“Novo luxo” é apanhar lapas ou caminhar com um pastor. Há turistas a gastar 3 mil euros por dia

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Alto Douro Vinhateiro

Há um novo turismo de luxo crescer em Portugal – e o seu grande potencial são as tradições nacionais. Estes novos turistas querem viver o país real, seja apanhar lapas com um pescador, ou caminhar com um pastor, e estão dispostos a gastar 3 mil euros por dia.

Há cada vez mais turistas norte-americanos a deixarem-se conquistar por Portugal.

Os europeus continuam a ser os principais turistas em solo nacional, com uma representação de 68,9%. O continente americano representa apenas 9%, mas em Junho, verificou-se uma “subida de 11,7%” face ao ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) citados pelo Dinheiro Vivo.

Este dado é um bom indicador, segundo o secretário-geral da Associação Portuguesa de Marcas de Excelência (Laurel), Francisco Carvalheira, que salienta à publicação económica que os turistas norte-americanos gastam mais do que os europeus.

“Um americano de topo pode gastar à vontade em Portugal dois ou três mil euros por dia“, analisa Francisco Carvalheira, sublinhando que este tipo de turista procura “viver a região”, “descobrir o destino”.

E isso pode passar por “caminhar com um pastor”, ou “andar na praia e apanhar lapas com um pescador“, destaca ainda.

É uma “busca” pelas “raízes e a origem das coisas”, explica o dirigente da Laurel ao Dinheiro Vivo, frisando que “compram saber fazer, apreciam ir a um restaurante e verem que a comida é natural” e “pagam o que for preciso para isso”.

“Luxo é tempo, é silêncio, é andar descalço”

Este tipo de turismo está a dar origem ao conceito de “novo luxo” que é, basicamente, a procura por locais únicos e pela exclusividade.

“O luxo hoje é algo completamente diferente do que era há 20 anos”, analisa Ana Cristina Guilherme, da consultora hoteleira ABC Hospitality, em declarações ao Dinheiro Vivo.

Luxo é tempo, é silêncio, é sentir, é andar descalço, como dizia o designer Philip Starck“, explica Ana Cristina Guilherme, frisando que este novo turismo procura “uma imersão no destino”.

E isso passa também por escolher hotéis mais pequenos que “quase que se diluem na autenticidade do local onde escolhem nascer ou reabilitar”, acrescenta.

Estes turistas procuram, sobretudo, “o que é simples, orgânico e que devolve tradições e legados da sabedoria ancestral portuguesa, das nossas avós e bisavós”, salienta ainda Francisco Carvalheira.

O dirigente da Laurel repara que é um novo mercado com enorme potencial para Portugal, mas, para o poder aproveitar, o país precisa de “saber vender” a sua História.

“Temos 800, 900 anos de história, de saber fazer. Não podemos ser copiadores. Portugal, com tudo o que tem de bom, com o seu património, tem que conseguir fazer o seu caminho nas marcas de excelência e de luxo”, defende.

“Os americanos vêm comprar naturalidade, simpatia, ou mesmo um peixe grelhado. Vêm também comprar o nosso sol, a nossa alegria. Tudo isso, mais a nossa originalidade, não tem preço para eles”, conclui.

Susana Valente, ZAP //



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