Hanói quer afastar os turistas de uma das mais conhecidas atrações da Ásia

Os turistas estão a causar constrangimentos e preocupações de segurança, num dos pontos de maior interesse do Vietname. A solução passa por restringir o acesso de turistas ao local.

No coração do Bairro Antigo de Hanói, na capital do Vietname, encontra-se a Train Street — uma ferrovia centenária que se transformou numa das atrações turísticas mais icónicas da cidade.

Este local, construído pelos colonizadores franceses do Vietname, em 1902, tornou-se, contudo, um símbolo dos perigos do turismo em excesso.

Durante anos, visitantes têm-se dirigido a este movimentado ponto da cidade, desfrutando do ambiente em em cafés ao ar livre, a poucos metros de comboios em alta velocidade.

O local tornou-se particularmente popular nas redes sociais, aumentando o seu apelo global. No entanto, as preocupações de segurança desta movimentada ferrovia têm crescido exponencialmente.

As autoridades de Hanói têm feito várias tentativas para mitigar o risco. De acordo com a Time, em abril, o departamento de turismo da cidade já tinha aconselhado as agências de viagens a não promoverem tours em grupo ao local.

À revista, Kieu Cong Anh, guia turístico local diretor da Hanoi Train Street Tour, relatou os potenciais perigos do local e disse que apoiava a mudança, para reduzir o número de turistas na Train Street.

Os turistas não têm quem cuide deles. Às vezes eles não sabem a distância para ficar em segurança. Muitos donos de cafeterias, ao verem turistas a tirarem fotos, têm de gritar com eles para se resguardarem”, contou.

Este fenómeno não é exclusivo do Vietname. Tailândia e Taiwan. também têm linhas de comboio semelhantes que atraem muitos turistas. No entanto, de acordo com os relatos, a experiência em Hanói, onde os comboios passam suficientemente perto para proporcionar adrenalina aos visitantes, é inigualável.

Apesar de as autoridades terem ordenado o seu encerramento em 2019, o fascínio pela Train Street nunca diminuiu. Com o abrandamento da pandemia e a reabertura das fronteiras do Vietname, as multidões regressaram.

Conta a Time que, no ano passado, numa tentativa de garantir a segurança, as autoridades revogaram as licenças de negócio dos cafés da rua e montaram barricadas, para dissuadir os visitantes a ir até ao local.

Estas medidas foram recebidas com alguma resistência, por parte dos residentes locais e empresas dependentes do setor turístico para a sua subsistência.

No entanto, barricadas e restrições parecem insuficientes, uma vez que os turistas e as empresas locais têm encontrado sempre formas de os contornar: uma das soluções é a migração para outras partes da linha que não estejam bloqueadas.

Kieu Cong Anh como Alex Sheal, fundador da operadora turística Vietnam in Focus, acreditam que é essencial encontrar um compromisso e esperam uma solução onde a segurança seja priorizada sem perder esta atração única.

“A Train Street talvez seja o maior ícone do turismo de Hanói, hoje em dia. É uma experiência mais real e única do que qualquer templo ou museu”, disse Sheal, à Time.

Permanece o desafio: como ter uma experiência autêntica garantindo a segurança de todos?

Miguel Esteves, ZAP //



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