Hong Kong quer construir uma das maiores ilhas artificiais do mundo, um projeto que tem um custo estimado de 70 mil milhões de euros.
Na terça-feira, as autoridades da região administrativa especial chinesa disseram que esperam iniciar o trabalho do aterro em 2025, com o objetivo de instalar os primeiros habitantes em 2032.
O objetivo é ganhar mil hectares ao mar perto de Lantau, a maior ilha de Hong Kong, onde se situa o aeroporto internacional, uma solução para lidar com os graves problemas de habitação naquele território de sete milhões de habitantes, onde o metro quadrado é um dos mais caros do mundo.
A construção vai custar 624 mil milhões de dólares de Hong Kong (70 mil milhões de euros), um investimento que Hong Kong garante que vai ser recuperado, indicou o SCMP.
A ilha artificial, a infraestrutura mais cara alguma vez construída por Hong Kong, custará quatro vezes mais do que o aeroporto internacional da cidade, inaugurado em 1998. O projeto vai superar em muito a famosa ilha artificial do Dubai, Palm Jumeirah, cujo investimento foi estimado pela imprensa em cerca de dez mil milhões de euros.
A ilha terá quase o triplo do tamanho do Central Park em Nova Iorque. Serão construídas até 260 mil unidades habitacionais, das quais mais de 70% serão habitações sociais.
Os opositores ao projeto denunciaram os elevados custos financeiros e ambientais, especialmente o impacto na vida marinha. Por outro lado, criticaram o Governo por tomar a decisão sem consultar a população.
“Quando os serviços públicos e a infraestrutura de Hong Kong estiverem à beira do colapso, o projeto Lantau, a panaceia do Governo, resolverá os problemas ou criará uma crise mais séria?”, questionou o deputado democrata Eddie Chu no Facebook.
Chu estimou que a despesa total poderia exceder 100 mil milhões de euros até 2025, a data do lançamento do trabalho de aterro. Hong Kong também planeia criar outra ilha artificial de 700 hectares perto de Lantau, mas não forneceu detalhes sobre esse projeto.
Lantau já abriga a maior ponte marítima do mundo, que liga Hong Kong, Macau e Zhuhai, na China continental. Em outubro de 2018, quase seis mil pessoas da ilha de Lantau protestaram em Hong Kong contra a criação dos planos das autoridades.
“Primeiro, há o ambiente, segundo, eles estão efetivamente a atacar os cofres públicos, e seria mais prudente gastar o dinheiro em áreas como a saúde e educação”, defendeu então uma manifestante citada pelo SCMP, numa alusão ao facto do investimento estimado representar metade das reservas fiscais daquele território administrado pela China.
Outros opositores ao projeto sugeriram também impulsionar o aproveitamento dos terrenos de forma mais rentável para a ilha, incluindo o desenvolvimento de mil hectares de terras agrícolas ou de 1.300 hectares de áreas industriais abandonadas.