“Há tantas coisas boas em Portugal. E os portugueses não vendem o país”, dizem estrangeiros

Alan e Vincent nem conheciam Portugal. Mas conheceram o Alentejo, construíram uma casa e iam ficar por cá – o desfecho não é feliz.

“Há tantas coisas boas em Portugal. E os portugueses não vendem, de todo. São muito humildes”.

“Os portugueses são extremamente abertos. Dois gays vivem numa quinta, no interior de Portugal – não é problema nenhum”.

“As pessoas realmente fazem o lugar. É um local muito acolhedor. E acho que, como a população do país está a diminuir, eles são realmente pró-imigração”.

“Parece que querem realmente que as pessoas venham para cá. Eles apreciam o facto de as pessoas estarem a investir no país e a tentar cuidar dessas velhas quintas que estão em ruínas”.

Começamos quase pelo fim o relato do casal Alan Andrew e Vincent Proost. Alan é dos Estados Unidos da América, Vincent é da Bélgica.

Os dois viveram no Reino Unido durante 20 anos. Quando decidiram mudar de país, escolheram um que praticamente nem conheciam: Portugal.

Figueira e Barros

Contaram à CNN Travel que viajaram por Portugal durante alguns meses e identificaram a sua paixão: Alentejo.

“Cada direcção tem uma bela vista. Para mim, é como uma mistura da savana africana e da Toscana”, descreveu Alan.

Depois de verem 80 imóveis, compraram uma casa rural abandonada em Figueira e Barros, Avis. A ideia era remodelar mas acabaram por construir uma casa de raiz. Só ficou o portão, da casa original.

Compraram no Verão de 2019, iriam avançar com o projecto nos meses seguintes… mas veio a pandemia. Já se tinham mudado para Portugal mas, com hotéis fechados, dormiram numa tenda durante duas semanas.

Acabaram por se mudar para um celeiro junto à futura casa, sem electricidade, e com as obras na casa ainda por começar.

Na altura, eram estrangeiros na zona, fechados para o resto do mundo, ficaram só os dois 24 horas por dia – e, por um lado, ainda bem: havia muito trabalho para fazer.

A casa está pronta. Ia demorar um ano a ser construída, demorou quase três. Tem piscina própria, cinco quartos e um celeiro transformado em casa com piscina. Chama-se Casa Baio.

Vale a pena sobretudo “pelas vistas, pelo sossego e pela tranquilidade”, segundo Vincent.

O casal não revelou quanto dinheiro gastou neste projecto.

Elogios, mas…

Hoje sentem-se em casa, muito bem acolhidos pelos locais e têm vários amigos portugueses. Foram convidados para jantar mal compraram a propriedade.

Mas Alan deixou um apontamento sobre o que é ser alentejano: “Ninguém tem pressa. Se estás na fila de um supermercado, é habitual que o caixa tenha uma conversa de 10 minutos com a pessoa que está à tua frente – e ninguém se importa com isso, simplesmente esperas na fila. É assim que as coisas são.”

Entretanto, algo mudou.

Alan soube há pouco tempo que tem Cardiomiopatia/Displasia Arritmogénica do Ventrículo. É uma rara doença do coração, que aumenta o risco de ataque cardíaco ou mesmo de morte súbita.

Por isso, e porque está impedido de fazer o que seria necessário na quinta, vão vender a casa.

“Tudo mudou”, admite Alan.

Os dois pensavam que iam continuar em Portugal durante anos. Agora sabem que vão embora mas não estão arrependidos de tudo o que fizeram – e já estão prontos para a próxima aventura.

ZAP //



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