Os agricultores marroquinos repararam na forma como as cabras trepadoras de árvores movimentam os turistas e desenvolveram um esquema que as força a trepar às árvores contra a sua vontade.
O fotógrafo de natureza Aaron Gekoski diz que descobriu esta prática enquanto pesquisava campanhas contra o uso abusivo de animais para fins turísticos.
As cabras trepam naturalmente às argânias, onde passam uma média de seis horas por dia a alimentar-se dos seus frutos. Contudo, “após verem o interesse dos turistas nas cabras em cima das árvores, alguns agricultores começaram a manipular a situação para benefício financeiro”, conta Gekoski ao jornal The Independent.
“Ouvi dizer que chegam a trazer cabras de outras áreas, constroem plataformas nas árvores e persuadem as cabras a subir, cobrando aos turistas que tiram fotografias”, garantiu. O fotógrafo assegura que, apesar das cabras serem naturalmente ágeis a movimentar-se nas árvores, as que observou tinham uma aparência “doente e desamparada” e limitaram-se a manter-se quietas num mesmo sítio.
Gekoski acrescentou que os agricultores têm por hábito retirar as cabras das árvores quando estas estão cansadas e substituí-las por outras. Os turistas atraídos por este fenómeno, segundo Gekoski, “parecem alegremente inconscientes” do que se passa e “suspiram de surpresa antes de tirarem fotografias e selfies”.
Embora os agricultores se estejam a aproveitar de um fenómeno que ocorre naturalmente, algumas entidades preocupam-se com o bem-estar dos animais e com o stress que o forçar deste comportamento lhes possa trazer.
Ian Woodhurst, membro da ONG internacional World Animal Protection, reforça estas preocupações. “É provável que usar cabras como adereços fotográficos em locais turísticos cause um stress e sofrimento consideráveis nestes animais”, referiu, citado pela Visão. “Principalmente se não tiverem acesso a sombra ou a água”.
Woodhurst sublinha que os turistas devem pensar no bem-estar dos animais envolvidos em atrações turísticas e de entretenimento antes de pagarem e, consequentemente, fomentarem os seus maus tratos e sofrimento.