Jovem cria comunidade autónoma em Vila Velha de Ródão

Há dois anos, Frederico Abreu, um jovem de Lisboa que trabalhou 18 anos na grande distribuição, alterou o seu paradigma de vida e criou uma comunidade em Vila Velha de Ródão que pretende ser autónoma em termos alimentares e energéticos.

“É um Estado dentro do próprio Estado”, diz Frederico Abreu, com um sorriso.

Natural de Lisboa, onde trabalhou durante 18 anos na grande distribuição e onde posteriormente foi sócio de uma empresa de desporto aventura, o jovem acabou por perder todo o seu dinheiro.

“A partir daí, decidi que não ia regressar ao meu paradigma anterior. Criei um novo paradigma, uma ética e uma carta de princípios e comecei à procura de um terreno, porque a minha nova forma de pensar a vida passava por um projeto rural”, explica.

Hoje, cerca de 30 pessoas trabalham no Vale da Sarvinda, em pleno Parque Natural do Tejo Internacional, no concelho de Vila Velha de Ródão.

A carta de princípios de Frederico Abreu faz lei na comunidade, onde os pagamentos do trabalho são feitos de lua nova em lua nova e onde se trabalha de acordo com o calendário solar, ou seja, de sol a sol.

cv Storylines Films / YouTube

Frederico Abreu percorreu o país todo até encontrar Vila Velha de Ródão

Frederico Abreu percorreu o país todo até encontrar Vila Velha de Ródão

Frederico Abreu foi para Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco, um pouco ao acaso e depois de ter percorrido praticamente o país todo em busca da almejada terra.

“Demorei cinco anos à procura de terra porque queria fazer um arrendamento com opção de compra. Já estava desesperado. Corri o país todo, do Douro ao Algarve e cheguei aqui através de uma amiga”, adiantou.

O primeiro negócio foi com uma parcela de 40 hectares, um terreno alugado com opção de compra.

Hoje, a comunidade possui no Vale da Servinda 180 hectares que ao longo dos últimos dois anos se juntaram à parcela inicial.

O projeto do ponto de vista financeiro envolve um investimento de dois milhões de euros e está baseado em 20 candidaturas ao Proder no âmbito da agricultura e turismo rural.

“Aliviámos o primeiro impacto do arrendamento e colocámos 20 projetos no Proder que serviram de alavanca do ponto de vista do investimento. A partir daqui vamos entrar na nossa sustentabilidade”, refere Frederico Abreu.

ValeDaSarvinda / Facebook

O empreendimento do Vale da Sarvinda está a ser construído essencialmente com barro, palha e madeira

O empreendimento do Vale da Sarvinda está a ser construído essencialmente com barro, palha e madeira

Neste momento, a comunidade está a construir um parque de campismo, cuja abertura deve acontecer já neste verão.

As casas são todas construídas com o recurso a técnicas ancestrais e outras inovadoras, desenvolvidas pela própria comunidade. Os materiais utilizados são o barro, palha e a madeira.

O parque de campismo das Sete Luas irá ter um restaurante vegetariano e vai servir tal como todo o projeto agrícola da herdade para tornar a comunidade independente e autónoma.

Frederico Abreu explica que ao nível agrícola foram criadas dentro da própria exploração áreas de alguma dimensão para que haja durante todo o ano produção e diversidade de produtos.

“É um projeto agrícola pouco convencional, que recorre à agricultura biodinâmica. Um dos aspetos importantes é a diversidade onde se conseguem encontrar equilíbrios naturais que a própria natureza nos oferece”, sublinha.

Nos 180 hectares do Vale da Sarvinda há culturas de verão, inverno, primavera e outono. Tudo isto, para haver uma atividade anual contínua e evitar picos de mão-de-obra.

“Isto é muito importante para as pessoas, porque assim consigo ter menos trabalhadores, mas durante mais tempo. O objetivo é fixar as pessoas à terra e criar a ideia de se viver como na quinta antiga, onde as pessoas viviam e trabalhavam no mesmo sítio”, explica.

Frederico Abreu chegou a Vila Velha de Ródão em condições muito precárias: “Não tínhamos casa, água, eletricidade nem ferramentas elétricas. Começámos a fazer uma casa com a ajuda dos vizinhos”, recorda.

Com 500 euros no bolso, o dinheiro serviu para construir o telhado e a casa de banho seca foi feita com paletes em madeira.

“O começo foi do zero. Apanhámos 60 graus ao sol durante o verão, íamos buscar água para beber, cozinhar e para lavar a 30 quilómetros. As pessoas achavam um pouco estranho”, conclui.

/Lusa

1 COMENTÁRIO

  1. Deviam ser mais profissionais e rever aquilo que escrevem. Hà dias era uma mulher que depois de ser espancada até à morte, foi queimada viva. Hoje é 60º de temperatura do ar em Vila Velha de Rodão.

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