Segunda-feira, Junho 9, 2025
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Maior Fórum Romano de Portugal é um campo de papoilas e lixo

Arqueologia das Cidades de Beja / Facebook

Fórum Romano de Beja em 2017

Classificado como “o maior de Portugal e um dos maiores da Península Ibérica”, o Fórum Romano de Beja está entregue ao lixo e às papoilas e ervas daninhas que crescem sem controlo, fruto do abandono a que o local está devotado. E não há no horizonte qualquer plano para a recuperação e preservação do monumento nacional único.

A arqueóloga Conceição Lopes redescobriu o Fórum Romano de Beja em 2008, após mais de 10 anos de escavações no local. Mas nos últimos 10 anos, o monumento não sofreu qualquer tipo de obra de recuperação ou de preservação.

Na actualidade, o Fórum Romano de Beja é um aglomerado de lixo, repleto de papoilas e de ervas daninhas que crescem descontroladamente, como reporta o Público. Com os “vestígios arqueológicos quase tapados”, o monumento “sofreu mais estragos” desde que foi redescoberto do que nos 2000 anos anteriores, segundo sublinha o jornal.

Alguns dos muros já caíram e as escavações arqueológicas, que ficaram a meio, não foram devidamente protegidas, pelo que há informações históricas que já se podem ter perdido para sempre.

O presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio, eleito pelo PS, assume ao Público que a estrutura “já não apresenta a solidez de quando foi escavada” e que os vestígios arqueológicos estão “num estado de degradação que seria mais acentuado se tivesse chovido”.

Numa reunião do executivo municipal, em Outubro de 2018, Paulo Arsénio admitia que as “estruturas” do Fórum, “estando há três anos a céu aberto”, tinham sido “afectadas de sobremaneira com as últimas chuvadas” de Março e Abril do ano passado, como transcreve o Público.

O autarca referia, ainda, que havia “a possibilidade de alguns vestígios arqueológicos poderem vir a perder-se historicamente para sempre” e apontava para uma “tomada de decisão rápida”.

Mas, neste momento, a autarquia ainda não sabe “quando vai arrancar o projecto de recuperação” do Fórum Romano, segundo refere Paulo Arsénio ao jornal.

Conceição Lopes destaca, também em declarações ao Público, que não consegue “falar com o presidente da Câmara” para poder continuar a fazer as escavações e para “acabar o trabalho de pesquisa que está programado”.

Enquanto isso, as excursões de turistas que viajam até Beja têm o Fórum Romano como um dos pontos de interesse a visitar, mas, além do abandono a que o local está votado, ainda se deparam com uma vedação “fechada a cadeado” que impede a visita, de acordo com o Público.

Além do Fórum, que é maior do que o existe em Évora, também da época dos romanos, há no local um edifício pré-romano que reporta à Idade do Ferro e que está igualmente em risco.

Mais ao lado, o Centro de Arqueologia e Artes, que foi recuperado num investimento de 2,2 milhões de euros, está também abandonado desde que ficou pronto há dois anos. E “não há qualquer projecto para o seu uso”, segundo Paulo Arsénio.

Também sem qualquer definição estão os vestígios da Casa da Moeda de Beja, que foi descoberta em Agosto de 2012, após a detecção de quilos de moedas em cobre, junto ao Fórum Romano, que datam de 1525, durante o reinado de D. João III.

ZAP //



A capital da Indonésia vai mudar (mas não se sabe para onde)

A capital da Indonésia vai deixar de ser Jakarta. É uma das primeiras decisões anunciadas pelo recém-eleito presidente do país, Joko Widodo.

A nova liderança política indonésia ainda não revelou, contudo, qual será a nova capital do país, havendo apenas a certeza de que não será na super-povoada ilha de Java, onde vivem mais de 140 milhões de pessoas.

“O presidente decidiu transferir a capital para fora de Java, uma decisão importante”, disse Bambang Brodjonegoro, ministro da Planificação e Desenvolvimento Nacional, em entrevista coletiva após uma reunião do gabinete, acrescentando que o governo ainda não escolheu um novo local, de acordo com a agência Reuters.

A mudança pode demorar até dez anos, tendo em conta exemplos de outros países que também mudaram as suas capitais, como o Brasil, a Malásia ou o Cazaquistão.

No fim de 2017, o governo da Indonésia tinha anunciado que, até ao fim do ano de 2018, estaria concluído um estudo para transferir a capital do país. A cidade superpovoada, cujo solo se afunda até 20 centímetros por ano em algumas zonas, será substituída por outra.

Brodjonegoro não quis revelar as cidades candidatas antes de apresentar o estudo. O ministro de Obras Públicas e Habitação, Basuki Hadimuljono, disse em julho de 2017 que estão em estudo cidades em três províncias da parte indonésia da ilha de Bornéu. Segundo Brodjonegoro, entre 2018 e 2019 seriam realizadas as reuniões para estudar a transferência, que requer a construção de novos edifícios do governo.

Jacarta será mantida como capital empresarial e financeira, o que não deixa claro como a transferência pode ajudar a aliviar os problemas de superpopulação da cidade, que conta com mais de dez milhões de habitantes.

Cerca de 40% da capital indonésia já se encontra abaixo do nível do mar. Uma das medidas para tentar evitar que o problema piore é a construção de um grande dique na baía de Jacarta.

ZAP //

A Ilha da Páscoa está ameaçada. Os culpados são os turistas que tiram macacos do nariz às estátuas

MastaBaba / Flickr

Estátuas Moai, na ilha de Páscoa, no Chile

Embora o turismo possa trazer dinheiro para as economias locais, muitas vezes tem impactos negativos significativos nas comunidades nativas – principalmente em lugares com populações pequenas e ecossistemas frágeis, como Rapa Nui, a Ilha de Páscoa.

A pequena e remota ilha vulcânica na Polinésia testemunhou um enorme aumento no número de turistas nos últimos anos – a maioria dos quais se maravilha com as misteriosas estátuas de pedra, conhecidas como “moai”, erguidas entre 1100 e 1400. Agora recebe mais visitantes do que as pirâmides do Egito.

A arqueóloga Jo Anne Van Tilburg, da Universidade da Califórnia em Los Angeles – que apareceu recentemente no programa 60 Minutes da CBS – tem realizado estudos na ilha há quase 40 anos e testemunhou em primeira mão o impacto que o turismo teve.

“O meu estudo foca-se nos moais e o seu papel na cultura Rapa Nui”, disse Van Tilburg à Newsweek. “Estou interessada na forma como as sociedades criam e expandem o seu senso de identidade e propósito com o uso da arte. Eu fui a Rapa Nui em 1981 e investi basicamente a minha carreira arqueológica nos mistérios e na magia da ilha”.

“Em 1981, havia apenas cerca de 2.500 e 3.000 pessoas a viver na ilha e a contagem anual de visitantes era semelhante a esse número”, disse. “Hoje, a ilha recebe mais de 150 mil turistas por ano”.

Não é de surpreender que o número desproporcional de visitantes esteja a afetar a comunidade local – que atualmente conta com cerca de 5.700 pessoas – de várias maneiras. “Como em todo lugar, o turismo no nível atual está a ter um impacto extremamente negativo sobre os recursos naturais de Rapa Nui, especialmente na água”, disse Van Tilburg. “Toda a infraestrutura é tensa. O turismo tem um impacto muito negativo no senso de comunidade de Rapa Nui”.

Particularmente desanimador é o frequente comportamento desrespeitoso de alguns viajantes que ignoram as regras pisando áreas protegidas, andando em cima de sepulturas e subindo aos moais, às vezes apenas para tirar uma selfie, a “tirar macacos do nariz da estátua”.

Isto pode levar as estátuas a ficarem danificadas – exacerbando os efeitos da deterioração natural dos elementos. O comportamento é insensível, dado que as esculturas são sagradas para a comunidade Rapa Nui, lembrando os seus ancestrais e as suas relações com os deuses, disse Van Tilburg.

“Estou incomodada com a falta de interesse turístico genuíno na ilha e o seu povo”, disse. “Há uma falta de apreciação pelo passado de Rapa Nui. Parece que muitos desejam apenas inserir-se na história tirando uma selfie com as estátuas”.

Em 1995, a UNESCO designou a Ilha de Páscoa como Património da Humanidade e grande parte da massa de terra é protegida como parte do Parque Nacional de Rapa Nui, que a comunidade local controla. No entanto, Van Tilburg acredita que é preciso fazer mais para proteger os antigos tesouros para as gerações futuras.

“A comunidade de Rapa Nui está muito determinada em proteger a sua herança”, disse. “Os métodos de preservação são conhecidos. As ferramentas estão disponíveis. A tarefa é que os Rapa Nui avancem juntos com um propósito unido e tomem medidas decisivas”.

“Como património mundial, o mundo prometeu cuidar da ilha. Todos nós precisamos de fazer a nossa parte para preservar o passado”, disse. “Os turistas podem estudar e aprender antes de viajarem para a ilha. Podem mostrar o devido respeito pelos outros. Podem remover os seus egos – e os seus selfie sticks – da paisagem e aprender a apreciar o passado”.

ZAP //



As cabras marroquinas estão a ser obrigadas a subir às árvores por causa dos turistas

Os agricultores marroquinos repararam na forma como as cabras trepadoras de árvores movimentam os turistas e desenvolveram um esquema que as força a trepar às árvores contra a sua vontade.

O fotógrafo de natureza Aaron Gekoski diz que descobriu esta prática enquanto pesquisava campanhas contra o uso abusivo de animais para fins turísticos.

As cabras trepam naturalmente às argânias, onde passam uma média de seis horas por dia a alimentar-se dos seus frutos. Contudo, “após verem o interesse dos turistas nas cabras em cima das árvores, alguns agricultores começaram a manipular a situação para benefício financeiro”, conta Gekoski ao jornal The Independent.

“Ouvi dizer que chegam a trazer cabras de outras áreas, constroem plataformas nas árvores e persuadem as cabras a subir, cobrando aos turistas que tiram fotografias”, garantiu. O fotógrafo assegura que, apesar das cabras serem naturalmente ágeis a movimentar-se nas árvores, as que observou tinham uma aparência “doente e desamparada” e limitaram-se a manter-se quietas num mesmo sítio.

Gekoski acrescentou que os agricultores têm por hábito retirar as cabras das árvores quando estas estão cansadas e substituí-las por outras. Os turistas atraídos por este fenómeno, segundo Gekoski, “parecem alegremente inconscientes” do que se passa e “suspiram de surpresa antes de tirarem fotografias e selfies”.

Embora os agricultores se estejam a aproveitar de um fenómeno que ocorre naturalmente, algumas entidades preocupam-se com o bem-estar dos animais e com o stress que o forçar deste comportamento lhes possa trazer.

Ian Woodhurst, membro da ONG internacional World Animal Protection, reforça estas preocupações. “É provável que usar cabras como adereços fotográficos em locais turísticos cause um stress e sofrimento consideráveis nestes animais”, referiu, citado pela Visão. “Principalmente se não tiverem acesso a sombra ou a água”.

Woodhurst sublinha que os turistas devem pensar no bem-estar dos animais envolvidos em atrações turísticas e de entretenimento antes de pagarem e, consequentemente, fomentarem os seus maus tratos e sofrimento.

ZAP //



Holandeses protegem campos de tulipas contra selfies de turistas

Barreiras e cartazes de consciencialização estão a ser colocados em redor dos tradicionais campos de tulipas holandeses. A medida surge como uma tentativa de impedir que os turistas pisem estas flores, na tentativa de conseguirem a selfie perfeita.

“Cultivo bolbos há 40 anos e cada vez está pior”, lamentou Simon Pennings à emissora regional holandesa Omroep West. O produtor, habitante na cidade de Noordwijkerhout, no sudoeste da Holanda, foi o primeiro a edificar uma barreira no seu campo de tulipas, garantindo à rádio holandesa que os estragos provocados pelos turistas se tornaram incomportáveis.

“Eles são tão desmazelados. Recebemos largos grupos de visitantes, algo que consideramos bom e divertido, mas arrasam tudo. É uma pena e registamos danos financeiros em resultado disso. O ano passado tive um campo com dez mil euros em danos. Ficou tudo pisado. Querem tirar a selfie na mesma”, explicou Simon Pennings, citado pelo The Guardian.

Nicole van Lieshout, do gabinete turístico local, avança a criação de uma equipa composta por 40 “embaixadores” que irão educar os visitantes sobre a história dos campos de tulipas. “Nos últimos anos, o número de turistas tem crescido. Acho que os turistas pensam que os campos foram feitos para eles. Todos querem a selfie perfeita e as fotografias percorrem o mundo, deitando ou dançando no meio das flores.”

O gabinete do turismo holandês produziu um pequeno guia que ensina a forma correta de tirar uma selfie junto dos campos das tulipas. Uma das secções dessa página inclui, justamente, uma lista de propriedades em que os visitantes têm autorização para percorrer o caminho por entre as flores.

O desrespeito pela natureza na busca pela fotografia “perfeita” é um comportamento que se tem tornado cada vez mais comum.

ZAP //



Uma das praias mais famosas do Hawai está prestes a ficar submersa

Os legisladores estão a tomar medidas para enfrentar os efeitos da mudança climática antes que seja tarde demais numa nova tentativa de reconstruir a famosa praia de Waikiki para proteger os moradores de futuras inundações.

O Hawai viu um aumento do nível do mar de mais de 15 centímetros nas últimas décadas e esse aumento está “a acelerar rapidamente”, observa a legislação, acrescentando que dados mostram que Honolulu pode ter enchentes regulares no centro urbano em 15 anos. O aumento do nível do mar será de 1 metro até ao final do século.

A elevação do nível do mar como resultado do aquecimento dos mares foi previamente identificada como uma das principais causas de erosão costeira em todo o Hawai, mas as taxas de erosão diferem entre as ilhas. Mais de três quartos das praias de Maui sofreram erosão no último século, com uma média de 13 centímetros por ano.

Por outro lado, pouco mais da metade das praias de Oahu sofreram a mesma erosão com uma variação média de cerca de três centímetros por ano. Algumas estimativas sugerem que o Hawai poderá ter até três vezes a quantidade de ciclos tropicais no último quarto do século. Um impacto direto em Honolulu pode significar uma perda de mais de 35 mil milhões em infraestruturas e destruição da economia.

“É apenas uma questão de tempo até que desastres significativos impactem as comunidades costeiras do Hawai e, à medida que o nível do mar continua a acelerar, o impacto potencial dos desastres torna-se mais grave. Como resultado, é prudente e urgente começar a planear a mudança”, diz o projeto.

Adotando uma sugestão da cidade de Nova York após danos de 16 mil milhões no rescaldo do furacão Sandy, os legisladores do Hawai estão a pedir para começar o planeamento de um projeto piloto de linha costeira que evitará futuras inundações através da ampliação dos espaços dos parques vizinhos e do desenvolvimento da paisagem.

As autoridades esperam que o redesenvolvimento demore mais de uma década para ser desenvolvido e implementado – mas é apenas o começo. Outras comunidades costeiras em todo o estado da ilha estão igualmente expostas e as autoridades esperam que o modelo possa ser usado noutras cidades.

O programa de proteção costeira implementa uma comissão que abordará preocupações futuras, criará mapas de área de exposição do aumento do nível do mar para separar áreas propensas a inundações, conectar vias costeiras contínuas para acesso de emergência e providenciar medidas personalizadas que protegerão das influências das marés e reduzir as inundações da água do mar da praia de Waikiki nas estradas e nas calçadas durante as marés mais altas.

“A legislatura acha que é necessária uma ação decisiva para evitar os piores impactos que a mudança climática terá sobre o meio ambiente, a economia e a qualidade de vida do Hawai”, escreveram os legisladores. “O Estado comprometeu-se a fazer a transição dos combustíveis fósseis para uma economia de energia limpa que é alimentada por 100% de energia renovável”.

Há uma praia portuguesa entre os 15 “tesouros escondidos” da Europa

A lista da European Best Destinations de Europe’s best hidden gems 2019 tem propostas para todos os gostos – desde casas sob rochas na Andaluzia, uma baía “escondida” em Creta e Lauterbrunnen, na Suíça.

Pelo meio dos 15 tesouros escondidos da Europa, encontramos a praia de Odeceixe, localizada no concelho de Aljezur, no Algarve, que, sendo meio alentejana, desagua nela a Ribeira de Seixe que divide as duas regiões e forma uma praia de água doce.

A praia “vizinha” é a praia das Adegas, uma praia naturista, uma das poucas praias nudistas de Portugal – oito, no total.

Odeceixe, que já chegou a ser eleita uma das 7 Maravilhas – Praias de Portugal, provavelmente tornar-se-á muito popular este verão. Segundo Ana Fernandes, jornalista na Fugas, “Odeceixe é o dois-em-um. Ou o três-em-um. Ou mais ainda. Passo a explicar: é mar e piscina, é espaço e luz. É Alentejo e é Algarve. É uma praia que, conforme as marés, é duas. Aliás, três. Confuso? Na verdade, é tudo muito simples e maravilhoso”.

Recentemente, o jornal britânico The Telegraph, numa lista de sugestões de passeios para Portugal, dava também o exemplo da praia de Odeceixe como uma das praias “realmente belas” do país.

A praia de Odeceixe e a Praia da Marinha, com mais de 300 dias de sol por ano, são tidas como duas das melhores praias dos país. “Além das praias, o Algarve tem uma reserva natural, o Parque da Ria Formosa, que segue 60 quilómetros pela costa”.

A lista da EBD inclui outros “tesouros” mais ou menos fora das rotas do turismo massificado como Cochem e Freudenberg (Alemanha); Soller (Maiorca), Peniscola, San Andrés (Espanha); Polignano a Mare, Malcesine e Amalfi (Itália); Nonza (França), Lauterbrunnen (Suíça) e Monte St. Michael, este na Cornualha, Reino Unido.

Segundo dados avançados pela Condé Nast Traveler espanhola, votaram perto de 20 mil pessoas online nesta eleição dos “tesouros escondidos” da Europa.

ZAP //



Reaberto ao público o primeiro palácio de Nero, construído há 2.000 anos

Riccardo Antimiani / EPA

O primeiro palácio do imperador Nero, localizado no Monte Palatino, em Roma, foi reaberto ao público na passada semana. Depois de uma década de reformas, o monumento construído há 2.000 anos volta a poder ser visitado.

O palácio – também conhecido pelo seu nome em latim, Domus Transitoria – faz parte do “Caminho Neroniano”, uma rota turística que une este edifício ao segundo palácio do imperador, o Domus Aurea (também conhecido como a Casa Dourada).

O primeiro palácio ficou completamente coberto por terra depois de um grande incêndio em Roma e, por isso, localiza-se agora numa “caverna” artificial construída na década de 1960. Segundo noticia a agência AF, os visitantes do Domus Transitoria vão poder agora ir até ao subsolo e visitar os quartos e jardins da residência, que foram cobertos ao longo dos séculos por outros edifícios e destroços.

O edifício restaurado contém a frescos bem preservados e outros elementos decorativos notáveis. Exemplo disso são as paredes do santuário das ninfas, onde existem pequenos furos pelos quais, na época, caíam pequenas cascatas de água. A iluminação é outro aspeto de destaque, evidenciando os principais elementos decorativos do interior.

Os próprios contemporâneos de Nero criticaram a opulência do seu primeiro palácio, que foi construído com mármores, murais e tetos decorados com ouro e pedras preciosas. Alfonsina Russo, responsável pelo Parque Arqueológico do Coliseu, explicou que “Nero queria [no palácio] uma atmosfera que expressasse a sua ideologia, a de um soberano absoluto, um monarca absoluto”.

“A restauração começou há dez anos e abrangeu todas as superfícies”, disse Maddalena Scoccianti, arquiteta responsável pela reforma, ao jornal italiano Corriere della Sera.

Nero subiu ao poder em 54 d.C e construiu o Domus Transitoria poucos anos depois, por volta de 60 d.C. O Grande Incêndio de Roma (64 d.C) destruiu completamente o palácio. Duas décadas depois, durante a construção do Palácio Flávio, o edifício ficou completamente enterrado, sendo considerando durante século como perdido. Em XVIII foi descoberto. Agora, e depois de uma série de reformas, volta a estar reaberto ao público.

ZAP //



Notre-Dame pode não ser a única. Vários monumentos em redor do mundo estão em risco

O incêndio na catedral de Notre-Dame, em Paris, levantou questões sobre a forma como os órgãos responsáveis pelo património cultural realizam políticas de conservação e detetam possíveis problemas.

Além disso, a Unesco indicou que vários locais de património estão em perigo. Entre as principais ameaças está o desenvolvimento de turismo descontrolado, poluição, terremotos e conflitos armados.

No entanto, o historiador espanhol Julio Grande Ortiz argumenta ao Russia Today que a proteção do património pela agência especializada das Nações Unidas é deficiente. “Está claro que as coisas não estão a funcionar bem”, acrescentou o especialista.

O Coliseu de Roma, em Itália, foi declarado Património Mundial em 1980 e recebe mais de seis milhões de visitas por ano. Em 2017, um casal ficou surpreendido com fragmentos de tijolos históricos que tinha recolhido do chão da construção do Império Romano. Além disso, outro cidadão marcou as suas iniciais e as da sua namorada numa parede perto do famoso anfiteatro

Já na Índia, a cor da atração mais popular do país está a mudar devido à poluição do ar e outros fatores ambientais. Devido ao grande afluxo de turistas, as autoridades limitaram as visitas ao Taj Mahal – 40 mil visitas por dia.

A enigmática cidadela Inca, Machu Picchu, construída em meados do século XV, é o sítio arqueológico mais conhecido da América do Sul, localizado no Peru. Todos os dias recebe cinco mil turistas que geram 14 toneladas de lixo por dia, informou o El Comercio.

A Grande Muralha da China é o maior trabalho de engenharia do mundo e recebe cerca de dez milhões de visitantes por ano. Em 2011, organizações informaram que a enorme muralha pode entrar em colapso devido às dezenas de minas legais e ilegais que a cercam.

A Guatemala é o lar de um dos maiores centros urbanos da civilização maia pré-colombiana – Tikal. O local recebe mais de dois milhões de turistas anualmente e, durante muito tempo, foi vítima de saques e destruição pela indústria madeireira.

Em 2016, a UNESCO publicou um relatório que documentou o impacto do clima em locais emblemáticos como Veneza (Itália), Stonehenge (Reino Unido), Ilhas Galápagos (Equador) e Cartagena das Índias (Colômbia), entre outros. “A mudança climática está a afetar os locais do Património Mundial em todo o mundo”, disse Adam Markham, autor do relatório.

E em Portugal?

E se fosse o Mosteiro dos Jerónimos a arder? Ou o da Batalha? Estarão os monumentos nacionais preparados para impedir um catástrofe ou simplesmente não é possível?

Portugal tem dispersos pelo seu território quatro mil imóveis classificados. Desses, sete estão na esfera da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), que tutela também 16 museus. Entre esses sete estão quatro com o selo de património da humanidade, atribuído pela UNESCO. Nestes, como nos restantes, há meios de combate a incêndios, plano de evacuação e saídas de emergência, informa a DGPC.

“Os planos de segurança dos 23 equipamentos da DGPC foram aprovados e em cada um deles há pessoas a quem foi dada formação específica, que sabem exatamente o que fazer em caso de incêndio ou de qualquer outro acidente natural”, disse ao Público Paula Silva, diretor-geral do Património. São funcionários que sabem usar os extintores e as bocas-de-incêndio existentes para darem uma resposta imediata.

“É claro que este primeiro ataque não é suficiente e, por isso, na área de Lisboa, estes 23 equipamentos estão ligados em permanência, 24 sobre 24 horas, ao Regimento de Sapadores Bombeiros.”

Tanto Paula Silva como os diretores dos mosteiros dos Jerónimos e da Batalha sublinham a importância dos planos de segurança e de outras medidas de autoproteção, mas defendem que ninguém pode garantir a 100% que algo como o que sucedeu na catedral de Paris não aconteça em “casa”.

O plano de segurança atualizado e os simulacros que recentemente foram feitos no mosteiro e na Torre de Belém são importantes para manter a diminuta equipa mais preparada para um eventual incêndio, mas há sempre uma certa inevitabilidade.

Por outro lado, o diretor do Mosteiro da Batalha, em Leiria, diz-se otimista quanto à segurança do monumento. Joaquim Ruivo diz que um eventual incêndio não é uma ameaça de uma catástrofe como a que destruiu a catedral de Notre-Dame, porque, apesar da familiaridade entre os dois monumentos, as diferenças estruturais tornam a obra portuguesa mais resiliente às chamas.

Joaquim Ruivo, diretor do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, explicou ao sapo24 que o monumento português dificilmente terá um destino semelhante ao que destruiu a catedral de Notre-Dame, em Paris. “Muito dificilmente isto aconteceria no Mosteiro da Batalha, porque o Mosteiro da Batalha não tem estruturas em madeira, a não ser os telhados da sala do capítulo. Tudo o resto são vigamentos em pedra, portanto um incêndio com esta dimensão dificilmente teria lastro para se potenciar”.

Hoje, a principal ameaça é a poluição. “Sabemos que é cada vez maior e vai de algum modo afetando a pedra; o edifício necessita de uma limpeza cíclica, de cem em cem anos; não o pudemos fazer, mas eventualmente poderá ser feito parcelarmente”.

“Fala-se muito nas trepidações por causa do IC2, mas os estudos mostram que não são tão significativas como poderíamos pensar”, afirma Joaquim Ruivo, referindo-se à estrada que passa diante do monumento.

Por isso, a principal “ameaça à preservação do património está na poluição, que degrada a pedra, que ainda por cima é um calcário lítico, é um pouco poroso. As fachadas mais expostas também ao rigor do vento e da chuva, mais expostas a poente e a norte, são as que naturalmente também são mais afetadas”, explica o responsável pelo monumento.

“Essa degradação combate-se com intervenções de conservação cíclicas. Está previsto, ainda no âmbito do apoio do quadro 2020, a limpeza e a conservação do claustro real — porque há determinadas fachadas expostas, sobretudo a norte a nordeste, que estão com alguma infiltração de líquenes, para além da poluição, que se vai agarrando às pedras. Existe uma intervenção para que daqui a 100 ou 150 anos não possamos lamentar o facto de não termos feito nada agora.”

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Há uma cidade onde é proibido morrer

Longyearbyen, capital do arquipélago de Svalbard, na Noruega, deu o passo muito incomum de proibir a morte naquela região.

Desde 1950, ninguém está legalmente autorizado a morrer na cidade. Até uma pessoa que lá tenha vivido a vida toda, se for um doente terminal, terá de se mudar para fora da ilha, onde viverá o resto dos seus dias. Se a morte for súbita, o corpo terá de ser enterrado noutro local.

A cidade tomou esta decisão para proteger os seus cidadãos. Em 1950, foi descoberto que os corpos que estavam enterrados no cemitério local não se estavam a decompor devido ao permafrost – “pergelissolo”, em português, que é um tipo de solo encontrado na região do Ártico.

Este solo constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados. A camada é recoberta por uma camada de gelo e neve que, se no inverno chega a atingir 300 metros de profundidade em alguns locais, ao derreter-se no verão, reduz-se para de 0,5 a 2 metros, tornando a superfície do solo pantanosa, uma vez que as águas não são absorvidas pelo solo congelado.

Como os corpos não se estavam a decompor, vírus mortais dentro dos corpos poderiam manter-se vivos e, possivelmente, voltar a infetar a população viva quando o permafrost descongelasse.

Em agosto de 2016, houve um surto de antraz – infeção causada pela bactéria Bacillus anthracis – no norte da Sibéria, no qual um menino morreu e 90 outras pessoas foram hospitalizadas. Além disso, 2.300 renas morreram por causa da doença.

O surto mais recente antes disso ocorreu em 1941. O surto de 2016 ocorreu durante uma onda de calor na região, levando as autoridades a concluir que uma rena morta por antraz tinha descongelado, fazendo com que o vírus fosse libertado para o meio ambiente.

Em 1950, as autoridades de Longyearbyen estavam preocupadas que algo semelhante pudesse acontecer com bactérias e vírus escondidos nos moradores do seu cemitério.

Recentemente, amostras da gripe espanhola foram encontradas nos pulmões de vítimas da doença que tinham sido preservadas no permafrost do Alaska desde 1918. Também foram encontrados vestígios em Longyearbyen, de uma pessoa que morreu durante o surto de 1917.

Embora seja improvável que o descongelamento dos corpos em Longyearbyen causasse um surto de gripe espanhola, em 1998, uma equipa de cientistas que estudam o vírus tomou precauções extras. Ao extrair amostras das sepulturas, usaram trajes espaciais modificados e asseguraram que o tecido não descongelasse antes de chegar a uma instalação especializada nos EUA.

Não é claro quão grande é o risco de vírus e bactérias em cadáveres representam para residentes vivos mas, em 1950, a cidade decidiu ficar do lado da cautela e proibir a morte na cidade.

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