Falar em espanhol? Proibido! “Vais parecer um idiota se disseres ‘gracias’ a alguém em Portugal. Mais vale falar em inglês”.

ZAP //



Qual é o assento mais seguro num avião? É complicado…

Jetstar Airways / Flickr

https://www.flickr.com/photos/jetstarairways/6768030661/sizes/l/

No caso de um acidente de aviação, há algum lugar que seja mais seguro? E qual é o assento que nos dá mais probabilidade de sobreviver? Todos eles e nenhum deles, mas depende, explica a revista Wired.

Ultimamente, as viagens aéreas têm ocupado um lugar de destaque na consciência pública, sobretudo devido a uma série de incidentes recentes em que aviões Boeing se incendiaram, perderam uma roda durante a descolagem ou abriram um buraco a meio do voo.

Estes acidentes de grande visibilidade deram má fama à aviação e fizeram inúmeros passageiros refletir sobre quais os lugares mais seguros e quais os mais perigosos de um avião.

Apesar de toda a consternação recente, é importante lembrar que viajar de avião é extremamente seguro, salienta a revista Wired. Essa é, aliás, a primeira ideia que os especialistas em aviação se preocupam em passar quando se lhes pergunta “qual o lugar mais seguro para viajar de avião”…

Embarcar num voo comercial completo pode nem sempre ser a experiência mais confortável ou relaxante, mas, em comparação com praticamente todos os outros, é um dos meios de transporte menos mortais alguma vez criados.

Os acidentes são tão raros que ficar a pensar em qual é o lugar mais seguro para viajar vai provavelmente causar-lhe mais angústia mental do que vale a pena.

Pelo menos, é essa a versão oficial.

A FAA, Administração Federal de Aviação dos EUA, tem o cuidado de salientar que não existe nenhuma secção de um avião que seja mais ou menos segura do que outra.

Num e-mail enviado à Wired, Rick Breitenfeldt, especialista em assuntos públicos da FAA explica que “a coisa mais importante que os passageiros podem fazer para a sua segurança em qualquer voo é seguir todas as instruções dos tripulantes“.

Embora nenhuma parte do avião possa ser, de forma geral, considerada a mais segura, há provavelmente um lugar melhor para estar sentado quando ocorrem incidentes específicos. Claro que isso dependerá sempre de variáveis que não podemos controlar.

Cada emergência ocorre de forma diferente, afetando em cada caso lugares diferentes. O que pode ser o melhor lugar no caso de uma avaria do motor pode não ser o melhor lugar para estar quando uma porta é arrancada a meio do voo.

Festa na parte de trás

Há a ideia antiga de que a parte de trás do avião é o lugar mais seguro para se sentar. Relatórios da Popular Mechanics e da Time analisaram 35 anos de dados de acidentes até 2015 e concluíram que, estatisticamente, morreram menos pessoas que estavam sentadas na parte de trás em acidentes de avião.

O problema é que estas conclusões provêm de dados algo incompletos. As posições dos assentos das vítimas nem sempre são incluídas nos relatórios dos acidentes, pelo que os dados não permitem obter uma imagem completa das zonas mais seguras.

Segundo Daniel Kwasi Adjekum, investigador de segurança da aviação na Universidade do Dakota do Norte, estas conclusões são válidas, com base na física fundamental a que os aviões obedecem.

A parte da frente do avião, muitas vezes o lugar mais apelativo para se sentar se tiver um lugar premium ou se estiver apenas ansioso por sair do tubo de aço o mais rapidamente possível após a aterragem, está também numa posição privilegiada para receber o peso da força de uma queda livre.

“A secção dianteira é, obviamente, confortável porque está longe do motor e do ruído”, diz Adjekum. Mas, salienta, “normalmente é o primeiro ponto de impacto. Por isso, é uma área de grande vulnerabilidade“.

A parte de trás, embora possa separar-se do avião num acidente catastrófico, tem mais probabilidades de permanecer intacta do que as partes da frente e do meio, que ainda estão ligadas aos motores.

A secção traseira parte-se muitas vezes“, diz Adjekum, ou seja, a última secção do avião, atrás das asas. “Muita dessa energia cinética vai para a parte da frente do avião e deixa a parte de trás intacta.”

Algures no meio

A secção central do avião tem muito a seu favor no caso de um voo acidentado. O ponto onde as asas se encontram no centro cria uma base mais estável que serve de centro de gravidade para o avião, tornando-o menos propenso a saltar quando atinge a turbulência.

“Muitas das forças oscilatórias da turbulência são menos intensas na secção média do que na secção da cauda”, afirma Adjekum. “Em situações de turbulência, o avião funciona essencialmente como um balancé“, explica o investigador.

Embora o meio possa ser melhor para a turbulência, não é necessariamente ideal para uma situação catastrófica. Afinal de contas, a secção central é normalmente onde estão posicionados os depósitos de combustível, o que significa que, em caso de incêndio, estamos mesmo em cima de um barril de pólvora.

O que a secção central tem a seu favor é o acesso mais fácil às saídas de emergência no centro do avião. Quanto mais próximo estiver das saídas, melhores serão as suas hipóteses de sobrevivência após um acidente.

Corredor, meio, ou janela?

Mais uma vez, há vantagens e desvantagens em cada opção. Sentar-se na coxia deixa-o mais próximo de qualquer saída de emergência, mas também o deixa mais vulnerável a ser atingido pela queda de bagagem ou detritos soltos que se desloquem pela coxia.

Sentar-se junto à janela permite-lhe ver o que se passa no exterior, o que lhe dá uma vantagem situacional, mas deixa-o encostado à parede e à espera que as outras pessoas da sua fila saiam primeiro.

Ocupar o lugar do meio dá-lhe um par de escudos humanos de cada lado para amortecer eventuais golpes, mas o lugar do meio é desconfortável e uma primeira escolha impopular.

Se tem medo de voar, todas estas preocupações para tentar descobrir o lugar perfeito para se sentar só lhe vão causar mais turbulência interior. Francamente, provavelmente não vale a pena preocupar-se. Os acidentes de avião são ridiculamente raros.

Em última análise, diz Adjekum, as suas hipóteses de sobreviver a uma emergência em voo têm menos a ver com o lugar onde se senta e mais com a formação da tripulação de voo – e com a atenção que dá às suas instruções.

“Sempre que se senta num avião, a primeira coisa a fazer é ter consciência da situação”, diz Adjekum. “Ouça as instruções da tripulação de cabina, porque eles conhecem o seu trabalho e estão lá para garantir a sua segurança, independentemente do lugar onde estiver sentado.”

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Milão vai proibir venda de pizza e gelados após a meia-noite

A cidade italiana prepara-se para proibir o consumo de gelados, pizza e outros produtos após a meia-noite. A nova proposta de lei visa dar “paz e sossego” aos moradores do centro da cidade.

Para muitos italianos, comer um gelado a altas horas da noite faz parte da sua cultura. Mas esse hábito está em risco em Milão.

A cidade italiana prepara-se para apresentar uma nova proposta de lei com o intuito de proibir os gelados depois da meia-noite, num esforço para proteger a “tranquilidade” dos residentes.

Segundo a Sky News, a autarquia milanesa apresentou um documento legislativo que, se for aprovado, poderá levar, já no próximo mês, à proibição da venda e consumo de gelados a altas horas da noite.

A proposta de lei, que abrangendo 12 distritos, proíbe a venda de todos os alimentos para consumo fora dos estabelecimentos, incluindo pizzas e bebidas, depois da meia-noite, num esforço para reprimir os grupos ruidosos que se aglomeram nas ruas da cidade italiana, mantendo os residentes locais acordados.

“O objetivo é procurar um equilíbrio entre a socialização e o entretenimento e a paz e tranquilidade dos residentes”, diz Marco Granelli, vice-presidente da Câmara Municipal da cidade do norte de Itália.

A medida, que entrará em vigor em meados de maio e terá efeito até novembro, aplica-se nos dias úteis a partir das 00h30 nos dias úteis e à 1h30 aos fins-de-semana e feriados. Num esforço para desimpedir as ruas, os bares e restaurantes terão também que encerrar as suas esplanadas, realça o The Guardian.

Os cidadãos têm até ao início de maio para se pronunciar sobre a medida e sugerir alterações à lei. Mas alguns já deram voz ao seu descontentamento.

“O que é que a família italiana normal faz no verão? Vão passear depois do jantar e compram um gelado”, diz Marco Barbieri, secretário-geral da associação italiana de retalhistas. “É uma tradição clássica e, por isso, é claro que se interferirmos com este tipo de hábito cultural, as pessoas não vão ficar contentes“.

“O problema da vida noturna existe, mas esta regra só vai criar prejuízos para os restaurantes e bares”, diz Lino Stoppani, presidente FIPE, uma associação do sector da hotelaria.

Esta não é a primeira vez que Milão tenta proibir os gelados depois da meia-noite. Em 2013, o então presidente da câmara, Giuliano Pisapia, tentou implementar medidas semelhantes, mas enfrentou uma feroz reação à medida, que incluiu um movimento “occupy gelato“.

Pisapia acabou na altura por recuar e retirou a controversa proposta de lei. “As pessoas podem comer gelado de dia e de noite, onde quiserem“, disse então o autarca. Resta saber que destino terá desta vez a ideia.

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