As portas fechadas, desde segunda-feira, de um dos mais emblemáticos cafés do Funchal, o Golden Gate, devido a dívidas na ordem dos 46,7 milhões de euros, estão a causar surpresa a quem circula naquela zona da cidade.
As portas fechadas, desde segunda-feira, de um dos mais emblemáticos cafés do Funchal, o Golden Gate, devido a dívidas na ordem dos 46,7 milhões de euros, estão a causar surpresa a quem circula naquela zona da cidade.
Para Cristiano Ferreira, funcionário público que diariamente passa naquele local, o cenário com que se confrontou na manhã de segunda-feira foi “um verdadeiro murro no estômago”, recordando que aquele café, conhecido como Esquina do Mundo, marca a vivência de várias gerações de madeirense e estrangeiros.
“O Funchal e a Madeira ficam mais pobres. Esperemos que haja uma solução e alguém retome este belo estabelecimento comercial”, acrescenta, considerando que “o Golden está para o Funchal como o Majestic e a Versailles estão para o Porto e Lisboa“.
A situação também não é indiferente para Madalena Vieira, uma funchalense interessada pelo património regional, que recorda ter ali passado muitos momentos na sua juventude e declara que o encerramento deste espaço com 173 anos de história “cria um vazio”.
“Além do aspeto social, porque são as pessoas que ficam sem os seus postos de trabalho, há também o ponto de vista do património. Não é à toa que foi referenciado por escritores nacionais e internacionais, como Alan Lethbridge”, o qual, em 1924, escreveu que a esplanada com cadeiras manufaturadas do então Hotel Golden Gate era conhecida tanto Xangai como em S. Francisco.
Madalena Vieira diz que o “Funchal perdeu um ponto emblemático”, vincando ter a esperança de que o encerramento do Golden “seja por pouco tempo”.
Ao longo da avenida Arriaga, à sombra dos plátanos, algumas pessoas sentadas nos bancos também têm os olhos postos nas portas fechadas do café e a situação do Golden é tema de muitas conversas.
É o caso de Manuel Marques, reformado, que junto de dois amigos admite ter ficado “um pedacinho triste” quando viu os trabalhadores do café, na segunda-feira de manhã, à frente da porta do estabelecimento agora encerrado.
“É uma tristeza para o Funchal aquilo estar fechado”, adianta, salientando que aquela esplanada “era a esquina da cidade“.
“O Funchal ficou a perder, logo à entrada da cidade”, reforça, sublinhando ter, contudo, a “esperança de que abra em breve”.
No burburinho da cidade vão-se ouvindo comentários anónimos, críticas e expressões de revolta.
“É pena”, diz baixinho um reformado, enquanto outro transeunte cola mesmo a cara ao vidro da porta do café, tentando descobrir o que se passa no interior daquele estabelecimento que data de 1841 e que funcionou no domingo pela última vez.
A perplexidade é manifestada, também, por crianças, que estranham a falta das mesas e cadeiras de vime na explana, agora amontoadas no interior do edifício.
O emblemático Golden Gate, estabelecimento onde trabalhavam cerca de 30 pessoas, espera agora que se resolva o problema, criado pela insolvência da empresa Santolido.
A Esquina do Mundo, à espera que um outro empresário que consiga reabrir as suas portas.
ZAP/Lusa
só contado pra você…
deve pertencer ao BES mau..