Com um dia a dia agitado, talvez umas férias de aventura não seja a opção mais indicada para descansar. Nesse sentido, os hotéis estão a oferecer suites de luxo para dormir e camas com inteligência artificial — o fenómeno intitula-se por “turismo do sono” e está a crescer.
Arwa Mahdawi, colunista do The Guardian, diz que não é aquele tipo de pessoa que se levanta ao “romper da aurora” pronta para aproveitar o dia.
Pelo contrário, o seu “modus operandi” sempre foi de permanecer deitada o máximo de tempo possível, a gritar “só mais cinco minutos” a quem a tenta acordar.
A colunista explica que a maioria das pessoas pode adjetivar a situação como “preguiça”, mas, para si, é “auto-cuidado“.
“Afinal de contas, o sono é reparador. Um sono de qualidade dá anos de vida e é ótimo para a saúde mental. Por que razão não dormiria o máximo de tempo possível?”, acrescenta.
Mahdawi coloca a questão e apresenta uma possível resposta.
“Porque tem um emprego que o obriga a levantar cedo.
Ou porque tem insónias induzidas pela ansiedade, ou porque tem um filho que não o deixa dormir nem um minuto depois das 06h49 da manhã”.
A colunista diz, ainda, que o sono é um “artigo de luxo“.
Diz que antigamente tomava o sono como garantido, mas agora que é mãe de uma criança hiperativa, o sono é algo pelo qual pagaria muito dinheiro.
Mas realça não ser a única pessoa a sentir o mesmo.
“O sono tornou-se um bem tão precioso que uma das maiores tendências nas viagens de luxo é o turismo do sono.
As cadeias de hotéis de luxo estão agora preparadas para serem ótimos locais para uma boa noite de descanso”.
De acordo com a colunista, no ano passado, por exemplo, o Park Hyatt New York lançou cinco suites de luxo com camas alimentadas por inteligência artificial.
Por sua vez, o hotel Zedwell, em Londres, foi especialmente concebido para ser um espaço de luxo onde se pode fazer o “check-in para se desligar“.
Agora, resorts de luxo — por todo o mundo — estão a oferecer retiros de sono luxuosos, onde as pessoas investem milhares de dólares para “dominar tudo o que há para saber sobre a arte de dormir“.
Observando a tendência, esta ascensão do turismo do sono faz sentido, uma vez que vivemos numa época de grande ansiedade.
Jules Perowne, diretor executivo e fundador da Perowne International, afirmou que “já não é suficiente que um hotel ofereça apenas bem-estar à parte.
Tem de oferecer uma abordagem mais holística ao bem-estar, com um objetivo específico em mente — e o objetivo mais procurado atualmente é a melhoria e o reforço do sono”.
“Os hotéis que se concentram em proporcionar aos turistas um ótimo local para dormir não se limitam a oferecer quartos confortáveis.
Oferecem experiências de bem-estar completas”, explica.
Segundo Perowne, um hotel, situado em Londres, oferece um tratamento de duas horas para dormir, massagens ou tratamentos faciais de 60 minutos, ioga, meditação e comodidades personalizadas para dormir, bem como óleos corporais e suplementos para dormir.
Para Rebecca Robbins, investigadora do sono, a popularidade do turismo do sono aumento devido à pandemia de Covid-19.
“As pessoas associam frequentemente as viagens a refeições rápidas e menos saudáveis, ao prolongamento da hora de deitar, às atrações e às coisas que se fazem enquanto se viaja, quase à custa do sono”.
“Agora, penso que houve uma enorme mudança sísmica na nossa consciência coletiva e na atribuição de prioridade ao bem-estar”.
Gastar dinheiro a desligar-se: será possível para si?