Os turistas vão poder visitar a cidade de Samjiyon em breve e está prevista a reabertura de outras partes da Coreia do Norte até dezembro.
A Coreia do Norte vai reabrir uma das suas cidades para turistas estrangeiros em dezembro, após quase cinco anos do fechamento das suas fronteiras devido à pandemia de covid-19, informaram operadoras de turismo.
Pelo menos duas operadoras com sede na China anunciaram que os turistas em breve vão poder visitar a cidade de Samjiyon, localizada numa região montanhosa, no norte do país.
A reclusa Coreia do Norte isolou-se no início da pandemia, em 2020, e começou a reduzir as restrições somente em meados do ano passado.
O fechamento das fronteiras também interrompeu as importações de bens essenciais, levando à escassez de alimentos que foi agravada por sanções internacionais em decorrência do programa nuclear do país.
“Até agora, apenas Samjiyon foi oficialmente confirmada, mas achamos que Pyongyang e outros lugares também vão reabrir!!!”, a KTG Tours, de Shenyang, escreveu na sua página do Facebook na quarta-feira.
Já a Koryo Tour, de Pequim, disse que os turistas poderiam “potencialmente” visitar outras partes da Coreia do Norte em dezembro.
“Após ter esperado mais de quatro anos para fazer este anúncio, a Koryo Tours está muito animada com a reabertura do turismo norte-coreano”, afirmou a operadora, também na quarta-feira, no seu site.
A Koryo Tours disse à BBC que as autoridades norte-coreanas estavam a permitir que turistas de qualquer país participassem das viagens, exceto da Coreia do Sul. No entanto, os EUA proíbem os seus cidadãos de viajar para a Coreia do Norte.
Chad O’Carroll, CEO da consultoria Korea Risk Group, com sede nos EUA, levantou dúvidas em relação ao anúncio de reabertura.
“Vou acreditar quando vir isso”, disse à BBC.
“Por enquanto, estou bastante cético de que vamos ver qualquer movimento real em dezembro.”
Samjiyon tem passando por um grande processo de revitalização nos últimos anos. Em julho, Kim Jong-un anunciou planos para reconstruir o seu aeroporto, converter uma base militar num resort de esqui e construir novas ferrovias e hotéis para turistas estrangeiros, de acordo com a imprensa estatal.
Na época, Kim disse que os planos para “revitalizar o turismo internacional” seriam destinados a visitantes de nações “amigas”.
O’Carroll destacou, no entanto, que o projeto de reforma de Samjiyong não está pronto.
“Se for concluído a tempo, posso imaginar apenas turistas russos e possivelmente chineses a visitar em números reais no início”, afirmou.
“A menos que [a República Democrática da Coreia] ofereça voos diretos de Samjiyon para um país de conexão neutro, como a Mongólia.”
Samjiyon está localizada aos pés da montanha mais alta da Coreia do Norte, o Monte Paektu, que fica na fronteira entre a China e a Coreia do Norte — e é conhecida pelas suas atrações de inverno.
A propaganda de Pyongyang diz que esta montanha é onde o fundador da Coreia do Norte, Kim Il Sung, lutou contra as forças de ocupação japonesas — e lançou a revolução. Ele é o avô do atual líder norte-coreano, Kim Jong Un.
Também alega que o Monte Paektu é onde Kim Jong Il, antecessor e pai de Kim Jong Un, nasceu.
A KCNA, agência estatal de notícias da Coreia do Norte, informou em julho que a região do Monte Paektu-Samjiyon foi concebida para ser uma “área turística montanhosa nas quatro estações, para atender às necessidades culturais e emocionais das pessoas no mais alto nível e revitalizar o turismo internacional”.
No início deste ano, a Coreia do Norte permitiu que turistas russos entrassem no país, para o fortalecimento dos laços entre os dois países.
Só em agosto do ano passado que a Coreia do Norte permitiu o retorno de cidadãos que foram impedidos de entrar por causa dos controlos de fronteira, um dos últimos países a fazer isso.