Problemas no paraíso? Ciclistas acusam Amesterdão de favorecer peões

Amesterdão é conhecida mundialmente pelo facto da maior parte dos habitantes – e turistas – se deslocarem de bicicleta no seu dia a dia. Contudo, a cidade que sempre favoreceu os ciclistas, é agora acusada de estar a priorizar os interesses dos peões.

O Fietsersbond, sindicato dos ciclistas holandeses, alega que a cidade tem ignorado as necessidades dos ciclistas que se movem pela cidade, priorizando as vias pedestres no centro histórico da cidade.

A cidade holandesa sempre foi famosa pelas suas ruas repletas de bicicletas, onde estas sempre foram as rainhas dos transportes. No entanto, o sindicato afirma que tem havido uma uma mudança percetível de atitude e garante que os ciclistas estão a ser tratados como “hóspedes” no coração da cidade.

“Amesterdão ainda é um paraíso para os ciclistas, mas a deslocação pelo centro está a ficar cada vez mais difícil”, referiu Jan Pieter Nepveu, porta-voz da filial de Amesterdão do sindicato dos ciclistas, ao The Guardian.

Nepveu destaca que o centro da cidade está cada vez mais repleto de zonas para peões e que se está a tornar mais difícil andar de bicicleta, por isso sugere que “o município tem de defender os ciclistas do aumento de pedestres, turistas e da indústria de alimentação”.

Segundo o jornal britânico, entre 2019 e 2020, foi lançado um teste no município para perceber se era possível encorajar os ciclistas a optarem por “rotas alternativas” em vez de viajarem nas áreas centrais da cidade.

O teste foi lançado numa altura em que se considerava que a superlotação e o movimento rápido das bicicletas causava demasiada confusão na cidade.

Neste sentido, foram implementadas várias placas para informar sobre rotas de “ciclismo confortável”, de modo a tentar apelar aos ciclistas para escolherem caminhos que passassem pela periferia da cidade e não pelo centro. Mas esta tentativa não teve qualquer sucesso.

No entanto, o sindicato dos ciclistas acredita que a abordagem está a ser adotada para tentar substituir o veículo de duas rodas. “Não é uma política, mas está a acontecer”, alertou Nepveu.

Um porta-voz do município negou que os ciclistas estivessem a ser expulsos e garante que os sinais colocados em algumas vias servem para relembrar que estas devem ser partilhadas por bicicletas e peões, ou em locais onde a cidade deseja a desencorajar o uso de ciclomotores.

Não há planos de proibir bicicletas. No entanto, não é recomendável passar por certas áreas de bicicleta, de modo a que o espaço limitado disponível possa ser usado com segurança pelos muitos pedestres que circulam”, destacou.

O porta-vos da cidade sublinhou ainda que está a ser construída uma “rodovia” para bicicletas que forma um anel que atravessa a cidade e informou que esta está quase concluída.

“Amesterdão está constantemente a procurar formas de tornar o ciclismo na cidade mais fácil, rápido e seguro”, garantiu o responsável, acrescentando que “o número de estacionamentos para bicicletas é grande e está a crescer constantemente”.

Ana Isabel Moura, ZAP //



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